Linha do Oeste de mal a pior

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Gazeta das Caldas
Na passada segunda-feira foram suprimidos pelo menos 12 comboios
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Multiplicam-se as supressões devido à falta de material circulante. Na passada segunda-feira não se efectuaram 12 comboios e nem todos foram substituídos por autocarros, ficando os passageiros em terra. CP não responde e não tem solução à vista.

Apanhar um comboio na linha do Oeste é quase uma lotaria: pode haver, pode não haver, pode chegar atrasado, pode ter um autocarro a substituí-lo, ou pode nem sequer haver informação sobre qualquer alternativa.
Na passada segunda-feira, por exemplo, a CP só dispunha de duas automotoras para assegurar todo o serviço na linha do Oeste, o que levou a, pelo menos, 12 supressões e inúmeros atrasos.
Enquanto isto, os passageiros vão fugindo e procurando alternativas. Sucedem-se também as histórias de pessoas que ficam esquecidas nos apeadeiros à espera de um comboio que não vem e outras como a da professora do 1º ciclo de Torres Vedras que quis levar os meninos numa visita a S. Martinho do Porto, mas a CP recusou vender um bilhete de grupo porque não sabia se conseguiria assegurar o serviço.
Na semana passada, aconteceu uma história mirabolante com uma turma de alunos da Escola Secundária Rafael Bordalo Pinheiro que, acompanhados da professora de Geografia, foram fazer uma actividade de campo a S. Martinho do Porto. Todos compraram bilhete de ida e volta para o comboio das 14h30 e regresso às Caldas às 18h56. Mas na estação das Caldas foram informados que o comboio estava avariado e que tanto a ida como o regresso se fariam em autocarro.
Alunos e professora chegaram, assim, de autocarro a S. Martinho (que demorou meia hora quando a viagem de comboio demora apenas nove minutos), mas quando regressaram à estação não havia nem comboio nem autocarro. Ligaram para o número verde da CP, mas o call center é tão eficiente que ouviram uma gravação a sugerir para enviar um e-mail.
“Os alunos começaram a contactar os encarregados de educação que pediram informações à Rodoviária do Oeste que não sabia de nada pois o autocarro tinha sido fretado [pela CP] à Rodoviária do Lis”, contou à Gazeta das Caldas a docente Alexandra Loução. “Além do nosso grupo, havia ainda na estação um par de namorados, um senhor e um casal que tinha vindo também com bilhete de ida e volta”, prosseguiu.
Sem alternativa à vista, os alunos ligaram aos encarregados de educação, tendo vindo um pai desde Peniche para S. Martinho com um carrinha de dez lugares resgatar parte da turma. Uma mãe e um primo vieram das Caldas e levaram os restantes. Mas a professora teve ainda de ir, a expensas suas, levar uma aluna ao Bombarral que já não tinha transporte.
“A linha do Oeste situa-se na região litoral e assegura o serviço de transporte ferroviário numa região densamente povoada, de grande interesse económico, cultural, monumental e turístico, mas tem vindo a ser feito um desinvestimento incompreensível perante as directivas da Estratégia Europa 20-20, em que se pretende uma economia hipocarbônica, em que todos os sectores apresentem baixas emissões de carbono”, desabafa a professora Alexandra Loução. Neste caso, infelizmente, teve um bom exemplo de que aquilo que ensina aos alunos sobre mobilidade, descarbonização, eficiência energética e uma sociedade amiga do ambiente, não tem correspondência ao nível das decisões governamentais.
Alunos, professora e a própria escola vão, obviamente, reclamar junto da CP.

NOVOS HORÁRIOS SUSPENSOS

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A CP não avançou, para já, com a nova oferta para a linha do Oeste, que previa uma grande redução de comboios e o fim dos serviços directos para Coimbra e tem mantido conversações com a tutela para encontrar uma solução diferente, apurou a Gazeta das Caldas junto de fonte do governo.

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