Duna de Salir e património envolvente vão ser valorizados

0
717
A praia de Salir do Porto é famosa pelas suas dunas, mas também pelas argilas. É mais uma opção familiar, especialmente para famílias com crianças, que ali encontram águas calmas e poucos profundas do rio. O estacionamento nem sempre é fácil nesta praia que já tem uma oferta considerável em termos serviços, como venda de gelados e cafés próximos, além, claro, da piscina e um parque de autocaravanas.
- publicidade -

Propostas do PS e PSD, apresentadas por Hugo Oliveira e Sara Velez, para salvaguarda do conjunto natural localizado em Salir do Porto aprovadas na Assembleia da República

Foram aprovados em plenário, na Assembleia da República, dois projetos de resolução, apresentados pelo PS e PSD, que recomendam ao governo a salvaguarda e valorização do conjunto natural composto pela Duna de Salir do Porto e da paisagem envolvente.
O documento apresentado pelos socialistas propõe a tomada de medidas que promovam a salvaguarda e valorização do conjunto natural composto, que integra a própria duna, a praia fluvial de Salir, o rio Tornada, a fonte de água doce termal denominada “Pocinha”, vestígios históricos da ruína da antiga alfândega do séc. XVIII, Capela de Sant’Ana e praia atlântica de S. Romeu.
Os socialistas propõem, também, que o governo promova a realização de um diagnóstico e de um levantamento dos valores naturais, paisagísticos e patrimoniais, nomeadamente ao nível do sistema dunar, do património hidrogeológico e das reservas de água termal ali existentes, assim como das ruínas históricas de edifícios antigos.
É, ainda, proposta a criação de um Centro Interpretativo do Vale Tifónico, “cuja instalação poderá vir a acontecer nas ruínas da antiga Alfândega, desta feita, reabilitada”, referem na proposta formulada no Parlamento.
O PS destaca a classificação daquela área como Paisagem Notável da Estrutura Ecológica Regional e defende a articulação entre as câmaras das Caldas e de Alcobaça (concelho a que pertence a baía de S. Martinho) para uma intervenção integrada, à semelhança do que está previsto no Plano Regional de Ordenamento do Território.
Já o projeto de resolução do PSD vai no sentido da classificação da área composta pela duna, pela antiga alfândega, capela de Sant’Ana e as “Pocinhas” de Salir do Porto, como paisagem protegida.
Os social-democratas defendem também a proteção e salvaguarda das ruínas da antiga alfândega e dos estaleiros e oficinas de reparação naval onde, no tempo de D. Afonso V, terão sido construídas caravelas com madeiras do Pinhal de Leiria e que terão integrado as frotas dos descobrimentos.
No limite da barra do lado esquerdo de Salir do Porto encontram-se as ruínas da Capela de Sant’Ana, construída naquele local para abençoar as embarcações construídas na alfândega e que se lançavam ao mar, e perto estão as “pocinhas”. São poças de água doce que se formam nas rochas durante a maré baixa e que formam pequenas piscinas naturais, rica em minerais que lhe dão propriedades digestivas e para banhos.

Classificação gera discórdia
Esta proposta do PSD foi aprovada, mas com os votos contra do PS que, apesar de também defender a classificação como paisagem protegida, discorda da colocação do ónus desta classificação “exclusivamente no governo” e entende que compete à autarquia caldense a iniciativa desta classificação.
O PS/Caldas “não deixará de instar a Câmara das Caldas, como tem feito ao longo dos últimos anos, para que possa dedicar mais e melhor atenção àquela área, a fim de rapidamente desenvolver todas as iniciativas políticas, técnicas e administrativas, no âmbito das suas competências, para que possa iniciar e concluir a classificação daquele conjunto paisagístico”, refere em comunicado.
Já o PSD absteve-se na votação da proposta apresentada pelo PS por considerar que “não cabe” à Assembleia da República dizer o que fazer na antiga alfândega, pois “isso é entrar na autonomia das autarquias”, explica o deputado Hugo Oliveira à Gazeta das Caldas.
As propostas seguem, agora, para a Comissão de Ambiente para elaboração do texto final, que será publicado em Diário da República.
O município das Caldas congratulou-se com a recomendação feita ao governo por parte de Hugo Oliveira, realçando que a classificação como paisagem protegida, “sendo da maior justiça, pode potenciar a sensibilização para o reconhecimento da sua relevância e contribuir para a salvaguarda deste património”. Aguarda “com expetativa” a resolução e “está disponível para os contributos que forem possíveis e necessários”, conclui.
Também o presidente da União de Freguesias de Tornada e Salir do Porto, Arnaldo Custódio, mostra a satisfação com as recomendações para salvaguarda daquele património, até porque foi o próprio quem pediu aos dois deputados caldenses na Assembleia da República para intervirem nesse sentido. De resto, o autarca foi acompanhando o processo desenvolvido pelo social-democrata Hugo Oliveira e reconhece que não conhece a proposta do PS, que foi apresentada mais tarde e que “não foi trabalhada” com ele. “No entanto, também é bem-vinda”, disse, destacando a importância de tudo o que se faça para “proteger a duna, que bem carenciada está de proteção, assim como o património envolvente”.
A junta de freguesia está também a trabalhar, em conjunto com as autarquias das Caldas e de Alcobaça, no sentido de recolocar o rio, que agora está encostado ao monte, no seu leito original. ■

- publicidade -