Obras na barragem de Alvorninha estão previstas arrancar este mês

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A junta de freguesia quer também ver potenciada a barragem e a sua área envolvente ao nível lúdico e do lazer
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Um investimento de cerca de um milhão de euros para resolver o principal problema da rega, que irá beneficiar perto de 200 agricultores das freguesias de Alvorninha, Vidais e Salir de Matos. Inaugurada em 2005, nunca chegou a servir o seu propósito

Inicialmente prevista para o mês de fevereiro, a empreitada de implementação do Plano de Emergência Interno e reforço da cortina de impermeabilização será lançada dentro de dias, “ainda durante o mês de março”, avança o Ministério da Agricultura.
Trata-se de uma obra de “grande complexidade”, com um investimento de cerca de um milhão de euros, que visa resolver os constrangimentos de cota impostos pela Agência Portuguesa do Ambiente.
Em concreto, a intervenção engloba, entre outros, os trabalhos de instalação do POC (Posto de Observação e Comando), do sistema de aviso e alerta, de um contador volumétrico e do sistema de deteção de intrusão, execução de rede de distribuição em baixa tensão e iluminação do corpo da barragem, talude de jusante e câmara de válvulas e passadiço de acesso à tomada de água e motorização das válvulas murais da tomada de água e das válvulas de descarga de fundo da barragem e de derivação para a rede de rega. Será, ainda, reforçada a cortina de impermeabilização da fundação da barragem por injeções de cimento.

Os atrasos na conclusão da obra, e acesso à água, têm colocado em causa investimentos por parte dos agricultores

Esta é uma obra muito aguardada na freguesia de Alvorninha, tendo em conta que deverá levar água a uma área superior a 120 hectares de terrenos agrícolas e beneficiar 198 agricultores das freguesias de Alvorninha, Vidais e Salir de Matos, que se dedicam sobretudo à fruticultura e horticultura. Com um custo superior a 6 milhões de euros, o aproveitamento hidroagrícola é constituído pela barragem, com um volume possível de armazenamento de 711 mil metros cúbicos de água, uma área inundada de 11,8 hectares e um escoamento médio de 863 mil metros cúbicos de água pelas infraestruturas da rede de rega e restantes estruturas que servem de apoio à exploração e conservação da obra.
Inaugurada em 2005 pelo então primeiro-ministro, Pedro Santana Lopes, a infra-estrutura nunca serviu a sua finalidade, arrastando-se o problema há mais de uma década.
José Henriques, presidente da Junta de freguesia de Alvorninha e também produtor frutícola, destaca a importância da barragem e reconhece que esta perspetiva de solução agrada aos agricultores. No entanto, realça que há outros problemas por resolver, desde logo a rede de rega que, com o passar dos anos, foi envelhecendo e, ao não ser usada, também vai precisar de intervenção.
Para além disso, o facto de a barragem não estar a funcionar devidamente tem impedido a entrega à associação de regantes para que faça a gestão mais eficaz do uso da água. A rede de rega está montada e há torneiras ligadas, mas não há regras definidas para a utilização. “Nós, produtores, queremos receber a obra nas devidas condições para, depois, fazer uma gestão correta da água da barragem”, concretiza.

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Valorização da zona envolvente
“Apesar de termos a noção de que tem de ser um passo de cada vez e que esta intervenção é a principal e bastante onerosa, ainda estamos longe de ver a situação totalmente resolvida”, diz José Henriques, reconhecendo que estes atrasos têm, de alguma forma, colocado em causa novos investimentos agrícolas na freguesia. Criaram-se expetativas em relação ao regadio e ficaram investimentos pendentes por causa da água da barragem. José Henriques foi um desses casos. “Arrisquei fazer sem ter garantias de ter a água da barragem”, conta à Gazeta das Caldas.

A barragem irá levar água a 120 hectares de terrenos agrícolas

O também presidente de junta rejeita comparações entre esta barragem e a da Sobrena (Cadaval), que nunca reteve água, e não percebe como a situação se tem arrastado tanto tempo quando havia cadernos de encargos e garantias que deviam ter sido ser cumpridas.
Tendo em conta a beleza natural da envolvente à barragem, o autarca quer ver potenciado aquele local em termos lúdicos e de lazer. Aguarda pela resolução do processo para que o espelho de água possa estabilizar e ali serem dinamizadas algumas atividades. “O município tem a intenção de nos ajudar a implementar, quem sabe, talvez uma praia fluvial ou alguma alternativa às zonas balneares do concelho, para ser mais um polo de atração”, avança.
Estão também a ser pensados percursos pedestres e alguns desportos náuticos mas, “sem esquecer que a sua principal finalidade é o aproveitamento hidroagrícola”, conclui. ■

 

Intervenção na Barragem do Arnóia permite o primeiro enchimento

Ministério da Agricultura prevê que obra esteja finalizada em junho. Associação de regantes lamenta atraso no processo

A água armazenada na barragem permite abastecer 1300 hectares de terrenos nos concelhos de Óbidos e Bombarral

Está prevista para os próximos dias a adjudicação da intervenção na barragem do Arnóia, em Óbidos, que irá permitir que seja feito o primeiro enchimento.
Orçadas em cerca de 22 mil euros, as obras consistem na reparação do gerador de emergência, instalação de sirene para o sistema de aviso e alerta, instalação de sensores de posição para as comportas e para a válvula de jato ôco. Contemplam, ainda, a inspeção à ponte rolante e reparação do guincho elétrico, revisão e reparação do sistema de iluminação exterior e de alarmes e terão um prazo de dois meses para concretização. Depois de concluídos os trabalhos, o enchimento da albufeira será iniciado após autorização da Autoridade Nacional de Segurança de Barragens, a qual se sucederá a uma inspeção prévia realizada pela entidade.
Concluída em 2005, a barragem do Rio Arnóia foi construída para regar 1.300 hectares de terrenos incluídos no projeto de aproveitamento hidroagrícola das baixas de Óbidos.
A empreitada, orçada em 28 milhões de euros, compreende uma rede de rega que atravessa os concelhos de Óbidos (cerca de 60%) e Bombarral (cerca de 40%) e prevê beneficiar mais de 900 agricultores.
A conclusão do enchimento está “dependente do ritmo das afluências de água, mas espera-se que tal venha a suceder no decurso do próximo inverno, se houver condições médias de pluviosidade”, respondeu o ministério da Agricultura à Gazeta das Caldas.
Filipe Daniel, presidente da Associação de Regantes de Óbidos, vê com “alguma frustração” a data prevista para o fecho das comportas e que leva a que tenham de esperar mais um inverno para que possa ser feito o primeiro enchimento. Lembra que em já em 2019 tinham alertado a Direção Regional de Agricultura e Desenvolvimento Rural para a necessidade de tratar desse procedimento e que, inclusivamente, a associação em conjunto com o município de Óbidos, disponibilizaram-se para avançar com a verba necessária para a intervenção a realizar.
Filipe Daniel recorda que em junho, quando começou a funcionar a rede de rega, esta destinava-se apenas para o bloco de Óbidos, tendo em conta que o da Amoreira ainda não estava testado. No entanto, atualmente já está pronto e os beneficiários estão disponíveis para fazer as ligações e ter acesso à água para regar as suas culturas. “Sem o aprovisionamento de água não podemos garantir que exista água suficiente para o bloco de Óbidos, quanto mais para o da Amoreira”, explica o responsável, destacando que era fundamental aproveitar a água deste inverno.
O valor atual de aprovisionamento de água na barragem é de 26,4 metros (ao nível do descarregador) e, com o primeiro enchimento, deveria subir mais dois metros, atingindo os 28,4 metros. Na capacidade máxima, a barragem pode chegar aos 32,5 metros (nível pleno de enchimento).
O presidente da Associação de Regantes destaca, também, a singularidade deste regadio, que não sendo grande, tem uma forte componente social. “Temos cerca de 900 beneficiários para cerca de 1300 hectares de terrenos incluídos na rede de rega”, explica, destacando que, em muitos dos casos, trata-se de uma agricultura de subsistência.
As culturas abrangidas são essencialmente frutícolas (70%) e hortícolas (30%).
Filipe Daniel alerta, ainda, para as “dezenas de milhar de euros” que estão a perder, tanto os beneficiários da rega como a própria associação, que não se financia através da venda da água.
O atraso no fecho da barragem foi já também questionado pelos deputados do PS e PSD eleitos pelo distrito de Leiria. ■

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