Edite Norte assinala os 30 anos de carreira no mundo da moda

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Trocou o curso de Gestão pelas aulas de Estilismo e Design de Moda e não se arrepende da decisão
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É uma das primeiras estilistas da região, formada em Lisboa. Quando regressou, em 1992, abriu o seu ateliê-loja. Hoje desenha apenas vestidos de noiva.

Em pequena, Edite Norte gostava de fazer vestidos às bonecas. Na juventude, desenhava vestidos para as suas amigas levarem às festas e, por isso, acabou por trocar as aulas de Gestão pelas de Estilismo e Design de Moda. Frequentou uma escola pioneira que funcionou na Rua do Salitre, tendo aprendido com professores como Filipe Faísca ou António Tenente. A formação tinha a direção de Mário Matos Ribeiro que ainda hoje, com Eduarda Abbondanza, é o responsável pela Moda Lisboa.
A celebrar 30 anos de carreira no mundo da moda, recorda-se que o curso “era muito abrangente e exigente” e que, há três décadas, a larga maioria dos manuais de moda eram estrangeiros.
A ida para Lisboa abriu-lhe horizontes e, finalizado o curso, começaram a surgir oportunidades no universo da moda. Logo no desfile final do curso, as suas criações despertaram a atenção e assim as propostas da caldense acabaram publicadas na revista “Mulher Moderna”, ao lado das criações de Maria Armanda ou de José Carlos.
Seguiu-se um estágio com Mário Matos Ribeiro, que levou a designer a trabalhar nos bastidores de duas edições do Moda Lisboa, o que lhe deu grande traquejo “para a realização de eventos”. Sagrou-se vencedora de alguns concursos de Jovem Estilista e nalguns partilhou o palco com Miguel Vieira, também em início do carreira.
“Foi tudo uma bola de neve”, disse a estilista, que regressa às Caldas em 1992 e abre um ateliê-loja. “Estive sempre sob o olhar da imprensa de moda, fui convidada para fazer vários desfiles nas Caldas e noutras localidades”, disse Edite Norte, que gosta de grandes produções, em que alia a moda a outras artes como a música, a dança ou até a presença de cavalos.
A primeira coleção que fez nas Caldas foi de camisaria para senhoras mas passou “rapidamente para os vestidos de cerimónia e de noiva”. Era a estilista que cortava os diferentes modelos que, depois, eram terminados pela equipa de cinco costureiras que o seu ateliê empregou.
Chegou a ter seis funcionárias quando ainda estava na Rua Capitão Filipe de Sousa nº 93, mas a vida “mudou, a sazonalidade da área tornava difícil ter empregados…”, contou a estilista sobre uma época em que os vestidos vinham de Espanha à consignação… Por isso, foi preciso mudar a estratégia.
Edite Norte fechou o ateliê e foi à procura de marcas para ter na loja. Ainda hoje, tem algumas que é a única representante no país. Atualmente tem três costureiras exteriores que a ajudam nos necessários arranjos. Continua a desenhar a sua coleção anual, composta por 12 vestidos de noiva. Antes encomendava em ateliês de costura na Turquia e, nos últimos anos, tem trabalhado com a Ucrânia.
“Recebemos gente de todo o país e do estrangeiro, pois temos a maior coleção de vestidos de cerimónia, cerca de 300 modelos de marcas europeias e norte-americanas”, referiu a designer caldense que, há seis anos, passou para uma nova loja situada na Rua Heróis da Grande Guerra.
O atendimento às noivas é personalizado e há jovens que se encontram no estrangeiro mas é cá que vêm casar.
Edite Norte já veste mães e filhas. “Comecei a fazer os primeiros bailes de gala das filhas das minhas primeiras noivas. O que nos faz perceber que já estamos nesta área há bastante tempo…”, disse a estilista, feliz pela confiança de umas e de outras para as ajudar nas escolhas. Mas não se limita a vender o vestido. Auxilia na escolha dos acessórios, do penteado e até as ensina “a andar de salto alto ou como se devem sentar com um vestido comprido”. “E elas confiam em mim!”, assegura.
A caldense guarda mil e uma histórias passadas com as clientes como a de uma noiva que entrou numa quinta-feira e conseguiu o seu vestido de noiva para o fim de semana, pois decidiu casar com o companheiro, aproveitando para unir a cerimónia ao batizado do filho. A designer de moda – que passou também a fotografar, pois queria valorizar as peças de roupa que criava – costuma convidar jovens que encontra na rua para as fotografar com as suas criações. “E gosto muito de contrastes”, disse a designer, que convidou uma jovem austríaca de rastas louras que aceitou o desafio da estilista e, por isso, há imagens suas, tiradas junto ao mar, no catálogo da última coleção de vestidos de noiva da designer caldense.
No passado domingo, dia 18 de setembro, fez mais uma comemoração dos seus 30 anos de carreira, num evento destinado a celebrar com os amigos que a têm apoiado no seu percurso. Edite Norte ainda acalenta mais um sonho: gostava de ser criadora de guarda roupa para filmes de outras épocas.

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