Regata da Gazeta das Caldas voltou a ser um sucesso

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A equipa “Caixa Crédito Agrícola – Frutos de Cá” foi a grande vencedora da Grande Regata | BEATRIZ RAPOSO

Pelo segundo ano consecutivo a Gazeta das Caldas juntou-se ao Museu do Hospital e das Caldas para organizar uma corrida de barcos no lago do Parque D. Carlos I. Para esta edição inscreveram-se 27 equipas (mais quatro que em 2015), num total de cerca de 120 participantes.
Integrada na animação da Feira dos Frutos 2016, a Grande Regata juntou centenas de pessoas à volta do lago que se empenharam em apoiar as equipas em competição. As três equipas vencedoras deste ano superaram os tempos da primeira edição e receberam prémios oferecidos pela organização da Feira dos Frutos.

As regras são simples: três rondas, cada uma com nove equipas que devem dar uma volta ao lago no sentido dos ponteiros do relógio. As duas primeiras classificadas de cada eliminatória apuram-se para a final. Final esta já mais exigente, com duas voltas a determinar o barco vencedor.

Embora na teoria a prova pareça fácil, na prática dar uma volta ao lago revela-se um verdadeiro desafio. É preciso ser-se rápido a desamarrar o nó da corda que prende o barco ao cais e depois ter destreza para arrancar em primeiro lugar, de forma a evitar a congestionamento que, poucos segundos após a partida, se gera logo ao início da primeira curva do lago. Mais à frente, por baixo da ponte e já com a meta à vista, gera-se outro ponto de engarrafamento.
O tempo perdido a endireitar os remos é tempo ganho a apreciar a paisagem envolvente com os Pavilhões do Parque como pano de fundo. No final da prova são muitas as t-shirts molhadas e os braços cansados de remar (que os remos são pesados!). Houve mesmo quem remasse com as mãos para avançar no percurso.

PARTICIPANTES EQUIPADOS A RIGOR

Entre as 27 equipas participantes encontram-se grupos de trabalho, amigos e famílias. A maioria vem pela brincadeira, mas nem por isso desvaloriza a competição: todos querem ganhar e até vêm equipados a rigor com t-shirts da mesma cor, chapéus de marinheiro e bandeiras.
É o caso dos Marinheiros de Água Doce – dois adultos e três crianças – que trazem hasteada a bandeira mais bonita da regata. Aliás, se houvesse algum prémio para essa categoria, este grupo levaria o primeiro lugar para casa.
Salvador Mendes, porta-voz da equipa, conta que a bandeira “foi feita à mão” e que são “estes pormenores que tornam a brincadeira ainda mais engraçada e realista”. O participante, que correu na segunda ronda mas não se apurou para a final, elogia a iniciativa da Regata, “não só porque dinamiza o Parque, mas sobretudo porque proporciona momentos muito divertidos em família”.
Já Vítor Marques, presidente da União de Freguesias Nª Sra. do Pópulo, Coto e S. Gregório, deu o exemplo e também participou na corrida de barcos, alcançando com a sua equipa o terceiro lugar na primeira eliminatória. “Somos sempre parceiros de iniciativas como esta, que contribuem para alegrar o Parque e, por isso mesmo, quisemos participar mostrando que tanto elementos do executivo, como da assembleia, como outros funcionários da Junta remam para o mesmo sentido e estão unidos”, realça. Vítor Marques referiu-se à Grande Regata como um complemento à Feira dos Frutos, responsável por trazer ainda mais festividade ao Parque.
Dora Mendes, responsável do Museu do Hospital e das Caldas (uma das entidades organizadoras do evento), disse estar muito satisfeita com o segundo lugar obtido na primeira ronda e o sexto lugar na final. “Normalmente ficamos no outro lado, no cais, porque pertencemos à organização e não há tempo para participar. Este ano conseguimos e foi muito divertido!”, salientou.
O ano passado a Grande Regata realizou-se à noite, pelo que a falta de postos de luz afectou a visibilidade dos participantes. Nesta edição, que decorreu durante a tarde, já não se verificou o mesmo problema. “Hoje as pessoas puderam disfrutar mais do passeio de barco e apreciar a paisagem”, notou Dora Mendes.

MELHORES TEMPOS QUE EM 2015

Com o título da equipa mais jovem da Regata (uma média de 18 anos), os π100Pé escolheram um nome original “inspirado na criatividade que já é habitual nas Caldas, na tradição do falo e na matemática, pois todos nós somos alunos e gostamos dessa disciplina”, justifica Pedro Costa, um dos quatro rapazes do grupo.
O jovem acrescentou que a prova foi cansativa – “estamos com os braços doridos e a precisar de um jantar reforçado” – mas que vale a pena porque “andamos de barco gratuitamente e num ambiente de saudável competição”. Dias antes da corrida, estes participantes deram várias voltas ao lago em jeito de preparação para a Grande Regata.
Não há dúvida que este ano as equipas mostraram criatividade na escolha das suas designações. “Caça ao Cisne Negro”, “Velas Negras”, “Piratas do Lago”, “Ataque aos Piratas do Lago” ou “Quase a Chegar” são mais alguns exemplos da originalidade dos participantes.
A corrida final foi disputada pelas equipas “Caixa Crédito Agrícola – Frutos de Cá”, “Tartarugas”, “Os Peixões”, “π100Pé”, “Os Ramiros” e “Museu do Hospital e das Caldas”.
Nesta segunda edição os cinco primeiros classificados concluíram as duas voltas em menos tempo que em 2015, talvez pelo facto da Regata se ter realizado durante o dia, o que melhorou a visibilidade dos participantes. As seis equipas chegaram ao cais com os respectivos parciais: 7’14’’, 7’36’’, 7’58’’, 9’44’’, 10’33’’ e 11’10’’.
Patrícia Mendes, Rodrigo Baptista e Tiago Cabral, elementos do Corpo Técnico das Actividades Aquáticas dos Pimpões, constituíram o painel dos jurados que cronometrou as provas e assegurou o cumprimento do regulamento.
Sandra Santos, representante da equipa vencedora, afirmou que “a prova não é fácil”, mas que o essencial é concentração e comunicação entre quem rema e os restantes tripulantes do barco, de forma a que estes troquem indicações entre si. “Vínhamos com o objectivo de representar a Caixa Agrícola [que apresentou mais uma equipa] e de dinamizar o Parque. Ganhar foi um bónus e para o ano cá estaremos!”, acrescentou.
Os três primeiros lugares receberam da organização da Feira dos Frutos uma caixa de fruta (oferecida pela Frutalvor) e o livro “Caldas da Rainha – Património das Águas”. Todas as equipas finalistas foram premiadas com brindes da Câmara Municipal das Caldas e da Caixa Crédito Agrícola.

tabela regata

(Pouca) sorte de principiantes

Ordenada a lista, a equipa da Gazeta das Caldas vai na terceira ronda. Somos dos últimos, o que é bom, pensamos de imediato, porque dá-nos a oportunidade de ver como é que as outras equipas fazem! E a estratégia é simples: somos quatro, um rema, dois vão atrás e um vai na proa, com a responsabilidade de desatar o cordão o mais rapidamente possível.
Estratégia delineada, esperamos pela nossa vez. Somos os primeiros a ser chamados na nossa série, o que nos leva para o barco mais longe do início do percurso… Entramos no barco e, à contagem decrescente, começa a aventura. Com os barcos todos alinhados vivem-se as primeiras dificuldades em desenvencilharmo-nos uns dos outros. Remamos com tudo o que temos ao dispor: remos e mãos, mas nem mesmo assim a tarefa se afigura facilitada (talvez porque a coordenação não é o nosso forte).
O percurso é uma autêntica prova de obstáculos e o divertimento é uma constante. Entre remos que saltam dos encaixes, idas de encontro ora à margem ora à ilha e embate noutros barcos, há tempo para piadas, fotografias e muita animação. Da margem chegam os incentivos e as sugestões de quem sabe remar em terra firme.
Os pouco mais de oito minutos de passeio chegam ao fim sem que se dê por eles. Os gritos do apresentador para que tentemos chegar antes da feira do próximo ano e os outros barcos já todos amarrados no cais dão nota que as outras equipas são mais rápidas do que a nossa. Houve ainda quem ficasse a apreciar mais a paisagem que se vê do interior do lago… mas afinal, foi para isso que fomos, pelo passeio.

Fátima Ferreira

A estratégia saiu furada mas valeu pelo divertimento

As equipas foram chegando e eu e a minha equipa reparamos que à nossa volta estavam os fitnesses e equipas compostas só por homens, ou seja, gente da 1ª Liga… Fui perguntar ao júri em qual das três rondas a equipa da Gazeta iria participar. Disseram que seria na terceira e ficámos contentes porque dava tempo para estudarmos a estratégia, e além disso os fitnesses participavam na segunda ronda.
Por azar o barco que nos calhou foi o primeiro, logo o mais difícil para sair do cais para o lago.
Entrámos no barco e o Isaque ficou na proa para soltar a corda (os marinheiros chamam-lhe cabo), o Joel ao meio para remar e eu e a Fátima na popa, (tínhamos combinado que eu e a Fátima também ajudaríamos a “remar” com as mãos porque nestas coisas toda a ajudinha é preciosa).
Para sair do cais e mudarmos a direcção do barco foi um filme! Não atinámos com o rumo certo. O apresentador ia avisando que era para irmos na direcção dos ponteiros do relógio e, vendo que tardávamos muito, desejou que chegássemos antes da Frutos 2017.
Foi um passeio cheio de diversão, com muitas gargalhadas, que serviu para tirar fotografias e aproveitar o lago numa perspectiva que só a tem quem estiver a passear de barco.

Carla Caiado

Tragam as canetas porque o remo não é o nosso forte

À partida a ambição era grande! Assumimos desde início que alcançar menos do que os objectivos traçados seria uma desilusão. Para nós, o 9º lugar da série era o mínimo aceitável. Conseguimos ficar em 8º, revelando-se, portanto, uma participação bastante positiva e que conseguiu superar as nossas expectativas. Resta referir que as séries eram de… nove participantes.
Começámos por delinear uma estratégia: duas pessoas iriam na popa, ajudando a levantar a proa, remando com as mãos e orientando o remador. No meio o “motor” da equipa remaria e na proa eu tinha como missão desatar a corda ao zarpar e ditar orientações.
Ficamos para o fim, para a última série. Mal entramos no barco, equipados a rigor, tomamos posições. Cada um sabe o lugar que tem de ocupar. Parece mesmo que treinámos para a prova, não é?! Mas não! E isso cedo se var perceber… Ora chocamos contra um barco aqui, ora cruzamos os remos com outro acolá. Os sorrisos são muitos e o esforço é grande. Com os remos, com as mãos, ou com indicações, nesta equipa todos estão motivados para atingir o objectivo. Até porque, como prémio pela vitória, foi prometida uma viagem… a Fátima… a pé!
Cedo nos apercebemos que não vamos ser os últimos, mas queremos mais e, perto da ponte, tentamos a aproximação a uma outra embarcação que na primeira curva nos passou e com a qual discutimos o 7º posto até ao final.
Chegados ao cais, e depois de intensos momentos no processo de estacionamento da viatura, vemos que ficámos em oitavo, pelo que festejamos a superação da meta inicialmente traçada. Mas, e como estamos em Portugal, tenho ideia que é obrigatório dizer que fomos prejudicados pelas arbitragens, que fomos infelizes no sorteio, que os deuses não estiveram connosco, mas que, certamente, a culpa não foi nossa!

Isaque Vicente

Éramos os melhores na teoria. Remar é que foi pior…

A regata era organizada pela Gazeta das Caldas e pelo Museu do Hospital, o que fazia com que a nossa equipa tivesse uma grande responsabilidade. Estávamos, por isso, ansiosos. Eu pelo menos estava! Ainda para mais eu ia remar, o que era uma rigorosa estreia mundial.
Pensámos que íamos na primeira série, mas confirmou-se que iríamos na última. Por um lado era bom: não fazíamos ideia do que tínhamos que fazer e sempre podíamos observar como as outras equipas fariam. Estudámos a distribuição no barco e a melhor forma de sair. Éramos os melhores na teoria. Remar é que foi pior…
Fomos os primeiros a ser chamados, o que nos colocou numa ponta. Sempre era melhor do que sair do meio da confusão, só que saíamos da ponta mais distante, o que queria dizer que tínhamos que ultrapassar alguém para não ficar em último. O júri mostrou-se completamente inflexível quando sugerimos que o nosso barco era o da outra ponta!
Chegava então a hora de ver se a nossa prática era tão boa como a teoria. Antes da ordem para a arrancar testam-se os remos para ver como funcionam. Arrancamos e logo vemos que fazer é muito mais difícil que dizer. Estamos colados no barco do lado, só podemos usar um remo para sair e por isso demoramos mais a dar a volta. Lá nos colocámos na direcção certa, por entre remos que saltam dos apoios e uma descoordenação brutal entre direita e esquerda, ou melhor, entre estibordo e bombordo. O Isaque já não está a fazer nada na proa e vem dar-me uma ajuda. Eu sou dextro, ele é canhoto, perfeito! Mas vamos contra outro barco e o drama repete-se. A experiência do outro lado é idêntica à nossa e dá-se uma embrulhada brutal.
Lá nos desenlaçamos, ganhamos vantagem no sétimo lugar, mas damos a curva tão por dentro que encalhamos e o outro barco passa-nos. Voltamos a apanhá-los antes da ponte, mas somos tão bons na manobra que nos embrulhamos com eles outra vez e vamos como que de mãos dadas até ao fim. Como bons anfitriões que somos, deixamo-los chegar primeiro! Cumprimos a nossa missão: chegámos, divertimo-nos à brava e deixámos os outros participantes brilhar!

Joel Ribeiro

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