Hotel literário de Óbidos recebe 20 mil livros da Gulbenkian

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O projecto do hotel literário, do empresário obidense Telmo Faria, recebeu no dia 8 de Outubro, cerca de 20 mil livros doados pela Fundação Calouste Gulbenkian. A delegação de Paris está a mudar de instalações e contactou-o para ser fiel depositário das obras por considerar a Vila Literária um “projecto fascinante”, contou o empresário à Gazeta das Caldas.
Telmo Faria diz que se trata de um reconhecimento do trabalho dos privados na construção de uma “atmosfera de livros” em Óbidos que, por sua vez, se integra num projecto maior de uma vila literária.
Nesta primeira entrega vieram milhares de livros relacionados com a História a e Gastronomia, que foram directamente para o novo restaurante literário que procura também recuperar tradições da cozinha popular portuguesa. “Queremos que a História seja revisitada pelos pratos, pelos livros, objectos e também pelos artigos que temos numa loja de produtos históricos”, disse Telmo Faria. No The History Man é possível encontrar produtos da Confiança ou da Ach Brito na área da cosmética, a pasta medicinal Coto, os chocolates Regina, ou os biscoitos da Paupério, marcas icónicas do século passado.
Livros sobre a história do vinho e a própria agricultura estão relacionados com as garrafas existentes no restaurante, mobilado com cadeiras dos anos 30 e 40 do século passado que vieram do Pavilhão Carlos Lopes.
O empresário diz que recebe semanalmente doações, seja de um livro ou de colecções que as pessoas precisam de se desfazer.

Actualmente nos armazéns está um espólio de cerca de 50 mil livros ainda por colocar. A estes acrescem mais de 60 mil nas paredes do The Literary Man, 30 mil no The History Man, e mais 5000 na biblioteca existente no Rio do Prado (o outro projecto do casal Marta Garcia e Telmo Faria, mais ligado à sustentabilidade e natureza).
Com 30 quartos, o hotel The Literary Man não é apenas procurado pelo seu serviço clássico de hotelaria, mas também porque cria um ambiente de encontro e de convívio entre quem gosta da leitura e dos livros. Telmo Faria destaca que as obras estão acessíveis às pessoas e que é comum vê-las levar à noite e deixarem-nas depois no dia seguinte ao pequeno-almoço.
Esta estratégia ligada ao livro e à leitura permitiu-lhe aumentar a equipa, que é actualmente de cerca de 50 pessoas nos três projectos, bem como a sua capacidade para fazer novos investimentos. O empresário calcula que, em Óbidos, graças aos livros, tenham sido criados mais de 100 “empregos literários”, termo que utiliza para as pessoas que conseguiram trabalho em resultado da abertura de livrarias e de hotéis literários.
Estes investimentos privados das livrarias e dos hotéis rendem cerca de três milhões de euros por ano, estima Telmo Faria, dando conta que nesta estratégia integram-se, além das suas unidades, as Livrarias Ler Devagar, o Bichinho do Conto ou o novo projecto de um Atelier de Artes e Letras com tipografia e máquinas antigas de impressão.