No Dia da Criança, as crianças da Escola Frei António Brandão, na Benedita, fizeram um intervalo na brincadeira que habitualmente marca o dia para falar de coisas sérias. No grande auditório do Centro Cultural Gonçalves Sapinho, os alunos do 2º ciclo do ensino básico falaram e ouviram falar de um projecto que na década de 60 deu o impulso necessário para que Benedita viesse a alcançar nos anos seguintes a pujança industrial que durante muito tempo caracterizou a vila.
No ano em que se assinalam os 50 anos do projecto do Desenvolvimento Comunitário, as crianças contaram com a presença da coordenadora da experiência que empurrou a vila para o progresso, a economista Manuela Silva, bem como de outros membros da equipa que os beneditenses mais velhos continuam a recordar com carinho.
Em ambiente de Assembleia, os petizes deram a conhecer os resultados do trabalho levado a cabo durante o ano lectivo que está prestes a terminar, abordando a importância daquele projecto para a terra, o património material e imaterial, as principais actividades económicas e outros aspectos marcantes de uma freguesia com cerca de 30 quilómetros quadrados e dez mil habitantes.
Da convidada de honra da tarde, Manuela Silva, os miúdos receberam um conselho: o trabalho de equipa, que há 50 anos foi “pedra fundamental” do desenvolvimento comunitário, é essencial para alcançar o sucesso. Foi em equipa que os artesãos locais passaram das pequenas oficinas para as grandes fábricas. Foi em equipa que se conseguiu erigir a igreja local, marco da mobilização da população. Foi em equipa que se criou, anos mais tarde, o Externato Cooperativo da Benedita, fundamental na educação e formação das gentes da terra.
Por isso, a economista exortou os mais novos a olharem para o passado da sua terra e perceberam que o envolvimento de todos é fulcral para o progresso.
Um conselho que não esquece os dias difíceis que se vivem. “Vocês têm um futuro à vossa frente, talvez com alguma incerteza, alguma complexidade, numa altura em que todos ouviram já falar em crise. Mas as crises servem para atingir metas mais elevadas, e isso só é possível com o contributo de todos”, afiançou Manuela Silva.
Uma opinião partilhada pelo director Regional de Educação de Lisboa e Vale do Tejo, José Alberto Duarte, que na tarde de 1 de Junho defendeu que “quem sabe, trabalha em equipa”. O responsável regional pela educação mostrou-se muito satisfeito por estar perante um auditório lotado de miúdos. E para isso, acredita, em muito contribuiu o Desenvolvimento Comunitário. “Havia muitas freguesias que eram maiores do que a Benedita e se hoje lá forem não têm um décimo das crianças da vossa idade. Alguma coisa aconteceu do ponto de vista demográfico”, concluiu.
Durante esta iniciativa houve ainda tempo para resgatar algumas das lendas locais, que a Cooperativa Terra Mágica das Lendas quer reavivar no imaginário colectivo, para a leitura de um poema dedicado aos mais pequenos e para lembrar, em coro, que “o sonho comanda a vida, que sempre que um homem sonha o mundo pula e avança como bola colorida entre as mãos de uma criança”.
Joana Fialho
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