As versões de software.0 respeitam aos primeiros desenvolvimentos que determinada matéria tem em curso, mas o nosso país parece que está a sofrer um processo de regressão, que estamos a voltar a Portugal.Zero, ou seja, à quase inexistência de Estado ou, de forma mais moderna, apenas ao Estado Virtual.
Há anos os portugueses responderam a um referendo em que se lhes perguntava se queriam a regionalização e por razões que a razão ainda desconhece, a maioria dos eleitores ficou em casa e dos que votaram quase dois terços manifestou-se contrário a essa regionalização.
Presentemente – e sem ter havido qualquer referendo – está-se a assistir a um processo de desestatização, ou seja, o Estado está a entregar aos privados a maioria das empresas e dos interesses económicos (e só ainda não entregou mais porque não tem sido tão eficaz neste campo, como foi o caso da tentativa falhada da TAP) e às autarquias o resto.
Ainda agora está nos segredos dos gabinetes mais um processo de abandono do Estado da recém criada Escola de Turismo e Hotelaria do Oeste, porque não se situa nas capitais dos extintos distritos. Já foram abordados informalmente os municípios das Caldas e de Óbidos para que lhes sejam entregues a ETHO sob a ameaça de que esta venha a encerrar, mesmo que a qualidade dos cursos e as saídas profissionais sejam muito apreciáveis.
Este é o mesmo Estado que quer abandonar o Hospital Termal das Caldas da Rainha, considerado até há poucos anos como uma unidade termal de referência a nível nacional e que é um termos internacionais uma das mais antigas do mundo como instituição. Para isso abandonou a mesma ao longo das últimas décadas, evitando ou impedido investimentos de renovação, quando em todo o país se faziam essas modernizações e reestruturações no valor de milhões de euros. Agora ainda exige pagamentos de rendas e obrigações de investimentos para o que não fez antes e que não exige aos outros no caso da utilização da água termal.
Mas o mesmo Estado quer abandonar as escolas do ensino obrigatório até ao 12º ano, os centros de saúde, os museus nacionais (como foi reeiterado este fim de semana pelo secretário de Estado da Cultura), concentra a maior parte das competências dos tribunais das ex-capitais de distrito, etc.
Quanto aos hospitais distritais também ainda não se percebeu bem o que se está para acontecer, mas se dentro de algum tempo (antes das próximas eleições legislativas) se ouvir falar em mais rombos e perdas não há razão para estranhar.
Caldas da Rainha não está ainda como as cidades e concelhos do interior em que tudo estão a perder, até as finanças e outros serviços públicos, mas já falta pouco.
Como dizíamos em título estamos a caminho do Portugal.0 ou do Estado Virtual, em que quase não existe nem para pagar salários dignos aos funcionários públicos nem pensões aos reformados. Até há dias dizia-se que eram os portugueses que estavam a viver acima das suas possibilidades, mas com a crise financeira recente de alguns banqueiros parece que foram outros que viveram acima das suas possibilidades.