
HMB, The Black Mamba, Herman José e Lucky Duckies foram os nomes que animaram as primeiras quatro noites da Feira dos Frutos 2016, que decorre até domingo, 28 de Agosto, no Parque D. Carlos I. O domingo foi o dia mais concorrido desde que abriu a Frutos na passada sexta-feira. A actuação de Herman – que viajou por mais de 40 anos de carreira – atraiu milhares de curiosos que quiseram ver uma das referências do humor nacional. A ENERGIA DOS HMB A chuva ameaçou durante toda a tarde de sexta-feira, mas, chegada a hora do espectáculo dos HMB, São Pedro deu umas tréguas. A primeira noite da série de 12 concertos do certame revelou-se agradável e propícia à energia dos cinco rapazes que fizeram a plateia levantar o pé do chão com uma actuação vibrante e cem por cento nacional. O SOM ÚNICO DOS THE BLACK MAMBA Começaram a tocar juntos apenas há seis anos com o nome The Black Mamba. Eles são o Pedro Tatanka, Miguel Casais e Ciro Cruz, três rapazes que na Feira dos Frutos apresentaram o mais recente álbum “Dirty Little Brother” (2015). Este é um CD bastante heterogéneo que alcança géneros muito diferentes: funk, pop, blues, rock e soul. RECUAR AOS ANOS 50 E 60 Embora segunda-feira tenha sido a noite com menos espectadores, nem por isso foi a que teve menos animação. Pelo contrário. O público dançou e recordou grandes êxitos dos anos 20, 50 e 60 que ganharam vida pela voz de Marco António e Cláudia Faria, os dois vocalistas dos Lucky Duckies.
De 19 a 22 de Agosto, o recinto dos concertos esteve sempre cheio (visitaram a Feira 24.000 pessoas), mas a maior enchente deu-se no passado domingo, muito por “culpa” de Herman José, que apresentou em palco o melhor dos seus mais de 40 anos de carreira.
António Zambujo, Pedro Abrunhosa e Ana Moura são os artistas que fazem a festa, respectivamente, hoje, amanhã e no domingo.
O artista entrou a todo o gás, com o tradicional “És tão boa” adaptado às Caldas, “a cidade da boa cerâmica”, roubando as primeiras gargalhadas do público que, durante uma hora e meia, não se conteve nos risos.
Apontou na direcção de várias celebridades e não deixou de notar que “vocês percebem tudo… Vê-se mesmo que são das Caldas! Nem disfarçam…”. Brincou com Fernando Mendes, Amália, Cristiano Ronaldo e a sua mãe, Ricardo Salgado, Júlia Pinheiro, Jorge Palma, Duarte Lima, Manuel Luís Goucha, Teresa Guilherme e José Hermano Saraiva.
Cantou os Beatles, “O Teu Baton” e imitou as suas mais famosas personagens, como o Nelo e o José Estebes, sendo que este último se dedica agora ao comércio de umas especiais máquinas Bimbi, que mais não são do que vuvuzelas. Dedicou ainda o “Vamos lá cambada” à organização e a Carlos Paião.
Na plateia está Fernando José, um grande fã do humor de Herman. Atrai-o “a irreverência e a ousadia dele nas palavras e nas brincadeiras”. Como caldense, nota que “este será dos artistas mais próximos da tradição bordaliana no sentido humorístico”.
À Gazeta das Caldas, Herman José confessou que, “além de ser um grande fã da obra do Bordalo”, tem também na sua posse algumas das suas obras, como desenhos originais para revistas satíricas – sobretudo a tinta da china -, e porcelanas. “Bordalo é um génio e é maravilhoso como alguém consegue passar pelos tempos sem morrer”, afirmou.
Recordou que em 2009 actuou no CCC e que esse espectáculo correu tão bem que “foi quase como um amuleto”, para a nova fase que está a viver de regresso à estrada. Além disso, lembra-se de actuar nesta zona nos anos 80.
Relativamente à Feira dos Frutos e ao Parque, mostrou que sabia que esta havia sido interrompida, “o que é uma pena, porque é um sítio lindíssimo e o público é surpreendente, muito sensível ao humor, com reacções que fizeram o espectáculo parecer quase à americana, com risos de frase a frase, em que o público apanha tudo o que estamos a dizer”.
As palmas soaram mais alto em “Dia D”, “O Amor é Assim”, “Não me Deixes Partir”, “Feeling” e “Naptel Xulima”. Várias vezes ao longo do concerto os HMB pediram um aplauso para a Refood, em particular para o projecto das Caldas da Rainha. É que este ano a banda portuguesa aceitou o desafio da Rádio Comercial que propôs a 11 artistas comporem uma música em 24 horas e escolherem uma associação que depois beneficiasse com as receitas do disco “Passa a Outro e Não ao Mesmo”. Os HMB criaram a música “Não te Vais Arrepender”, que também constou do repertório apresentado nas Caldas da Rainha, e decidiram apoiar a Refood.
No final do concerto, o vocalista Héber Marques mostrou-se muito satisfeito por os HMB terem assumido a responsabilidade de estrearem o palco da feira. “Foi a primeira vez que aqui actuámos e correu lindamente. O público fez a festa connosco do princípio ao fim”, disse, acrescentando que “o Parque é o ambiente perfeito para tocarmos as nossas músicas, cheias de vida e boa energia”.
“É impressionante pensar que há tão pouco tempo tocávamos em botequinhos e que o que nos pagavam era uma miséria. Já estamos nos palcos, incluindo lá fora, e em Janeiro do próximo ano actuamos no Coliseu do Porto”, revelou Pedro Tatanka, já conhecido pela sua colecção de chapéus. Para as Caldas o vocalista trouxe um modelo branco, que inclusive foi requisitado por uma espectadora a meio do concerto. Pedro Tatanka respondeu-lhe que só não lho dava porque lhe custara 70 dólares, mas prometeu-lhe um beijinho e uma palheta.
A chegada aos grandes palcos, contou o vocalista, “só foi possível porque também trabalhámos muito, não só em estúdio como a tocar ao vivo”. E a melhor resposta a esse esforço “são concertos como este, em que as pessoas não arredaram pé até ao final”.
“Wonder Why” (originalmente com a participação de Aurea), “It Ain’t You”, “Canção de Mim Mesmo” e “Amanhã” (outro tema do álbum “Passa a Outro e Não ao Mesmo” promovido pela Rádio Comercial) foram das músicas mais cantadas pelo público.
A banda apresentou-se acompanhada por um cenário que transportava a plateia para um casino em Las Vegas em meados dos anos 50, com pequenas mesas vermelhas, candeeiros, microfones vintage e toda uma indumentária típica desses tempos, como os smokings e os vestidos às bolinhas.
Marco António começou por adaptar “I Love Paris” (Cole Parter) a “I Love Caldas”, um momento de improviso que repetiu várias vezes ao longo do espectáculo com o acrescento de “Feira dos Frutos”, “Pêra Rocha” e “Foz do Arelho” às letras originais.
Quem também subiu ao palco, para o lugar da bateria, foi o caldense Tó Freitas, convidado dos Lucky Duckies e seu amigo de longa data.
Seguiu-se um repertório que incluiu nomes como Elvis Presley, Peggy Lee, The Platters, Chuck Berry e The Swinging Blue Jeans. O êxito “Ai é Tão Bom” foi um dos pontos altos do concerto.
Durante duas horas os espectadores aproveitaram para dar um pezinho de dança e mesmo quem não nasceu naqueles tempos esteve muito divertido. É que “quando uma música é boa, perdura no tempo independentemente da época em que foi feita”, disse Marco António.
O vocalista dos Lucky Duckies lembrou que a banda actuou várias vezes na discoteca Green Hill e referiu-se à Foz do Arelho como uma praia que frequenta desde pequenino. Marco António elogiou também a sala de espectáculos do CCC e acrescentou que em 2017, a propósito das comemorações dos 30 anos dos Lucky Duckies, gostaria de ali actuar. “Apresentaríamos um repertório com muito jazz e standards americanos, próprio de um auditório. Hoje trouxemos músicas mais alegres que se adaptam a um ambiente festivo como o da Feira”.
Orlando Santos e a esposa Linda Rodrigues compraram o passe geral de 10 dias e estiveram sempre na fila da frente nestes quatro concertos. Destacaram como melhores actuações as dos HMB e Lucky Duckies e elogiaram a qualidade do cartaz. “Temos assistido a todos os espectáculos e vimos logo pela tarde porque há muitas actividades para os nossos filhos pequenos. Obrigada à feira que nos tem proporcionado bons momentos em família”, disseram.
Ao longo desta semana actuaram também os caldenses Salmoura, Nelson Rodrigues, Cave Story e Declínios. Para ontem estava previsto o concerto com Miguel Araújo.