A Associação Nacional de Cake Designers (ANCD), sediada no Convento de S. Miguel, nas Gaeiras, realizou no passado domingo, 4 de Setembro, o seu primeiro picnicake, composto por workshops, espaço de debate e apresentação da revista “Cake Design Portugal”.
O evento contou ainda com o primeiro concurso ibérico de bolos de noiva, que deu ao vencedor, Cristiano Louro, uma viagem a Birmingham (Inglaterra), para visitar o Cake Show Internacional, a decorrer entre 5 e 7 de Novembro.
Mais de uma centena de pessoas participaram no primeiro picnicake que se realizou no país. Vieram de norte a sul, com o objectivo de confraternizar e partilhar experiências sobre a arte de decorar os doces.
Durante todo o dia houve workshops com os cake designers Daniela Ramos, Luísa Alves, Carolina Carriço, Pedro Henriques, Catarina Rola e Anabela Diogo. Pelo jardim do Convento de S. Miguel estiveram também dispostas algumas bancas de empresas que já se dedicam à comercialização de produtos nesta área.
Um dos momentos altos foi a apresentação e prova de um bolo “louco”, com 47 quilos e seis andares, feito em conjunto por dois jovens portugueses e dois espanhóis.
“Foi uma cooperação ibérica”, explica Teresa Henriques, a presidente da ANCD, que convidou os quatro elementos para mostrar que é possível trabalhar em conjunto. De acordo com a responsável, o país vizinho está mais atrasado que Portugal ao nível do cake design, tendo inclusive pedido ajuda a esta associação para criarem uma similar.
O evento teve por objectivo juntar num mesmo espaço os cake designers e mostrar-lhes que já existem empresas em Portugal a vender os produtos que “utilizamos diariamente e que a maior parte das vezes mandamos vir do estrangeiro”, explica a responsável.
Na sua opinião, esta área da criação artística de bolos está a expandir-se cada vez mais, destacando a presença no evento de dois homens. “É um bocado a tentativa de desmistificar a ideia de que o cake design é para senhoras”, refere Teresa Henriques.
Também de forma a aumentar a divulgação da associação e do trabalho que desenvolve, está a ser criada a revista “Cake Design Portugal”, que deverá ter uma periodicidade semestral.
Actualmente a ANCD conta com cerca de 180 associados, mas muitos deles acabam por estar “escondidos”. Isto porque, de acordo com Teresa Henriques, a legislação existente é penalizadora para este sector.
Embora não hajam normas especiais para o trabalho nesta área, quando os profissionais pretendem efectuar obras esbarram com dificuldades ao nível do licenciamento nas autarquias, pelo que associação e Câmara de Óbidos estão a trabalhar em conjunto para tentar dirimir esses obstáculos.
O próximo passo da ANCD será levar uma comitiva de cerca de 30 pessoas a Inglaterra, entre os dias 5 e 7 de Novembro, onde irão visitar a maior feira de cake design realizada na Europa – a Cake Show Internacional. Esta será também a primeira vez que a associação irá participar no certame, com bolos confeccionados em Portugal e por criadores portugueses.
“O cake design é o futuro para a pastelaria”
“Dedico-me à pastelaria há 14 anos e já há alguns que já desempenho a profissão de cake designer. A minha função é mesmo criar bolos pegando em certos temas. Para este concurso criei um bolo Zen, onde pensei em fugir um pouco ao bolo tradicional e tentar mostrar alguma paz e calma, apostando na cor verde e na colocação de animais. O bolo demorou três dias a fazer.
A grande diferença do cake design e relação á pastelaria tradicional é o tempo que é empregue na decoração. Há algumas peças que levam muito tempo a secar e, às vezes, o clima não ajuda. Por outro lado, quando há muito calor há algumas pastas de açúcar que derretem.
Actualmente existem poucos homens a trabalhar nesta área, mas já começam a aparecer alguns. Eu sou também formador na área da pastelaria e panificação numa escola de hotelaria.
Acho que o cake design é o futuro para a pastelaria. As pessoas ficam fascinadas e satisfeitas com o trabalho”.
Cristiano Louro, 32 anos, Castelo Branco
“É importante divulgar o trabalho que já se vai fazendo”
“Trouxe-me uma vontade de participar, para fazer com que a associação cresça e represente de uma maneira cada vez maior e melhor o que é o cake design. As pessoas já vão conhecendo, um bocadinho também pela televisão, que tem cada vez mais programas com este tema.
Agora é que está a chegar ao conhecimento geral e é importante divulgar o trabalho que já se vai fazendo. Eu dedico-me ao cake design há quase dois anos. Tudo começou porque conheci as pessoas certas no momento exacto, que me suscitaram o interesse e actualmente dão-me formação. Tinha visto os trabalhos que faziam com os bolos e despertaram-me o bichinho, que tem crescido.
Para este concurso trouxe um bolo que baptizei por “Achas que sabes dançar” por os “noivos” estarem os dois a dançar. O bolo demorou cerca de 20 horas a fazer”.
Carolina Carriço, 32 anos, Elvas
“Preferimos os nossos bolos caseiros, feitos à moda antiga”
“A minha filha foi a “culpada” pela minha dedicação ao cake design porque quando ela fez um ano quis-lhe fazer um bolo diferente. Preferimos os nossos bolos caseiros, feitos à moda antiga, que decoramos de forma original.
Desde há quatro anos que me dedico a esta área e faço para amigos e conhecidos bolos de aniversário e casamento. Mas continuo a preferir os de aniversário porque o que gosto mesmo de ver é as caras alegres dos mais pequenos.
Para este concurso trouxe um bolo que é formado por um conjunto de cupcakes, aos quais juntei um ramos de flores naturais em cima, dando um toque artístico.
Os queques são todos decorados com pasta de açúcar e tudo é comestível.
Em relação a este piquenique, está a ser maravilhoso. Esta está a superar todas as outras iniciativas da associação, até porque está aqui muita gente nova que ainda não conhecia”.
Anabela Diogo, 37 anos, Montijo
“Esta é a forma de dar um toque personalizado e original numa festa”
“Sou cake designer há cerca de cinco anos. Foi um livro que a minha irmã me deu que me despertou a curiosidade, até porque a minha profissão não estava nada relacionada com esta área, sou formada em Engenharia do Ambiente.
Actualmente faço bolos de aniversário e de casamento, que são os mais procurados. Prefiro os de casamento porque são desafios maiores. Os temas são escolhidos em concordância com os noivos e normalmente recaem em pormenores românticos e com cores suaves.
Em relação ao picnicake julgo que é uma óptima iniciativa e espero que se repita nos anos seguintes.
O futuro da pastelaria passará pela criatividade. Numa altura em que tudo é igual e muito industrializado esta é a forma de dar um toque personalizado e original numa festa”.
Karine Carvalho, 34 anos, Lisboa