Cerca de 70 ex-funcionários da Secla juntaram-se, a 30 de Junho, num jantar de convívio no restaurante Lisboa. O encontro teve lugar exactamente quatro anos depois da fábrica de cerâmica das Caldas ter encerrado as suas portas.
Esta foi a segunda iniciativa do género promovida por Maria do Carmo Ribeiro, depois de no ano passado ter feito um primeiro jantar em que compareceram 30 pessoas. “Na secção da pintura, onde eu trabalhava, tínhamos um bom relacionamento, e sempre que nos juntávamos no café pensávamos em fazer um jantar ou almoço. Eu acabei por decidir organizar esse encontro”, contou.
Logo no primeiro jantar, houve ex-funcionários de outras secções que quiseram participar e este ano o número de participantes quase que duplicou. Houve também alguns antigos colegas que não puderam estar presentes, mas que fizeram questão de mandar a sua mensagem de solidariedade e de saudade.
A organizadora não tem dúvidas de que este é um evento que irá continuar a realizar-se todos os anos, sempre com mais pessoas.
Maria do Carmo Ribeiro trabalhou na Secla 33 anos. “Iniciei nas embalagens, estive na escolha e depois fui para a pintura. Foi o meu primeiro e último emprego”, referiu.
O jantar serviu também para partilhar memórias dos tempos que passaram na fábrica de cerâmica. “Foram bons momentos que por lá passámos, sempre com muito trabalho”, disse a ex-funcionária. Existe ainda um sentimento de mágoa pela forma como a fábrica encerrou portas. “Foi pena tudo ter terminado assim. Muita gente ficou sem trabalho”, lamentou.
“Tínhamos óptimas instalações, desde consultório médico a uma cantina que funcionava muito bem”, recordou.
A Secla foi fundada em 1947 e chegou a ser uma das maiores produtoras mundiais de louça utilitária e decorativa em faiança, produzindo mais de 16 milhões de peças por ano. Pela fábrica caldense passaram artistas como Herculano Elias, Ferreira da Silva, Hansi Stäel, Alice Jorge, Júlio Pomar e José Santa-Bárbara, entre outros.
Quatro anos depois do seu encerramento resiste ainda o seu site (www.secla.pt) e as instalações que estão cada vez mais degradadas. Maria do Carmo Ribeiro contou à Gazeta das Caldas que “sempre que passa junto à fábrica sinto uma tristeza muito grande” e nem sequer é capaz de ver o estado de degradação a que as instalações chegaram.
Pedro Antunes
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