Editorial – Despedida de 2012

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Apesar de degradados os pavilhões do Parque, que são o ex-libris das Caldas da Rainha conseguem ter esta rara beleza fotografados sob um sol de Inverno. O ano de 2012 despede-se e 2013 aproxima-se sem que, mais uma vez, haja decisões à vista para resolver este e outros problemas da cidade. Aliás, não deixa de ser emblemático que o Parque esteja pela primeira vez em mais de um século sem uma manutenção assegurada.
A nível nacional o ano de 2012 terá sido provavelmente o pior ano para os portugueses do último meio século, especialmente pelo facto de não colocarem nenhuma esperança no futuro próximo. Se antes do 25 de Abril de 1974, em termos de condições de vida, podiam viver-se tempos mais difíceis, sempre havia a esperança de uma mudança inevitável na situação do país.
Contudo, no ano que está a chegar ao fim, não existe uma sensação de segurança e de alguma esperança sobre o que irá acontecer em 2013, uma vez que as notícias que nos chegam da situação económica e social, antecipam piores notícias para os meses seguintes.
Nunca nos tinha acontecido no último meio século percorremos as ruas das Caldas da Rainha nas vésperas de Natal e encontrarmos uma cidade e a sua população tão triste e assustada, o que se reflectiva no escasso movimento que se vê nas lojas.
Os comerciantes e outras pessoas não param de se queixar, apesar de nos lembrarmos agora, com algum senso, daquela mensagem caridosa de que no Natal se deveria oferecer mais calor humano do que muitas prendas.
Só que muitas famílias vivem dessa actividade económica que tinha anualmente o seu apogeu no período das festas natalícias, em que a oferta dessas prendas dava alguma alegria fugaz a muitas pessoas e principalmente às crianças.
Provavelmente, nos próximos tempos, ser-nos-á cobrada, para juntarmos à crise que vinha de trás, mais esta evidência de uma travagem repentina da economia portuguesa, imposta por medidas externas que o actual governo se faz legítimo e leal intérprete, tendo exagerado em muitos momentos essa dose.
Só que a história que nos tem sido contada parece enviesada e pouco baseada na realidade recente.
O saudoso presidente da Comissão Europeia, Jacques Delors, que soube sempre defender os pequenos países e teve uma acção proactiva à frente dos destinos da Europa, dizia esta semana que “a solidariedade passa por um abandono da soberania no que concerne à gestão da moeda única, à harmonização fiscal e tributária, ao esforço de coesão no seio da zona euro”.
Para Delors os europeus “podem escolher entre a sobrevivência ou o declínio” e parece-nos que, por razões de exclusive índole nacional de alguns líderes, estão a arriscar o declínio em vez de se baterem pela sobrevivência.
Quanto a nós, custa-nos verificar a tão grande insensibilidade por parte das nossas autoridades, especialmente do primeiro-ministro e do ministro das Finanças, que não ouvem os sussurros que vêm mesmo de dentro do governo, nomeadamente do líder do CDS e ministro dos Negócios Estrangeiros (despromovido a número três do governo), bem como de toda a oposição e dos independentes que, de uma forma quase unânime, têm denunciado esta deriva económica.
Confidenciamos aos nossos leitores nesta última edição de 2012 que no próximo ano estaremos perante enormes desafios e maiores ameaças como nunca conhecemos nos anos recentes, apesar de crermos que a União Europeia – em última instância e para assegurar a sua própria viabilidade e mesmo sobrevivência em termos de grande espaço político e económico global -, irá atalhar caminho no decorrer de 2013.
Estamos confiantes que a inteligência humana, e neste caso europeia, consiga ainda atalhar o declínio de todos, uma vez que esta crise dos países do sul, pode corroer todo o continente europeu.

1 COMENTÁRIO

  1. Assim eu tivesse tantos anos de vida de pe como os pavilhoes do Parque vao ter.Pena e que os responsaveis apesar da crise nao tenham a senssibilidade, ja que nao os podem recuperar, no minimo manter a sua conservacao tapando todas as entradas e infiltracoes de agua, revisao do telhado e entrada de pombos. E o minimo que se pode exigir para minimizar os prejuizos…