“Quando falamos na Suíça o que nos vem logo à ideia são os Alpes, os relógios, os chocolates, o queijo…”

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Sónia Susano
33 anos
Caldas da Rainha
Monthey – Suíça
Engenheira Civil/Técnica Superior de Segurança e Higiene do Trabalho
Percurso escolar: Escola D. João II,
Escola Secundária Rafael Bordalo Pinheiro, IPL-Instituto Politécnico de Leiria

Do que mais gosta do país onde vive?
Suíça, quando falamos na Suíça o que nos vem logo à ideia são os Alpes, os relógios, os chocolates, o queijo… A tudo isso acrescento as paisagens cobertas de verde no Verão. As montanhas cobertas de neve no Inverno são uma verdadeira maravilha para os nossos olhos. A limpeza que existe nas ruas, o cuidado em manter os espaços verdes nas vias públicas, a educação, a cultura. Os suíços, embora não sendo muito acolhedores e até um pouco frios, são muito educados, quando se cruzam na rua dão sempre um cumprimento. São estes alguns dos aspectos que eu mais gosto neste país.

O que menos aprecia?
O custo de vida elevado! Embora os salários sejam bons, por consequência, o custo de vida é proporcional ao que se ganha. A carne e o peixe em Portugal ainda se compram a um preço razoável, mas aqui temos que estar sempre atentos às promoções nos supermercados para podermos variar um pouco na alimentação. Relativamente à gastronomia, em nada se compara à nossa – não é tão rica e variada.
As rendas das casas têm um valor elevado e todos os cidadãos são obrigados ao pagamento mensal de um seguro de saúde.

De que é que tem mais saudades de Portugal?
Sem dúvida alguma, em primeiro lugar da família! Estar ao pé dos meus, ver o meu sobrinho crescer faz-me falta, depois, saudades de estar em Portugal.
Sair de Portugal não foi uma escolha para ter experiências novas, mas sim, uma necessidade de arranjar trabalho. Tenho saudades de estar, viver e conviver em Portugal!
Tenho saudades de ter o mar perto de casa para o poder contemplar. Aqui temos lagos com paisagens lindas, mas o mar e a areia não são substituíveis!

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A sua vida vai continuar por ai ou espera regressar?
Esta é uma pergunta que me é feita algumas vezes, embora eu seja peremptória na resposta: quero regressar! Não significa que não esteja grata pelo país que me acolheu, a Suíça, ou que a minha experiência neste país esteja a ser má. Mas sim! Desejo regressar a Portugal. Espero que o sector da construção cresça de forma a poder voltar a trabalhar em Portugal para assim poder estar mais perto daqueles que me são queridos, os meus familiares e amigos.
“Eu sabia que não podia chegar e vencer e teria que lutar todos os dias para conseguir atingir os meus objectivos”

A minha aventura por terras helvéticas começou devido ao facto de eu ter ficado desempregada, face à conjuntura económica, de ter ido a uma entrevista para um novo emprego, na mesma área, e me oferecerem uma remuneração mensal de 485 euros. Achei injusto, fiquei triste e desiludida. Depois de anos a estudar, a melhor solução seria deixar o meu País e começar uma nova etapa. Fui quase que obrigada a emigrar!
Porquê a Suíça? Simplesmente porque já tinha familiares neste país e me incentivaram a vir. Foram sem dúvida, o meu apoio, o meu porto de abrigo, a minha esperança de almejar um futuro melhor. Sem eles teria sido muito difícil manter-me por cá.
Formada em Engenharia Civil e Técnica Superior de Segurança e Higiene do Trabalho, não foi um início fácil.
Uma das principais dificuldades foi o idioma. No cantão onde estou, fala-se o francês. Eu sabia falar inglês fluentemente, o francês era básico, portanto, não foi fácil.
A primeira etapa foi fazer um curso de francês para aperfeiçoar e actualizar conhecimentos.
Eu sabia que não podia chegar e vencer, ou seja, que não iria começar logo a trabalhar na minha área, teria que lutar todos os dias para conseguir atingir os meus objectivos.
A segunda etapa foi fazer o reconhecimento dos meus cursos, o de engenheira civil e o de técnica de higiene e segurança, processo que levou muito tempo.
Comecei por trabalhar numa estação de serviço, a desempenhar as funções de vendedora. Passados uns meses, na empresa, foi-me dada a oportunidade de acumular as funções de vendedora com as de responsável pela coordenação e segurança da estação de serviço. Fiz as fichas de segurança, dei formação aos meus colegas no que respeita à utilização de meios de primeira intervenção, em caso de incêndio e elaborei um plano de emergência da estação de serviço. Foram estes alguns dos trabalhos que desenvolvi, mas, tinha sempre presente e nunca desisti do meu objectivo, que era trabalhar numa empresa da minha área, a engenharia.
Ao fim de um ano, a falar melhor o francês, com os certificados reconhecidos, concorri para uma vaga numa empresa de engenharia e fui admitida. LBI – Lattion Bruchez Ingénieurs SARL é um gabinete de engenheiros, todos suíços, em que a maior parte do trabalho é a elaboração de projectos de cálculo de estruturas em betão armado.
Neste momento, embora longe de Portugal, estou feliz!
O trabalho que estou a desenvolver, que tenho aprendido muito com os meus colegas suíços, é sem dúvida, uma experiência que me está a enriquecer a nível pessoal e a dar mais conhecimento a nível profissional.
A Suíça é um país com um custo de vida elevado: não se pode ir a um café todos os dias, nem ir a uma discoteca todos os fins-de-semana,. Por isso, a nível social, convive-se menos que em Portugal. Aqui também convivemos, mas é mais em casa uns dos outros.
A Suíça é um país composto por 26 cantões, onde se fala quatro idiomas oficiais, o francês, o alemão, o italiano e o romanche. Faz fronteira com a Alemanha, França, Itália e a  Áustria, o que se torna uma vantagem para quem gosta de passear.
Tem também uma grande diversidade cultural, o que nos permite obter conhecimentos e experiências sobre outras culturas. Quanto ao clima, no Inverno faz realmente muito frio na rua, mas as casas são muito bem isoladas e todas têm aquecimento, pelo que, dentro de casa andamos de t-shirt.
A Suíça deu-me coisas boas, experiências novas, conhecimentos novos, amizades novas, mas continuo a preferir o meu País e espero um dia voltar a trabalhar em Portugal.

Sónia Alexandra da Silva Susano

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