A obra, da autoria do investigador e autor Mário Lino e do jornalista da Gazeta das Caldas, Isaque Vicente, conta um episódio da História caldense
A 21 de agosto de 1926 é publicado um decreto lei que cria dois batalhões de ciclistas e que fixa o nº1 em Estremoz e o nº 2, nas Caldas da Rainha, que ficaria instalado, durante quase dois anos, nos Pavilhões do Parque. É a história e contexto da instalação do batalhão na então vila das Caldas, que é contada no livro Batalhão de Ciclismo nº 2, apresentado na tarde de sábado (30 de abril), no Museu do Ciclismo.
A obra, da autoria do jornalista da Gazeta das Caldas, Isaque Vicente, e do investigador e diretor daquele espaço museológico, Mário Lino, explica por exemplo, que a chegada do batalhão foi polémica, uma vez que iria substituir o Regimento de Infantaria 5 (RI5), que tinha estado aquartelado nos Pavilhões e que agora iria ser transferido para Lisboa. Socorrendo-se das páginas da Gazeta das Caldas, é descrita a reação dos caldenses e a sua preferência pelo regimento, que possuía o dobro dos oficiais assim como uma banda de música. Um dos artigos do jornal faz referência ao número de viagens a menos de comboio, de cartas e de folhas de papel e selos do correio que deixariam de ser comprados pela saída do regimento”, exemplificou Isaque Vicente durante a apresentação da obra. O jornalista partilhou ainda que houve uma figura com particular interesse neste período, a do major Pestana Lopes, oficial superior do RI5, que fica nas Caldas para ajudar na transição e a “acalmar os ânimos da sociedade caldense”. Este militar acabaria por ser nomeado diretor da Policia de Informações, que é a primeira polícia política nacional.
De acordo com Mário Lino, a bicicleta nas Forças Armadas ajuda a justificar a existência de um museu de ciclismo nas Caldas, tendo em conta que esta foi uma das duas únicas localidades onde foram criados os batalhões de ciclistas em 1926. No caso das Caldas, o nº2 viria a ser transferido, em 1927, para Santarém onde permaneceu até à sua extinção, 11 anos depois.
O livro, que aborda também o Golpe das Caldas ou o vencedor da Primeira Volta a Portugal, termina com um testemunho vivo do uso das bicicletas nas forças militares, neste caso na GNR, prestado por Célio Dias.
Presente na cerimónia, Tinta Ferreira, que exercia funções de presidente de Câmara aquando da edição do livro, lembrou que “esta será, talvez, a primeira vez em que é feita uma referência concreta e mais detalhada ao papel deste batalhão de ciclistas que passou pelas Caldas”. O vereador do PSD realçou ainda que a cidade beneficiou sempre de ter uma estrutura militar de referência, que acabava por lhe dar centralidade e ter um papel importante na envolvência social.
Na sessão, o presidente da Câmara das Caldas, Vítor Marques, destacou as iniciativas que este espaço museológico tem dinamizado, ligadas a bicicleta à história das Caldas e que vêm envolvendo diversas entidades.
Também enaltecido pelo autarca foi o mérito do trabalho dos dois autores, deixando-lhes o desafio para que possam dar continuidade a estas investigações. ■