Comissão das Linhas de Águas e Ambiente contesta análises aos dragados na Lagoa

0
925
Há dúvidas sobre o grau de contaminação do braço da Barosa. | F. F.

A Comissão Cívica de Protecção das Linhas de Água e Ambiente contesta o resultado das análises feitas no braço da Barrosa que indicam que não há “vestígios de contaminação superior”. As análises foram solicitadas pela Agência Portuguesa do Ambiente (APA) e feitas pelo Proman – Centro de Estudos e Projectos, SA.

Vítor Dinis, porta-voz do movimento, referiu todo o historial de poluição que houve no braço da Barrosa (que recebia todos os esgotos das Caldas) e que essa tem sido a grande preocupação, quer das entidades locais, quer do ex-Instituto Nacional da Água (INAG) que tinha a responsabilidade da Lagoa de Óbidos. “Somos do tempo em que a grande preocupação não era tanto o dinheiro necessário para intervir, mas onde é que iriam ser colocados os dragados que eram altamente tóxicos”, recorda o responsável.
Vítor Dinis mostra-se também apreensivo com o facto das análises não mostrarem nenhum item que exceda os valores mínimos, “o que quer dizer que está mesmo tudo bem”, ironiza. Entre as suas apreensões está, por exemplo, o facto das análises não referirem qual a profundidade a que foram recolhidas dado que os sedimentos mais tóxicos estão a maior profundidade sob camadas de lodo.
A comissão “não acredita que o tratamento esteja a ser completo. Além de ser mentira, ninguém acredita que em dois anos se possa normalizar um problema com décadas”, realçou o porta-voz.
No documento enviado pela APA, e a que a Gazeta das Caldas teve acesso, é referido que por terem sido encontrado há anos vestígios de contaminação superior, não invalida que tenha havido melhorias, “dado o poder natural de depuração da lagoa e a franca melhoria do tratamento dos esgotos que as autarquias entretanto providenciaram”.
Ainda assim, e antes da execução da obra será realizada uma campanha de amostragem dos sedimentos, pelo IPMA – Instituto Português do Mar e da Atmosfera, para verificar os resultados obtidos pelo projectista e realizar mais amostragens, informa o vice-presidente daquele organismo, António Ribeiro.
Vítor Dinis garante que já procuraram no mercado um laboratório para fazer este tipo de análises e assim conseguir rebater os dados apresentados, mas até agora não conseguiu nenhum. A comissão irá agora reunir com as câmaras das Caldas e Óbidos para dar a conhecer estes resultados e depois fará uma exposição ao primeiro ministro a dar conhecimento da não concordância com a situação. Caso não seja avançada nenhuma alternativa, ponderam recorrer à Comissão Europeia a dizer que não acreditam nestes procedimentos e a pedir colaboração para que a intervenção não comece sem antes “se analisar correctamente o grau de gravidade ali existente”, conclui. 

- publicidade -