
O presidente do Turismo do Oeste, António Carneiro, foi recebido na passada terça-feira, na Assembleia da República, pelos deputados socialistas eleitos pelo distrito de Leiria para explicar as consequências da extinção do pólo do Oeste, com a reorganização do sector do turismo proposta pelo governo. Os deputados mostraram a sua “preocupação” com o provável desmembramento do pólo de Leiria-Fátima.
Em declarações à Gazeta das Caldas António Carneiro disse que continua sem uma informação oficial por parte da secretaria de Estado do Turismo sobre o assunto e denuncia a intenção do governo de querer colocar um dos seus membros, o Turismo de Portugal, na direcção das entidades de turismo.
Na sua opinião trata-se de uma atitude “inqualificável, um retrocesso ao período antes do 25 de Abril”, adiantando que uma maior forma de articulação das entidades regionais com a política nacional não passa por este controle.
Recentemente o presidente do Turismo do Oeste emitiu uma carta aberta onde disse estar “magoado” com o ministro Miguel Relvas pelas declarações que proferiu recentemente e onde dizia que “quem faz o Turismo não são as organizações onde estão ex-autarcas”.
António Carneiro afirma ter sido autarca e deputado e presidente de uma Região de Turismo em regime de permanência desde 1997,. Diz ter muita honra em ter sido autarca, assim como “mais de uma vez reeleito para este cargo onde, também sempre com o apoio dos empresários do Oeste, venho deixando, com a minha equipa uma marca indelével de dinamização de um destino turístico, destino que será, ao fim de quase 30 anos, amputado do seu Órgão Regional de Turismo”.
Tece críiticas ao “modelo Lisboa” que traz discrepâncias nas receitas e seus destinatários. Este modelo serva para “promover a marca Lisboa, isto é, praias em Lisboa, Golf em Lisboa, Turismo Náutico em Lisboa, Turismo Residencial em Lisboa, Turismo religioso em Lisboa!”
António Carneiro ironiza ainda ao salientar como será “fantástico, por exemplo, ver numa Feira de Turismo religioso, em Itália, (não fui lá, fique descansado) o stand de Lisboa… decorado com a Torre de Belém!”
O responsável oestino realça que os destinos têm idiossincrasias próprias e que por todo o mundo tem carácter público. “Ou estaremos, como diz um amigo meu (estudioso nestas coisas) perante uma “captura da economia do Turismo por um grupo de empresários, como no tempo de Salazar””, questiona o ex-autarca ao governante.
Quando se soube da reorganização do turismo os autarcas do Oeste, através da OesteCIM, manifestaram o seu apoio à continuidade de uma estrutura regional autónoma, assim como os deputados da Assembleia da República eleitos pelos distrito e os empresários da região.
Também a Câmara do Bombarral mostra a sua discordância com o fim do pólo de Turismo do Oeste, considerando tratar-se de um “forte revés na economia da nossa região, podendo representar perdas financeiras e de postos de trabalho muito significativas”.
Na missiva enviada ao governo, Presidente da República e grupos parlamentares na Assembleia da República, solicita ao governo que reveja a sua posição, apelando para que sejam mantidas estas entidades que têm contribuído para o desenvolvimento da economia da região, com ganhos para as populações e para a dinâmica empresarial que se pretende manter activa.
É preferencial para a região oeste o turismo de Lisboa ao turísmo do Centro. O cerne da questão aqui continua a ser política, criem os círculos uninominais e dividam o distrito.