O Movimento Viver o Concelho (MVC), com suporte da gerontóloga Mariana Mendes, vai iniciar o projeto R.I.T.A. – Rede de Intervenção Terapêutica e Apoio à Comunidade, que tem como objetivo a promoção do envelhecimento ativo, saudável e bem-sucedido “com base em intervenções terapêuticas (não farmacológicas) de forma individualizada, holística e única”, explicou à Gazeta das Caldas a presidente do movimento, Teresa Serrenho.
As duas responsáveis estão preocupadas com os efeitos causados pela pandemia e pelos confinamentos obrigatórios e entendem que é a população mais velha quem mais sofre com a situação. Como tal, têm já prontas a começar três intervenções que se direcionam a seniores, aos cuidadores informais e à comunidade local.
O primeiro projeto pretende levar algum bem-estar aos seniores que estão institucionalizados.
“Queremos levar canções a quem está nos lares”, explicam as responsáveis, que ambicionam fazer chegar o projeto “Cantigas à Janela”, iniciado por um grupo de jovens ligado ao MVC e que leva temas tradicionais às janelas de quem esteve confinado. Esta iniciativa, que já animou dezenas de pessoas, e que se tem vindo a realizar ao longo do último ano, também envolve a Escola Secundária Raul Proença e a disciplina ligada à Cidadania. “Se cumprirmos todas as regras é possível levar esta iniciativa aos lares, pois os seus utentes poderão beneficiar de alguma alegria”, revelou Teresa Serrenho.
Segundo a gerontóloga Mariana Mendes, as pessoas institucionalizadas encontram-se mais fragilizadas, pois a pandemia veio alterar muito as rotinas diárias e sofrem, sobretudo, por falta das visitas dos familiares. Vão ficando menos autónomos e estão a perder qualidade de vida. É preciso intervir e dar-lhes ferramentas que possam contrariar a perda de faculdades.
Mensagens de esperança
Há uma segunda iniciativa do R.I.T.A., que passa por criar um Banco de Voluntários que possam escrever cartas, de forma tradicional com o intuito de levar mensagens de esperança à população que está nos lares.
Já o terceiro projeto dirige-se aos seniores mais ativos que estão em casa e que têm acesso à internet.
“Será importante de forma a ajudar na cognição e dar algumas ferramentas para aqueles que estão mais esquecidos”, disse Mariana Mendes, explicando que serão enviados questionários e quiz, que se destinam a estimular a mente e que estará online com quem quiser participar durante duas tardes por semana.
“A ideia é promover a interação e a partilha promovendo encontros em fóruns on-line”, acrescentou Mariana Mendes.
Além dos idosos, este projeto de intervenção quer chegar a um outro público: aos cuidadores informais.
“Pretendemos auxiliar quem cuida de outros e que pode ter dificuldades em lidar com os familiares doentes, se devem ou não institucionalizá-los”, referiu a gerontóloga, explicando que os projetos que vai desenvolver em parceria com o MVC apostam numa visão intergeracional, pelo que querem realizar atividades adaptadas à realidade atual, muito afetada pela pandemia.
R.I.T.A. no Oeste
Nestas iniciativas, promovidas pela associação, os seniores terão a oportunidade de partilhar as vivências, experiências e saberes. Em simultâneo, a gerontóloga fará estimulação e treino cognitivo através da terapia pela música e pelas artes.
O projeto quer também incluir uma aposta forte na atividade física dos seniores. Do programa desta rede constam também workshops sobre o envelhecimento que se quer ativo e saudável. Numa primeira fase, a nova rede quer chegar às áreas geográficas dos concelhos das Caldas, de Óbidos e Cadaval e, posteriormente, ao Bombarral e a Peniche. ■
Mariana Mendes
Gerontóloga
Caldense, de 24 anos, formou-se no IPL e na Universidade de Coimbra em Gerentologia, tendo trabalhado no Centro de Dia de Ribeira de Frades. A pandemia fê-la lançar-se há um mês e meio, no seu próprio negócio e, por isso, trabalha online, dando consultas nas mais diversas áreas que estão relacionadas com a sua área de intervenção. Também promove atividades relacionadas com terapia, literacia e a estimulação cognitiva