Construção de ciclovia contestada no Bombarral

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Ciclovia pode anular estacionamento dos residentes
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Abaixo-assinado pede à Câmara Municipal para suspender a obra e discuti-la com a população, mas o autarca Ricardo Fernandes garante que
a ciclovia foi apresentada há “imenso tempo”

A construção de uma ciclovia pelas ruas do Bombarral está a gerar um coro de protestos, circulando pelo concelho um abaixo-assinado contra a concretização do projeto, cofinanciado por verbas comunitárias do Centro 2020. O futuro equipamento público, tal como foi delineado, não foi objeto de discussão pública e poucos bombarralenses conheciam as intenções da autarquia, pelo que muitos munícipes foram apanhados de surpresa com o facto consumado.
Alegam os peticionários do abaixo-assinado que a ciclovia, que ligará a zona da Piscina Municipal e Pavilhão Desportivo, passando pela Escola Básica e Secundária Fernão do Pó e terminará junto ao Palácio Gorjão, passando ainda pela Rua Evaristo Judícibus, onde está localizado o antigo quartel da Associação dos Bombeiros do Bombarral, prejudica o estacionamento.

Moradores contestam a forma como a obra está a ser formulada pela autarquia

Em causa está, sobretudo, a anulação do estacionamento para automóveis dos residentes, devido à anulação de uma faixa de rodagem, que será problemática porque a maioria das habitações não dispõe de garagens.
A empreitada para a melhoria das acessibilidades do ‘caminho das escolas’, como está batizada pela autarquia, tem cerca de dois quilómetros de extensão e insere-se no PAMUS – Plano de Ação de Mobilidade Urbana Sustentável. Projetadoa pela empresa portuense ProaSolutions, SA, por cerca de 17 mil euros, como está plasmado no contrato, a obra foi adjudicada por cerca de 860 mil euros à empresa Construções Vieira Mendes, Lda, da Batalha. A construção estende-se por 14 meses e já teve início.
Jorge Oliveira é um dos autores do abaixo-assinado que pretende duas coisas: a suspensão imediata da obra para que a Câmara promova e organize debates com a população para esclarecer o projeto, acompanhada de um período de discussão pública para que possam ser apresentadas propostas de alteração ao projeto, “com vista a melhorar o mesmo e a não dificultar ainda mais a precária situação de falta de estacionamento na vila”.
À Gazeta, o empresário, proprietário de um café que terá à porta a ciclovia, está satisfeito pela adesão popular ao abaixo-assinado que deverá ser entregue, em breve, na Câmara Municipal. “Ficámos estupefactos ao sabermos da construção da ciclovia. Só na Rua Evaristo Judícibus vamos perder mais de 75% do espaço de estacionamento, o que não faz sentido!”, alerta, adiantando ainda que a zona frontal ao Palácio Gorjão ficará também sem estacionamento, prejudicando os utentes dos serviços e do comércio ali localizados. Jorge Oliveira, sublinha, contudo, que não estão contra a construção deste equipamento público, “só que não deveria percorrer o interior da vila mas sim a sua periferia”.
Questionado pela Gazeta, o presidente da Câmara Municipal justifica que este investimento tem como objetivo “unir a baixa do Bombarral às escolas e parque desportivo da vila, dois polos de interesse para as populações, para que de forma segura possam circular como peões e também de forma ciclável”. Simultaneamente, será requalificado pelo caminho “o que de velho existe e que causa transtorno a pessoas com deficiências motoras e com dificuldade em se deslocar”.

Presidente da Câmara garante ter alternativas para criar lugares de estacionamento

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Sobre as críticas, Ricardo Fernandes contra-argumenta que o projeto não era desconhecido pela população. “Esta obra foi apresentada há imenso tempo, inclusivamente no nosso último Boletim Municipal, editado em novembro do ano passado, mas já antes havia sido falado este projeto. Não houve uma única intervenção de algum munícipe e não é agora, depois da obra estar adjudicada e iniciada, que se vá fazer uma inflexão, seja lá do que for!”, sublinha o autarca.
Ricardo Fernandes, que garante não ter conhecimento oficial do abaixo-assinado, gostaria de reunir com os primeiros subscritores do documento para poder explicar ‘caminho das escolas’. Concretamente sobre a abolição de lugares de estacionamento.
“Tal facto não se vem a concretizar, uma vez que temos outras ideias que iremos, em devido tempo, informar os nossos munícipes sobre essas preocupações, que são também as nossas preocupações enquanto executivo municipal. Temos respostas para esses anseios mas a obra é para se realizar”, garante o chefe do executivo municipal. ■

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