Os moradores da Rua Belchior de Matos, no Bairro Lisbonense, estão descontentes com a limitação de estacionamento naquela zona.
É que se por um lado o estacionamento está restrito aos moradores, por outro a grande maioria não tem garagem e não consegue ter lugar para um segundo automóvel, mesmo quando há lugares livres. Além dos moradores, o problema afecta comerciantes que se queixam de perder clientes porque estes não conseguem estacionar por perto.
A questão é antiga e data da construção do centro comercial Vivaci (hoje La Vie), segundo relata Olinda Santos, uma das moradoras da Rua Belchior de Matos. Nessa altura, para o interesse dos moradores, os lugares de estacionamento no bairro passaram a ser em exclusivo para quem ali vive, através de dístico de controlo, numa decisão da autarquia.
Até à passada semana não tinha causado problemas de maior. No entanto, a situação mudou no passado dia 25 de Julho, depois de a autarquia ter mudado a sinalização que regula o estacionamento. “A PSP dizia que não podia autuar porque faltava a placa de sujeito a reboque”, conta Olinda Santos. Mas essa sinalética já foi acrescentada na semana anterior. No dia 25 de Julho, entre as 22h30 e as 24h00, supostamente na sequência de uma queixa de um morador que não teria lugar para estacionar, a PSP dirigiu-se àquela rua e multou todos os automóveis ali estacionados que não possuíam dístico.
“Aquela hora só podiam ser carros de moradores, eram sete polícias, fomos tratados como se se tratasse de uma ocorrência grave, como se fossemos bandidos”, lamenta a moradora. Terão sido passadas cerca de 80 multas, o que deixou a população indignada.
Os moradores referem que muitas vezes chegam casa e não podem estacionar por não haver lugares livres, sublinha Olinda Santos.
O problema não é, contudo, apenas dos moradores. Existem naquela rua dois estabelecimentos que sofreram impactos imediatos de diminuição de clientes: o restaurante Tulipa e o Galeria Café. Olga de Sousa, proprietária do café, desabafa que aguentou a abertura do Vivaci, mas não sabe se consegue sobreviver a esta medida da autarquia. “Clientes que estavam a beber café pagaram 60 cêntimos e saíram com multas de 60 euros, isso afasta a clientela”, lamenta. A empresária, que também mora naquela rua, critica a medida pelo extremismo e assegura que de tarde existem lugares e não se pode estacionar. “Era um bairro calmo e se calhar por causa de um capricho vou ter que fechar as portas”, acrescenta.
Os moradores acusam ainda a Câmara de despesismo e excesso de zelo na colocação da sinalética. Num espaço reduzido foram colocadas pelo menos oito placas. Por outro lado, acrescentam, bastava ter acrescentado a placa com a inscrição “sujeito a reboque”, mas a autarquia optou por mudar todos os sinais. Esperam ser recebidos pelo município para uma reunião a fim de resolver o problema.
Tinta Ferreira, presidente da Câmara das Caldas, diz que o assunto vai ser reapreciado na próxima segunda-feira, em sessão de Câmara, mas acrescenta que esta entidade não tem competência para decidir nesta matéria. “No caso de querermos mudar alguma coisa terá que haver uma proposta da Câmara para a Assembleia Municipal, esta tem que se pronunciar sobre o assunto e aprovar as alterações ao regulamento de trânsito”, explicou.
Durante os trabalhos de colocação da nova sinalética, um dos funcionários da autarquia teve que receber tratamento hospitalar, depois de ter furado uma conduta de gás quando fazia o furo para fixar uma das placas. O incidente obrigou a que fosse partida uma tampa da caixa de acesso à torneira de corte do gás.