A utilização de veículos eléctricos no concelho de Óbidos, a aposta na energia solar e a criação de um parque e central de biomassa no Bom Sucesso foram algumas das promessas feitas pelo executivo de Telmo Faria para Óbidos. Volvidos oito anos sobre esses compromissos, alguns foram implementados e perderam o fulgor, enquanto que outros aguardam investimento privado para que se possam concretizar.
Em 2008 o então presidente da Câmara, Telmo Faria, assumia o compromisso de apostar na energia solar e nos veículos eléctricos como soluções para tornar Óbidos a primeira ecovila do país.
Volvidos oito anos os carros eléctricos que circulam na vila são de uma empresa privada e a autarquia apoia cedendo-lhes a electricidade para os carregamentos e o parqueamento. O actual presidente da Câmara, Humberto Marques, refere que pretendem promover o desenvolvimento das energias limpas mas deixando a cadeia de valor em Portugal e não na Alemanha ou na China, referindo-se aos países de onde são originários estes veículos.
“Se tivermos oportunidade de desenvolver tecnologia em conjunto com a universidade, e criar um protótipo de bicicleta ou carro eléctrico, estamos interessados, mas comprar só por comprar não”, disse à Gazeta das Caldas.
A Câmara está a participar num projecto que prevê a ligação entre a ESAD e o Parque Tecnológico de Óbidos através do uso de bicicletas eléctricas. Para além disso, tem previstas a criação de várias ciclovias, que ligam os complexos escolares do Alvito, Furadouro e Óbidos aos centros urbanos. Orçadas em cerca de meio milhão de euros, deverão estar prontas até ao final de 2017.
A aposta na energia solar foi feita através do projecto Óbidos Solar que previa o apoio aos munícipes e residentes no concelho para adoptar o uso de energias renováveis na produção de energia eléctrica e águas quentes sanitárias. As pessoas instalariam as unidades de microprodução a um custo mais baixo, suportado por um regime de concessão de 10 anos. Em contrapartida as empresas do sector das renováveis (que instalavam a unidade de microprodução com painéis fotovoltaicos e solares térmicos) receberiam 85% do valor da energia vendida à EDP, sendo que os restantes 15% seriam distribuídos às famílias durante o período de concessão. Findo esse período, as famílias passariam a receber o valor total de energia vendida.
Este projecto, que ganhou um prémio Green Projecto Awards, acabou por morrer devido a alterações legislativas que levaram a que as tarifas pagas fossem muito baixas e que a produção não fosse vantajosa.
“Os próprios fundos comunitários vieram alterar as regras do jogo”, disse o autarca, destacando que o financiamento deixou de ser a fundo perdido para passar a ser reembolsável.
Projectos em função da realidade
Uma central de biomassa, a instalar no futuro parque do Bom Sucesso, que transformará todo o mato e vegetação excedente em energia, foi outro dos compromissos assumidos. De acordo com Humberto Marques, este projecto continua em cima da mesa, mas só poderá ser concretizado quando os terrenos passarem para o domínio público municipal, na sequência de investimento privado na zona.
Humberto Marques explicou que esta ideia surgiu porque havia, na altura, uma grande apetência pela construção massiva na zona da costa. Mas, com a alteração do PDM, que reduziu o índice de construção no Bom Sucesso, e a crise dos mercados financeiros que levou a um menor investimento, esta questão deixou de ser tão premente.
“Também não prevejo que nos próximos tempos venha a concretizar-se”, disse o autarca. Humberto Marques referiu ainda que a “ambição tem que ser balizada em função da realidade”, destacando que não pode fazer investimentos públicos sem ter gavetas financeiras para os garantir.
Uma das ideias que está em “stand-by” é a substituição das condutas da vila, para que possam levar água quente a partir das termas das Gaeiras.