
A Câmara das Caldas quer resolver os problemas crónicos que há décadas ensombram o futuro do concelho. E querem fazê-lo num prazo de seis anos, segundo o presidente da Câmara, Tinta Ferreira. Os hospitais, a Lagoa e a Linha do Oeste e os planos de modernização e melhoria em cada um deles marcaram a tónica da sessão solene que teve lugar a 15 de Maio, no CCC. Como é habitual, houve momentos emotivos, pontuados por muitos aplausos, ou não fosse o dia em que caldenses são reconhecidos pela cidade, amigos e familiares.
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“Daqui a 10 anos celebramos o centenário [da elevação das Caldas a vila] e se queremos fazer realizações nessa altura precisamos de as começar a preparar já!”. Palavras do presidente da Assembleia Municipal, Lalanda Ribeiro, que fez referência ao facto das Caldas ter sido elevada a cidade em 1927. O autarca recordou que qualquer processo burocrático necessita de seis a sete anos para ficar completo e que, por isso, o melhor é arregaçar já as mangas.
“Queremos uma cidade onde nos possamos meter num comboio e ao fim de uma hora e pouco, com comodidade, chegar a Lisboa”, disse. Defendeu também que dentro de 10 anos a Lagoa “já deve estar desassoreada”. E disse que “queremos um hospital novo que sirva o Oeste e as suas populações”. Mas enquanto o novo equipamento não estiver pronto, o que existe terá que sofrer remodelações. “Esperemos que as novas urgências possam abrir até Fevereiro”, referiu.
Lalanda Ribeiro considera que todos os caldenses e quem aqui habita, assim como entidades, colectividades e associações, se devem sentir convocados para trabalhar para o centenário das Caldas.
Segundo o presidente da Câmara, Tinta Ferreira, a autarquia quer contribuir para a resolução dos três problemas crónicos das Caldas: Lagoa, Linha do Oeste e Hospital Termal. E para o edil caldense há ainda um quarto: o hospital distrital que tem que ser alvo de melhoramentos. “O hospital novo é uma matéria para o próximo mandato legislativo”, referiu Tinta Ferreira, que para já está satisfeito com a garantia do ministro da Saúde de que há incentivos à contratação de médicos que queiram trabalhar nas Caldas. Um profissional que concorra para cá “pode ganhar até perto de mais mil euros do que um médico que opte por ficar em Lisboa”, disse Tinta Ferreira.
Em resposta a Lalanda Ribeiro, o presidente diz que quer ajudar a resolver os problemas que acompanham as Caldas desde sempre. “As obras no Hospital Termal já estão em curso”, disse o edil, que espera que os tratamentos com as inalações possam ser iniciados no início do próximo ano. Os duches e as banheiras (na ala Sul) podem abrir em 2018 e a piscina em 2019. No património termal a Câmara já investiu um milhão de euros.
Sobre a Lagoa, Tinta Ferreira afirmou que está em preparação o concurso para a segunda fase das dragagens nos braços daquele ecossistema num investimento de 13 milhões de euros. “O nosso papel tem sido o de fazer força junto do Governo para que essas obras avancem e para que a Lagoa não morra…”.
Quanto à Linha do Oeste, o autarca afirmou que está em curso o projecto de modernização da Linha do Oeste que será lançado no último trimestre deste ano, no valor de 107 milhões de euros. Prevê-se a electrificação da linha no troço Meleças – Caldas e a implementação de sistemas de sinalização electrónica e de telecomunicações ferroviárias. “A chegada directa a Lisboa será feita nas estações de Entrecampos e Rossio”, disse Tinta Ferreira.
O autarca acrescentou que na estação das Caldas está prevista a construção de uma nova plataforma para passageiros, novos abrigos e a colocação de mobiliário urbano. A Câmara tem tido também reuniões com a CP e diz que vão ser adquiridos comboios híbridos (que podem circular em linhas electrificadas e não electrificadas), mesmo antes da renovação das linhas. “Haverá poupança de tempo e o transporte ferroviário será competitivo com o rodoviário”, rematou o presidente que deixou notas de distinção a todos os homenageados da sessão.
Aplausos para os medalhados de 2017
Como previsto, foram galardoadas 24 pessoas, empresas e colectividades, que se distinguiram pela sua prestação nas áreas cívica, cultural, económica, humanitária e desportiva. A medalha de mérito foi entregue ao dirigente associativo José Augusto Silva e ao escultor Leopoldo de Almeida (a título póstumo, entregue à filha à tarde na inauguração do Museu).
Distinguidos com a medalha de Mérito Comercial e Industrial foram as empresas Santos Monteiro & Ca., Lda., Manuel Querido – Produção e Comércio de Suínos, João Vintém (comerciante), Cedima – Centro de Imagiologia Médica, e o Jornal das Caldas, que também se encontra a celebrar o seu 25º aniversário. A medalha de Mérito Cívico foi entregue à viúva do coronel José Monroy (título póstumo). Os seus netos vieram também ao palco receber a distinção do militar e ex-presidente da Câmara nos anos 80.
A dirigente associativa Teresa Marques foi distinguida com a medalha Municipal de Mérito Cívico, Desportivo e Cultural, enquanto que as medalhas de mérito Desportivo foram entregues a João Pereira (triatlo), a Ricardo Santos (treinador), a Henrique Frazão (dinamizador das corridas nocturnas e paddle surf) e a João Almeida (ciclismo). As medalhas de Mérito Cultural distinguiram a actriz nonagenária Cremilda Gil, Manuel Mogo Miguel (músico e professor), José Moreira Soares Lopes, José Tibúrcio Pinto (Sociedade de Instrução Musical Cultura e Recreio de A-dos-Francos), António Matias Severino (Sociedade Filarmónica Catarinense), os actores e encenadores Aníbal Rocha e Fernando Mora Ramos e ainda o Coral das Caldas. Por sua vez, José Manuel Moura (ex-comandante nacional operacional da Protecção Civil) foi agraciado com a Medalha Municipal de Mérito Cívico e Humanitário. A Associação Solidariedade Social da Foz do Arelho e o Centro Recreativo Cultural de Salir de Matos receberam Medalhas Municipais de Dedicação Pública.
José Ferreira Alves, neto do homenageado José Augusto Silva, fez um discurso sobre o seu avô que emocionou toda a sala e arrancou fortes aplausos. Entre vários outros momentos, em que os homenageados tinham verdadeiras claques de apoio, houve ainda distinções de empresas ou de associações que fizeram com que várias pessoas da plateia se deslocassem ao palco para receber, das mãos de todos os elementos do executivo, as suas distinções. O encenador Aníbal Rocha, quando recebeu a sua Medalha de Mérito Cultural, fez questão de referir um conjunto de vários alunos que hoje dão cartas no mundo das artes do espectáculo: Vítor d’Andrade, Mafalda Saloio, Rita Marques, Tânia Leonardo e Fernanda Paulo.
A sessão contou com a actuação de Júlia Valentim e de Fernando Lopes.
A homenagem a Cremilda Gil

No domingo, 14 de Maio, era grande o frenesim ao final da tarde no Museu do Ciclismo. Beijos e abraços por todo o lado para cumprimentar a actriz caldense Cremilda Gil. Esta nasceu em 1927 e, desde cedo, com 11 anos, já acompanhava a mãe às peças teatrais. “Adorávamos ver representar”, disse Cremilda Gil à Gazeta das Caldas recordando que a companhia Maria Matos vinha frequentemente às Caldas para actuar. Era miúda e aproveitava para ir porque as crianças não pagavam para ver teatro no Pinheiro Chagas.
Em 1955 Cremilda Gil foi chamada a integrar o Conjunto Cénico Caldense (CCC), quando era funcionária da Farmácia Maldonado Freitas. Durante alguns anos representou peças integrada naquele grupo caldense, como “O Contrabando” e “O Dia Seguinte”.
Depois surgiu o convite para integrar o grupo do Teatro Nacional e a caldense deu início a um percurso de actriz que passou não só pelo teatro, como pela televisão e pelo cinema. Representou ao longo de 50 anos e, em 1967, recebeu o prémio de Melhor Actriz no filme “Cruz de Ferro”, de Jorge Brum do Canto. Orgulha-se também de ter feito parte do elenco da primeira telenovela portuguesa “Vila Faia” e de ter protagonizado vários papéis noutras como, por exemplo, “Olhos de Água” pois “ainda hoje há quem se lembre que eu era a mãe da Leonor”, disse.
Cremilda Gil vive há vários anos num monte no Alentejo, mas mantém fortes ligações à sua terra natal onde tem família e amigos.
“Caldas da Rainha já devia ter feito esta homenagem à actriz”, disse o presidente da Câmara, Tinta Ferreira. [/showhide]