Os centros de saúde do agrupamento Oeste Norte não vão ser contemplados na primeira fase da introdução do serviço de dentista no Serviço Nacional de Saúde, por falta de espaços para os gabinetes. Por enquanto, os cuidados de saúde oral na região vão continuar a ser garantidos pelos higienistas orais nas unidades das Caldas, Óbidos, Alcobaça e Peniche, e pelo programa cheque dentista. No entanto, Caldas e Peniche deverão ser contemplados com o serviço de medicina dentária após as obras nos edifícios dos respectivos centros de saúde.
Em Junho de 2016 o Ministério da Saúde iniciou um projecto piloto que disponibiliza serviço de Estomatologia em várias unidades de saúde da Grande Lisboa e do Alentejo. No próximo mês de Setembro o serviço vai ser alargado a 58 unidades de saúde de todo o país, dois deles do ACeS Oeste-Sul.
Uma vez que o agrupamento Oeste-Norte dispõe de quatro gabinetes de higienista oral – em Óbidos, Peniche, Alcobaça e Caldas da Rainha –, foi equacionada a adaptação desses gabinetes para aí colocar um estomatologista. No entanto, após uma visita da Ordem dos Médicos Dentistas e da Delegação de Saúde Pública, optou-se por não avançar com o serviço nesta fase porque “em todas elas temos problemas com os espaços”, justificou a directora executiva do ACeS Oeste-Norte, Ana Pisco. Nuns a dificuldade era de acessibilidade, por envolver escadas, noutros a dimensão das salas não era suficiente.
No entanto, os edifícios dos centros de saúde de Peniche e das Caldas têm obras previstas que vão permitir depois a instalação de gabinetes para estomatologia.
O centro de saúde de Peniche deverá ser totalmente remodelado no espaço de um ano. Nas Caldas, depois da saída da Unidade de Saúde Rainha D. Leonor para instalações próprias, prevista para o próximo ano, o centro de saúde das Caldas também deverá entrar em obras. Prevê-se que nessa altura sejam criadas condições, não só para o serviço de Estomatologia, como para meios complementares de diagnóstico, como raio-x, análises e ecografias.
CINCO MIL CRIANÇAS TRATADAS NO SNS
Apesar do ACES Oeste Norte não ter sido contemplado nesta fase com os cuidados de saúde oral nos centros de saúde, Ana Pisco não mostra preocupação, até porque “não é pelo facto de não termos dentista que as pessoas não têm cuidados de saúde oral”.
Os dados da execução do programa de saúde oral, ao qual têm acesso crianças, grávidas, idosos e pessoas portadoras de HIV, são considerados satisfatórios. Em 2015 e 2016 foram avaliados pelos higienistas orais dos centros de saúde 5.091 crianças com sete, 10 e 13 anos de idade, provenientes das escolas públicas e das IPSS. Destas avaliações resultaram a aplicação de mais de 16 mil selantes dentários, emitidos 2.131 cheques dentista e outros 2.600 tratamentos foram encaminhados para dentistas com acordo com o Serviço Nacional de Saúde.
Trata-se de “um grosso volume de cuidados efectivos nos seis concelhos que abrangemos”, destaca Ana Pisco. E acrescenta que a cada 100 utentes reencaminhados pelo centro de saúde para o dentista através do SNS, 74 cumprem o tratamento, “o que poderemos considerar uma boa taxa”.
O plano de saúde oral existente também envolve a realização de campanhas de sensibilização nas escolas. Ana Pisco salienta que as crianças de sete anos aderem bastante bem ao programa, mas quando chegam aos 10 anos o número de crianças a fazerem o despiste diminui e a situação agrava-se nas de 13 anos. Trata-se de uma situação que é preciso reverter: “temos tentado com as escolas que essas crianças sejam motivadas a ir ao dentista e a fazer os tratamentos”, diz a directora do ACeS Oeste-Norte.
Ana Pisco acrescenta que não é líquido que os números da execução do programa de saúde oral possam melhorar com a criação do serviço de Estomatologia nos centros de saúde. “Em vez de se emitir o cheque dentista, com vários médicos dentistas associados, passamos a ter um que está cá para fazer o serviço. Temos que ver o que é mais rentável”, afirma.
Por outro lado, com o gabinete ocupado, o higienista oral de cada centro de saúde também estará limitado na sua acção. “Não ficamos muito preocupados por não serem utilizadas as nossas instalações pois íamos perder capacidade de resposta no que diz respeito aos higienistas orais”, sustenta.
O novo serviço de Estomatologia prestado nos centros de saúde está acessível a todas as crianças, grávidas e idosos com insuficiência económica e portadores de HIV. “Dependendo da capacidade de resposta penso que a ideia é ir alargando”, diz Ana Pisco.
Continente apoia projectos de saúde no Oeste com 23 mil euros
Na passada segunda-feira foi realizada a entrega simbólica dos prémios da Missão Continente 2016, atribuídos às unidades de saúde familiar (USF) Rainha D. Leonor e Zé Povinho, ambos do ACES Oeste Norte, no valor de 15.100 euros e 8.000 mil euros, respectivamente.
O projecto da USF, intitulado “à distância de um clique” consiste na disponibilização de telecontactos aos recém-pais com uma equipa formada por um médico e um enfermeiro, através do Skype (aplicação de vídeo conferência para computadores e aparelhos móveis), nas quais estes clarificam questões diversas sobre os recém-nascidos, relacionadas por exemplo com o choro do bebé, as cólicas, o aleitamento, ou a febre.
Não se trata de uma consulta, mas de uma sessão de aconselhamento, sublinhou Isabel Ramos, coordenadora do projecto, que visa também “capacitar e responsabilizar o casal para a saúde do filho”.
Este projecto inclui a criação de um manual de procedimento, para que o aconselhamento seja uniforme.
A verba será aplicada no material necessário ao funcionamento do projecto, incluindo os meios audiovisuais, mas também será aplicado na aquisição de material que será disponibilizado aos pais que dele necessitem, como cadeirinhas de bebé e bombas de extracção de leite materno.
Este serviço, que se iniciou em Julho, está disponível aos dias úteis entre as 11h00 e as 12h00.
Já o projecto da Unidade de Saúde Pública consiste na realização de um filme promocional intitulado “Os Silva, vivendo familiarmente”. Este filme, baseado numa peça de teatro criada pelo grupo de teatro da Escola Secundária de Peniche, será conjugado com a realização de colóquios e pretende sensibilizar profissionais da saúde e da educação para as questões das dinâmicas da família, como a velhice, o consumo de drogas, a homossexualidade, ou a igualdade de género.
Os projectos das duas unidades integram uma lista de 40 escolhidos pelo grupo Sonae na área de saúde e educação.
J.R.
