A Oeste Sustentável – Agência Regional de Energia e Ambiente do Oeste assinala uma década de funcionamento no próximo ano. Criada em 2010 com o objectivo de tornar a região mais sustentável do ponto de vista energético, a agência tem em desenvolvimento projectos no valor de 28 milhões de euros. As poupanças estimadas com esta eficiência são de 4,5 milhões de euros por ano na região e a redução de emissões obtidas equivalem a mais de 10 mil toneladas de CO2.
Em estudo está a criação de uma central de biomassa intermunicipal e o aproveitamento fotovoltaico em edifícios municipais.
O projecto mais emblemático da agência, até pela sua abrangência, é o OesteLed, mas a Oeste Sustentável tem desenvolvido muitos outros, como o LEDifícios, Luz Certa no Seu Município, ou Semáforos a Led, que têm contribuído para a redução de consumos e de custos de energia e de emissões de gases de efeito estufa.
O projecto LEDifícios, que já se encontra implementado, consiste na substituição da iluminação fluorescente e de halogéneo por tecnologia Led em edifícios institucionais. Já foram substituídas mais de 28 mil lâmpadas em escolas, corporações de bombeiros e IPSS dos 12 municípios, permitindo uma redução no consumo eléctrico na ordem dos 70%, equivalente a 370 mil euros por ano.
A funcionar estão também os semáforos LED no Oeste, em que foram substituídas 901 ópticas de semáforos com lâmpadas incandescentes por outras Led. A intervenção incluiu os municípios das Caldas, Óbidos, Lourinhã, Alenquer e Arruda dos Vinhos e tem estimada uma redução na factura de energia na ordem dos 38 mil euros. Por outro lado, tem associada uma redução de emissões de 104 toneladas de CO2.
Vários edifícios públicos, como é o caso do complexo escolar do Furadouro e dos parques de estacionamento do CCC e Praça 5 de Outubro, integram o projeto Luz Certa no Seu Município, que prevê a instalação de equipamentos para redução da potência consumida por lâmpadas florescentes e regulação dos níveis de tensão e corrente das instalações eléctricas. A redução estimada é de perto de 30 mil euros na factura anual.
A agência coordenou também o programa integrado de eficiência energética para as IPSS e concurso Eco Bombeiros, que consiste na competição entre vários quartéis com vista à sensibilização energética.
A mobilidade sustentável é outro dos desígnios da agência, que tem desenvolvido vários projectos nesse sentido. Entre eles está o Batteri, que consistiu no estudo e caracterização das redes de transporte do Oeste, promoção da mobilidade sustentável e intermodalidade.
Implementado está também o Repute/Moove, que consistiu na aquisição de 12 veículos eléctricos, com posto de carregamento solar, que são disponibilizados de forma gratuita à população. Existe um em cada município e, associado ao carro, existe a plataforma de informação e requisição de veículos e o portal mobilidadeoeste.com
Associado aos veículos eléctricos, houve também uma aposta na capacitação para a condução suave e sustentável. “As pessoas para além de experimentar, tinham formação sobre como conduzir em modo sustentável e, mesmo com um carro de combustão normal, aprenderam a conduzir reduzindo os consumos e as emissões de CO2”, explicou o presidente da Oeste Sustentável, Humberto Marques, à Gazeta das Caldas.
Foi também disponibilizada formação de gestores de energia em cada um dos municípios do Oeste e de aconselhamento a pequenas e médias empresas sobre as melhores práticas na utilização da energia eléctrica. Mais de uma centena de consumidores recebeu informação sobre os descontos sociais de energia.
As escolas não ficaram de fora da actividade da agência. Foi dinamizado o concurso Ventos de Poupança para a promoção da utilização racional da energia, assim como o Energy Game II. A figura do tutor de energia passou a ser uma realidade nos estabelecimentos de ensino e foram concretizadas várias acções de sensibilização junto da comunidade escolar para o uso racional da energia e adopção de práticas comportamentais sustentáveis.
Cinco eixos prioritários
Humberto Marques diz que no início da agência, começaram com orçamentos e execuções na ordem dos 200 mil euros, para aplicar sobretudo em projectos de investimento, e que contavam apenas com um funcionário. Em 2018 o orçamento já era na ordem de 1,6 milhões de euros, com uma execução próxima dos 95%. A funcionar de forma autónoma, a Oeste Sustentável possui actualmente três funcionários. “Não tem dívidas e possui uma capacidade de investimento no valor de 28 milhões de euros”, remata Humberto Marques.
As fontes de financiamento são candidaturas a fundos europeus, empresas de serviços energéticos e Estado português. Os projectos dinamizados são também uma forma da agência se financiar, tendo em conta que consoante a poupança obtida, há uma percentagem (normalmente na ordem dos 20%) que vai para a Oeste Sustentável e o restante fica para o município.
Durante esta década, a agência tem prestado apoio, ao nível da eficiência energética, a centenas de empresas e dezenas de associações de bombeiros, IPSS, escolas e juntas de freguesia.
O também presidente da Câmara de Óbidos (município que sempre deteve a presidência da agência) refere que o trabalho da Oeste Sustentável tem sido reconhecido, tanto pela Rede Nacional das Agências de Energia, como pela própria Comissão Europeia.
“Uma agência de energia é como a atmosfera, não vemos grandes mudanças a olho nu, mas se fizermos análises elas detectam-se”, resume Humberto Marques, sobre o trabalho efectuado pela Oeste Sustentável.
Central de biomassa para o Oeste
A agência tem em estudo a criação de uma central de biomassa para o Oeste. Os grandes incêndios de há dois anos e as novas regras da gestão das faixas de combustão dos terrenos veio despertar para a necessidade de transformar este custo em proveito.
A ideia já foi apresentada ao Conselho Intermunicipal e foi adjudicado um estudo para aferir da viabilidade técnica e melhor localização da central, tendo em conta a existência de redes em média tensão para ejectar a energia.
Em estudo está também a possibilidade de distribuição, por parte dos municípios, da energia em baixa tensão, que actualmente está concessionado à EDP.
Em desenvolvimento está ainda o projecto Oeste Solar, de aproveitamento fotovoltaico em edifícios municipais. O projecto piloto já foi feito com o aproveitamento da cobertura do edifício da OesteCIM, numa lógica de partilha de poupança dos custos energéticos.
