O ex-presidente da República e amigo da família, Mário Soares, estará presente na sessão solene do Dia da Cidade, onde fará uma evocação a António Maldonado Freitas. O filho, Custódio Freitas, também fará uma pequena intervenção sobre o advogado e lutador anti-fascista, que este ano será agraciado, a título póstumo, com a medalha de honra da cidade.
Na sessão da Assembleia Constituinte de 29 de Outubro de 1975, que se realizou a seguir ao falecimento do ilustre caldense, o deputado socialista Vasco da Gama Fernandes apresentou um voto de pesar e falou com emoção sobre a vida e percurso do seu amigo António Maldonado Freitas.
Nos anos 30 um grupo de jovens estudantes das universidades de Lisboa, Coimbra e Porto iniciaram um movimento de protesto contra a ditadura salazarista. “Nessa altura apareceu na Faculdade de Direito de Lisboa um rapaz chamado António Maldonado Freitas”, referiu na sua intervenção em 1975, destacando a sua coragem.
“A sua vida foi toda feita de luta. Preso comigo, encarcerado na Penitenciária e deportado depois, internado em Peniche, Maldonado Freitas foi torturado barbaramente pela PIDE, pela então polícia de informações”, partilhou Vasco da Gama Fernandes. O também advogado e politico leiriense realçou que, embora tenha sido torturado barbaramente, “a sua boca não se abriu para fazer qualquer revelação que pudesse comprometer os seus companheiros de conspiração”.
Mais tarde, nas lutas anti-fascistas do povo português, a começar no MUD (Movimento de Unidade Democrática) e a terminar no 25 de Abril, António Maldonado de Freitas “foi sempre uma figura primeira na sua terra”, disse o deputado, destacando também a sua vida bastante afadigada, quer no comércio quer na advocacia.
Segundo Vasco da Gama Fernandes, Maldonado Freitas teve uma consagração em vida: foi eleito deputado à Assembleia Constituinte pelo distrito de Leiria e, “se não fora a circunstância de a morte lhe ter batido à porta, é natural que ele tivesse entrado com os que entraram nas primeiras sessões desta Assembleia”.
António Maldonado Freitas faleceu repentinamente nas Caldas da Rainha a 25 de Outubro de 1975, com 64 anos de idade.
A Gazeta das Caldas da altura também noticiou o infausto acontecimento e publicou nas suas páginas depoimentos de amigos. Hermínio de Oliveira, na edição de 29 de Outubro de 1975, fala de António Maldonado Freitas como um “companheiro de caminho”. Recorda a amizade de mais de 30 anos que os uniu, toda feita de “respeito pela sua extraordinária personalidade”.
“No companheirismo, na lealdade, na verticalidade ele serviu-me sempre de modelo para uma dignidade cívica que eu ambicionava ter, por imperativo de educação, de inclinação e de consciência e que era nela a mais relevante qualidade”, escreveu.
Na edição seguinte, de 1 de Novembro de 1975, Francisco Cera lembra também António Maldonado Freitas, sobretudo no dia em que o General Humberto Delgado veio às Caldas em campanha presidencial e o agora homenageado o acompanhava.
Nesta cerimónia no dia 15 de Maio será também atribuída a medalha grau ouro ao grupo Auto-Júlio e a de grau prata ao Grupo Barosa, aos Estores Rainha, a Carlos Gomes dos Santos (presidente do Sporting Clube das Caldas), a Sofia Reboleira (bióloga), a Sebastião Pereira (juiz luso-americano originário da freguesia de Tornada) e a Filipe Vargas (actor).
Já a medalha de grau bronze será atribuída à Associação ANDAR da Ramalhosa e à Associação do Zambujal (ambas comemoram 25 anos), bem como a Frederico Silva (tenista), José Fernandes António (músico há 50 anos na Banda Comércio e Indústria), à secção de pesca desportiva do Centro Recreativo e Cultural de Salir do Porto, João Maria Ferreira (do Grupo de Amigos do Museu da Cerâmica), Joaquim Pereira Marques (do Caldas Sport Clube), José Ferreira Faria (ao ex-farmacêutico), e Carlos Figueiredo (dirigente associativo).






























