A 27 de fevereiro de 1921, a vila do Bombarral engalanou-se para receber aquele que era considerado o maior ator do seu tempo: Eduardo Brazão. O motivo não podia ter sido melhor, pois o artista tinha acedido ao convite para assistir à inauguração do teatro batizado com o seu nome. Conta a história que os bombarralenses receberam com entusiasmo o ator na estação de caminho de ferro, vindo de Lisboa, e que o conduziram entre vivas e aplausos até ao teatro.
Cem anos depois, devido à pandemia, o entusiasmo não foi naturalmente o mesmo. E se, há um século, o Teatro Eduardo Brazão estava repleto de público e assistiu a uma peça teatral com o seu mentor, a cerimónia evocativa realizada pela União Cultural e Recreativa do Bombarral – proprietária do edifício classificado – foi muito mais contida e resumiu-se à presença dos membros dos órgãos sociais e de pouquíssimos convidados.
A comemoração deste centenário foi um “dia especial” mas, simultaneamente, celebrado “de uma forma bastante incomum”, como fez questão de destacar o presidente da direção da UCRB. Rui Viola justificou a celebração “sem pompa, nem circunstância, sem artistas e sem público” devido ao tempo pandémico, contrastando com “esse dia extraordinário que foi a chegada de Eduardo Brazão e da atriz Ilda Stichini, as atuações neste palco e as celebrações no salão nobre, a excitação e a alegria dos convidados”.
A evocação teve também como objetivo lançar um olhar sobre o futuro, tendo sido agendado para o próximo dia 27 um concerto solidário, online, com o cantor Fernando Pereira, que reside agora no Bombarral, com o objetivo de apoiar os profissionais do espetáculo “nestes tempos conturbados”.
Vítor Costa, sócio-honorário da UCRB, representando os associados, também dirigiu uma palavra, por escrito, para honrar esta efeméride, tal como o presidente da assembleia geral, Jorge Martins.
Associaram-se ainda ao ato, que vai ficar na história da instituição, os presidentes da Câmara Municipal, Ricardo Fernandes, da União de Freguesias de Bombarral de Vale Côvo, Sérgio Duarte, e do conselho de administração da Caixa Agrícola do Bombarral, Filipe Costa, que há largos anos apoia financeiramente a associação que zela pela vida do Teatro Eduardo Brazão.
“Quem visita este espaço fica para sempre tocado”, enalteceu Ricardo Fernandes”. “Que o dia de hoje não seja só a celebração de um século de sucesso”, resumiu, esperançadamente, Rui Viola, convicto de que um futuro promissor está para vir.