O concurso público para a segunda fase das dragagens na lagoa de Óbidos deverá ser lançado antes do final deste ano e os trabalhos deverão começar no primeiro semestre de 2019, disse à Gazeta das Caldas fonte oficial da APA (Agência Portuguesa do Ambiente).
As dragagens, que representam um investimento de 16,8 milhões de euros, deverão demorar 18 meses, o que significa que haverá duas épocas balneares em que a paisagem da lagoa estará cortada por tubagens flutuantes que transportarão os sedimentos para o mar.
A dragagem será realizada provavelmente com a utilização de duas dragas e três estações intermédias de bombagem (boosters) que conduzirão os sedimentos até ao mar através de tubagens flutuantes. O local de repulsão dos sedimentos será a sul da arriba do Gronho através de um jacto de areia e água (método de rainbow), que os depositarão a 100 metros da linha de preia-mar.
De acordo com a APA, “sendo na costa Oeste a deriva de Norte para Sul, os sedimentos tenderão a deslocar-se nessa direção e após circulação na água do mar a depositar-se em parte nas praias a sul do Gronho, contribuindo assim para o reforço do cordão dunar e proteção da costa marítima”.
A Agência explica que esta opção contribui para a minimização da erosão costeira neste troço de costa e evita o impacte resultante de milhares de viagens de transporte por camião para transportar os sedimentos para os depósitos provisório e definitivo.
As dragagens irão incidir sobre os canais de ligação aos Braços da Barrosa e do Bom Sucesso e nas bacias do delta do rio Real e na sua foz.
Os trabalhos prevêm ainda a “valorização da zona a montante da foz do rio Real, numa área de 78 hectares, contemplando uma requalificação ambiental e paisagística de uma área atualmente ocupada por depósitos de antigas dragagens”.
Prevê-se um volume total de dragagens de 850 mil metros cúbicos que vão contribuir para o aumento da superfície e volume da lagoa de Óbidos, melhorar a qualidade da água e “contribuir favoravelmente para a hidrodinâmica e o prisma de maré da Lagoa”.
A dragagens vão ainda evitar o isolamento dos Braços da Barrosa e do Bom Sucesso e contrariar a progressão da foz do rio Real sobre o corpo principal da Lagoa. Por outro lado, a deposição dos sedimentos na zona do Gronho vai “robustecer o cordão arenoso litoral que protege a lagoa da agitação marítima”.
Antes do início das obras uma equipa do IPMA (Instituto Português do Mar e da Atmosfera) procederá a uma recolha e análise dos sedimentos a dragar. A APA diz ainda que “está também prevista a monitorização ambiental da qualidade da água, sedimentos, ecologia, fauna e flora (antes, durante e após as dragagens) e o acompanhamento arqueológico da zona abrangida”.
O estudo comparativo do comportamento hidrodinâmico da lagoa, antes, durante e após a realização das dragagens será efectuado pelo LNEC.
Os números da empreitada
Canal comum: 700 metros
Canal do Braço da Barrosa: 1600 metros
Canal do Braço do Bom Sucesso: 1200 metros
Canal da foz do rio Real: 500 metros
Comprimento total: 4000 metros
Volume: cerca de 310.000 m3 de siltes e siltes argilosos
Dragagem de superfície na foz do rio Real: 11 hectares
Dragagem de superfície no Braço da Barrosa: 16 hectares
Volume: cerca de 540.000 mil m3 de siltes e siltes argilosos