Feira do 15 Agosto “está pior a cada ano”

0
1226
Os carrosséis continuam a ser a única diversão da feira
- publicidade -

A Feira do 15 de Agosto está pior de ano para ano. Esta é a opinião de vendedores e visitantes que Gazeta das Caldas ouviu. A má iluminação e o piso irregular são as maiores queixas de quem compra. Já quem vende reclama também do preço do terrado e sugere a diminuição da duração da feira. Este ano, talvez pela greve dos motoristas de matérias perigosas, vieram menos vendedores à feira, deixando-a mais vazia.

“A cada ano que passa vamos sentindo quebras nas vendas e vão desistindo mais vendedores”, conta Sérgio Santos, da Benedita, revelando que as vendas este ano foram “muito fracas”. Acresce que vende sapatos feitos em Portugal e que muitas pessoas que vão à feira não procuram a qualidade, mas sim a estética numa imitação de uns ténis de marca.
Este beneditense começou a vender sapatos quando a feira do 15 de Agosto se realizava no largo onde hoje se situa a biblioteca municipal e a escola de hotelaria. “Vendemos lá um ano e viemos para aqui em 1991. Era muito diferente, era mais organizada, mas os tempos também eram outros e havia maior poder de compra”.
Este vendedor considera que uma feira com tradição como esta “merecia ter melhores condições”, por exemplo ao nível da iluminação e da organização, sugerindo uma divisão séria dos vendedores por secções, consoante o produto que vendem. Defende também que a feira “devia ser só um dia”.

Sérgio Santos faz notar que o terrado também é excessivamente caro. “Pago 90 euros pelo terrado mais a luz”. O filho, Miguel Santos, aponta um facto positivo: “este ano conseguiram fazer as tasquinhas, a feira do 15 de Agosto e a Frutos tudo seguido e acho que isso é bem pensado”.
Quem também se queixa da falta de vendas é Maria de Lurdes Piedade, que revela que “este ano foi muito fraco, não deu para a despesa. As condições são muito más, não há luz”. A caldense, que há mais de 20 anos vende roupa nesta feira, diz que este ano vieram menos pessoas e que compraram menos. “Os emigrantes, que costumam comprar muito, este ano quase não compraram nada. Estou aqui desde segunda-feira, hoje foi o dia com mais pessoas e mesmo assim foi fraco”, descreve a vendedora, salientando que “a greve também afectou, porque as pessoas se retraíram”.

- publicidade -

“NÃO HÁ CONDIÇÕES”

Já Gilberto Santos, que vende nesta feira há 17 anos, também não tem dúvidas em afirmar que “este ano foi mais fraco e não deu para a despesa. Isto de ano para ano está cada vez pior, não há condições, o piso devia ser alcatroado porque levanta-se muito pó no ar e suja a roupa toda”.
Já o caldense Jaime Mendes, que vende há quase 40 anos nesta feira, diz que este ano “foi razoável”. Também ele se lembra do 15 de Agosto passar por outros locais da cidade e de chegar a haver venda de gado. “Era bonito”, recorda. “No tempo do escudo vendia-se mais e isto tem vindo a piorar a cada ano, mas o problema não é a feira, é a falta de dinheiro”, considera Jaime Mendes.
Um pouco mais à frente encontramos Adelaide Reis, a vender cavacas, como faz há mais de 40 anos. “Quando a feira do 15 de Agosto era no largo onde está a biblioteca, vendia 300 dúzias de cavacas, para aqui trouxe 30 dúzias e ainda me sobram”, conta.
Queixa-se de que a cada ano tem vendido menos. “Agora pagamos mais e vendemos menos, o terrado torna-se caro para o que se vende”. Adelaide Reis critica a falta de iluminação e considera que “são muitos dias de feira, bastava a segunda-feira e hoje, porque ontem viemos e não fizemos nada durante o dia e a noite senão apanhar frio”.
Também se lembra de ver o 15 de Agosto na Mata, bem perto do campo. “Aí não ia vender, ia passear e andar nos carrosséis”, exclama entre sorrisos.

“QUEREM ACABAR COM ESTA FEIRA”

O caldense Joaquim Coelho já visita a feira do 15 de Agosto há cerca de 75 anos. Encontramo-lo com a esposa, às compras e não resistimos a perguntar sobre o antigamente. “Lembro-me de o 15 de Agosto ser no Borlão, na rua Fonte do Pinheiro, quando não havia a Igreja, nem o tribunal, nem a Câmara”. Sobre essa altura guarda uma memória curiosa: “dia do 15 de Agosto em que não houvesse porrada por causa da venda do gado, não era 15 de Agosto”.
Sobre a feira deste ano diz que “é uma vergonha que a Câmara mantenha esta porcaria de pavimento do jeito que está, importam-se bem é com a noite branca da Foz do Arelho, com as tasquinhas e com a Frutos. Já acabaram com a feira de S. João e querem acabar com esta”.

- publicidade -