Maratona de Cartas da Amnistia Internacional inclui pedidos de perdão a Snowden

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Alunos das escolas da região escreveram cartas pelos direitos humanos | D.R.
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Decorreu no dia 10 de Janeiro a tradicional Maratona de Cartas promovida pelo Núcleo Oeste da Amnistia Internacional (NOAI). Nela participaram estudantes dos Agrupamentos Raul Proença, Rafael Bordalo Pinheiro e D. João II, do Centro de Educação Especial Rainha D. Leonor CEERDL e do Cencal. Fizeram também parte alunos do Agrupamento de Escolas Fernão do Pó (Bombarral) e de de S. Martinho do Porto
No total foram escritas 2773 cartas dirigidas aos governos dos EUA, do Malawi, da Turquia e do Egipto para que respeitassem os direitos de vários cidadãos.
Ao (ainda) presidente dos Estados Unidos é pedido que Eduard Snowden – o analista de sistemas informáticos que denunciou a forma como os governos vigiavam a maioria da comunicação dos cidadãos – seja perdoado e possa voltar a casa pois está desde 2013 refugiado na Rússia.

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Na maioria das escolas a iniciativa teve lugar a 10 de Janeiro. Escreveram-se cartas que são enviadas a vários governantes na tentativa de ver defendidos os direitos humanos de vários cidadãos. No âmbito da iniciativa também se realizaram exposições e debates.
Este ano pede-se a Barack Obama perdão para Edward Snowden, o analista que partilhou documentos dos serviços secretos norte-americanos com jornalistas mostrando como os governos vigiavam grande parte da comunicação, incluindo e-mails privados, localizações telefónicas e histórico de internet.
Snowden potenciou um movimento global de defesa da privacidade na era digital. Pela primeira vez em 40 anos, os EUA aprovaram leis para controlar a vigilância governamental, algo que não teria sido possível sem Edward Snowden. O analista enfrenta uma pena de décadas na prisão, acusado de vender segredos a inimigos dos EUA. Sem garantia de um julgamento justo no seu país, encontra-se a viver numa situação de limbo na Rússia. As cartas da Aministia Internacional apelam ao Presidente Obama para perdoar Edward Snowden pois este agiu em defesa do interesse público.
As cartas também pedem protecção a Annie Alfred, de 11 anos, do Malawi, que vive com os seus pais em Bangwe. Tem a vida em perigo pois sofre de albinismo e corre o risco de ser raptada ou morta por se acreditar que tem poderes mágicos. Estima-se que metade da população do Malawi acredita em rituais de feitiçaria. Em 2016 houve seis mortes por esse motivo. Apela-se ao Presidente da República do Malawi para que seja criado um quadro legal de proteção eficaz para as pessoas com albinismo e que os criminosos sejam responsabilizados pelos seus atos.

 

Liberdade para fotojornalista egípcio

 

A Amnistia pede também, ao governo do Egipto, que liberte o fotojornalista Mahmoud Abu Zeid, mais conhecido por Shawkan. Este estava a fotografar uma manifestação a 14 de Agosto de 2013, no Cairo, quando foi preso por ter captado imagens  do evento mais sangrento na história do seu país. Foram mortas mil pessoas naquele dia. Shawkan foi preso e, embora tenha contraído Hepatite C,  foi-lhe negado o acesso a tratamento médico. A AI apela ao governo egípcio para retirar as queixas contra Shawkan e para o libertar.

 

Em defesa dos curdos da Turquia

 

As missivas da Amnistia Internacional pedem ainda que a advogada e antiga directora de jornal, Eren Keskin, não seja presa. A turca tem sido uma voz crítica em relação às autoridades de Ankara e há 11 anos um dos seus discursos enfureceu as autoridades quando acusou o Estado de assassinar Uğur Kaymaz, uma criança de 12 anos. Para Eren, a morte desta criança às mãos do exército, em 2004, é uma das manchas na história da Turquia. Por isto e pelos seus artigos publicados num jornal curdo que editava, Eren tem sido repetidamente acusada de insultar o Estado turco e o seu Presidente. Já foi processada mais de 100 vezes devido à sua posição aberta sobre o drama da minoria curda na Turquia. Em 1995, esteve seis meses na prisão por ter usado a palavra “Curdistão” num dos seus artigos.
As cartas dos estudantes oestinos também apelaram ao governo turco para que Eren Keskin não seja presa. 

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