Feira de São Simão conseguiu manter-se, apesar da pandemia

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Neste ano atípico, o uso da máscara era obrigatório e era proibido tocar nos produtos | Isaque Vicente

A pandemia obrigou a Feira de São Simão, em Alcobaça, a adaptar-se, mas não conseguiu quebrar a tradição da venda dos frutos secos e passados

A pandemia de covid-19 levou a Feira de São Simão a várias adaptações. No programa do São Simão, os primeiros sinais dos tempos: não há animação e a feira dura menos dias.
À entrada para o evento, mais marcas da pandemia: a Proteção Civil a controlar a entrada e a lotação do recinto, os dispensadores de álcool-gel e a obrigatoriedade de utilizar máscara e seguir por um percurso definido. Em cada banca, junto ao colorido das dezenas de variedades de frutos secos e passados, mais dispensadores de desinfetante. À frente de cada banca uma tela transparente, que permite ver e ouvir com clareza, mas que cria uma barreira física entre o vendedor e o comprador. Depois de cada venda, o desinfetar das mãos antes de atender novo cliente. O novo normal, até quando não sabemos.
Entre os vendedores há quem se queixe das vendas e quem até diga que a feira correu bem, mas são unânimes em agradecer a realização do evento. O pouco é sempre mais que o nada! Outra ideia consensual é que esta tradição é para manter. “Lembro-me de em criança vir com os meus pais, que vendiam fruta no mercado, visitar a feira e acho que é uma tradição interessante e que se deve manter”, conta Ana Pereira, que vem de Évora de Alcobaça. A vendedora diz que este “foi um ano mais fraco, mas não está mau”, acrescentando que “o primeiro dia costuma ser fraco e não foi, mas o último costuma ser melhor do que este”.
Cristina Constantino, outra das vendedoras na feira e que também vende na Praça da Fruta das Caldas, também diz que não sente uma grande quebra nas vendas, notando que as pessoas dos concelhos vizinhos, ao saberem que iria existir uma restrição às deslocações no fim de semana, aproveitaram para visitar a feira nos primeiros dias. “Hoje [domingo] está muito fraco, mas os outros dias compensaram”, afirmou.
Já Helena Faustino, de Aljubarrota, queixa-se da menor afluência este ano e da consequente quebra no volume de negócios. Elogia a organização, mas nota que a existência de um circuito obrigatório prejudica os últimos expositores, “porque quando os clientes chegam já têm as suas compras feitas”.
Por sua vez, Carina Silva, de A-do-Barbas (Maceira) sentiu uma quebra a rondar os 30 a 40%, lamentando a falta de divulgação.
Já à saída da feira falamos com Carlos Santos, um alcobacense que aproveitou o domingo para um passeio em família e para comprar frutos secos e passados.
“Todos os anos venho e não quis deixar de vir, até porque vi que a feira tinha pouca gente”, explicou, elogiando a organização, mas notando a falta de público. “Noutra altura, aos domingos isto estaria com muitas pessoas, mas foi bom acontecer, não terem desistido, e torna-se ainda mais importante neste fim de semana em que existem restrições às saídas do concelho!”, exclamou.

Doces e licores fora do Mosteiro
Perante a pandemia, este ano realiza-se uma “Edição Especial Doces & Licores Conventuais – nas casas alcobacenses com tradição na Mostra” que irá decorrer de 26 de novembro a 1 de dezembro.

Lonas transparentes permitiam ver e ouvir, mas criavam uma barreira física entre vendedores e compradores | DR
A Proteção Civil controlava a entrada e a lotação do recinto | DR

 

 

 

 

 

 

Entre dezenas de variedades de frutos secos e passados, os dispensadores de álcool-gel não faltaram | DR