Duas salas de aula e uma pequena recepção que ligava com a secretaria, a sala de professores e o gabinete da direcção. Foi assim que começou a Escola Técnica Empresarial do Oeste há 20 anos, cujo vigésimo aniversário foi celebrado com pompa e circunstância no passado dia 15 de Outubro.
Durante uma tarde inteira foram muitos os discursos e as memórias proferidas por ex-alunos, professores e funcionários, que recordaram como foi a sua passagem pela ETEO.
Houve também lugar a várias homenagens e foi inaugurada uma exposição cronológica sobre a escola, para além de uma visita ao laboratório de energias renováveis.
Em 1990 a escola começou com duas turmas, dos cursos de Turismo e de Gestão, num total de 34 alunos. Este ano lectivo, já são 323 alunos distribuídos por 15 turmas, de cinco cursos diferentes.
O impulsionador do projecto de criação desta escola foi o então presidente da Associação Comercial dos Concelhos das Caldas da Rainha e Óbidos (ACCCRO), João Davim. “É muito bom verificar que aquilo que foi um entusiasmo tenha dado este excelente resultado”, comentou durante a cerimónia.
A este projecto associaram-se depois a Câmara das Caldas, a Associação Industrial do Oeste e a Região de Turismo do Oeste, que mais tarde viriam a constituir a Associação Para o Desenvolvimento do Ensino Profissional do Oeste (APEPO).
Durante 15 anos a ETEO funcionou em instalações provisórias cedidas pelo Centro Hospitalar nos pavilhões do Parque D. Carlos I.
Devido às condições daquele edifício antigo e à necessidade de crescimento do número de alunos, foi construída uma nova escola que foi inaugurada em 2005.
No seu discurso, a directora, Filomena Rodrigues, fez questão de agradecer a todas entidades e pessoas que têm ajudado a escola durante todos estes anos, incluindo alunos, funcionários e professores.
Na sua opinião, o facto do ensino profissional ter sido alargado a todas as escolas do país é prova de que quem apostou neste projecto tinha razão.
Helena Madeira, da Direcção Regional de Educação de Lisboa, considera que a aposta no ensino profissional está ganha e agora é preciso consolidá-la. “Aqui verificamos que estamos no bom caminho”, afirmou, sublinhando que a maior responsabilidade será dos alunos “porque são o rosto da ETEO”.
Luís Capucha, presidente da Agência Nacional da Qualificação, referiu que actualmente metade dos alunos frequentam vias profissionais de ensino. “As escolas profissionais têm mais 11 alunos do que tinham há quatro anos”, exemplificou, elogiando o papel destes estabelecimentos de ensino.
No dia em que foram divulgados os rankings das escolas, o presidente da ANQ salientou que “não há uma boa escola se ela não for, antes do mais, inclusiva e que se preocupe com todos os seus alunos e não apenas alguns”. Por isso, não concorda que haja escolas que seleccionem só os melhores, como foi divulgado nesse dia pelos jornais, a propósito das escolas que ocupavam lugares cimeiros nos rankings.
Escola funciona como uma família
Desde o início a trabalhar neste projecto, Luís Sá Lopes, director pedagógico da ETEO, salientou que durante estes 20 anos foi feito muito trabalho que tornou possível o crescimento da escola.
O responsável lembrou as dificuldades que sentiram nos primeiros anos, em que, apesar de estarem em instalações precárias, houve sempre muita procura por parte dos jovens. Na sua opinião, o segredo foi a equipa escolhida e o ambiente criado na escola. “Apesar de agora termos 323 alunos, ainda trabalhamos como uma família”, disse.
Em 20 anos a ETEO certificou, com cursos de nível III, 755 jovens. “Isto corresponde a uma taxa de conclusão de 81%”, sublinhou Sá Lopes.
Fernando Costa, que já era presidente da Câmara quando a ETEO foi criada, lembrou que na altura havia muitas dúvidas sobre o futuro das escolas profissionais, mas ficou provado que os mais entusiastas tinham razão.
Segundo o autarca, o novo edifício (que tem cinco anos) custou 1,5 milhões, dos quais 1,1 milhões foram pagos pela Câmara.
No seu discurso, o edil caldense salientou a qualidade do ensino no concelho das Caldas, referindo o bom posicionamento das escolas caldenses nos rankings.
Fernando Costa não resistiu a lançar algumas farpas aos vereadores do PS que não estavam presentes na cerimónia “porque teimam em dizer que não se faz nada no concelho”. Estavam ausentes, Rui Correia e Delfim Azevedo, mas também o vereador da Juventude, Hugo Oliveira (do PSD).
Durante a cerimónia houve também lugar a pequenos discursos dos representantes das entidades que sublinharam a qualidade dos alunos formados na ETEO.
Memórias de professores e ex-alunos
As professoras Eduarda Pinto, Helena Rodrigues e Helena Correia, que estão na ETEO desde o primeiro ano lectivo, deram testemunho das suas memórias destes 20 anos, naquilo que terá sido um dos momentos mais interessantes da sessão.
Recordaram o convite de Luis Sá Lopes, que na altura quis “criar uma equipa com os melhores professores das Caldas da Rainha”.
O maior desafio foi, na altura, a estrutura modular nos cursos do ensino profissional e a criação dos novos programas.
Entre as memórias, estão os dias invernosos de frio em que precisavam de trazer mantas de casa para se aquecerem ou quando precisavam de saltar o portão do Parque D. Carlos I que fechava às 23h00, quando as aulas continuavam até às 23h30.
Manuela Silva, chefe dos Serviços Administrativos desde 1990, Lurdes Monteiro e Álvaro Parrilha também falaram em nomes dos funcionários.
Entre os ex-alunos presentes estava Ricardo Ribeiro, vereador do Turismo na Câmara de Óbidos, que considera que foi aquele modelo de escola profissional que lhe possibilitou terminar mais tarde uma licenciatura.
O autarca disse ainda que naquele estabelecimento de ensino aprendeu a trabalhar em equipa e que tem sido “o principal rosto dos sucessos que levaram Óbidos a um elevado patamar mediático”.
Rita Baptista foi uma das primeiras alunas da escola e actualmente é professora na ETEO desde 2003. “Tenho uma recordação muito nostálgica dos pavilhões do Parque. Éramos uma família”. Agora continuam a ser uma família “muito maior e mais barulhenta”.
Estas cerimónias contaram com um pequeno número de alunos, em representação dos seus cursos, tendo a escola promovido uma festa mais alargada na passada terça-feira.