Reunião com ministra da Saúde sem respostas para as Caldas

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Marta Temido ouviu as preocupações da comitiva caldense mas não se comprometeu com decisões. Reconheceu a necessidade um novo hospital do Oeste, mas quer aguardar do estudo da Oeste CIM

Uma comitiva de autarcas caldenses, liderada pelo presidente da Câmara, Vítor Marques, reuniu, a 11 de novembro, com a ministra da Saúde, Marta Temido, para manifestar um conjunto de preocupações referentes ao estado da saúde no concelho e na região. A falta de médicos e encerramento de unidades de saúde, os problemas do hospital das Caldas, ao nível da falta de enfermeiros, de capacidade de resposta das Urgências e a necessidade de obras de requalificação de alguns serviços, como a Obstetrícia, e de criação da farmácia, foram alguns dos problemas colocados em cima da mesa.
“A ministra conhece as matérias mas não saímos como nenhum timing em concreto para a sua concretização”, reconheceu o chefe do executivo municipal.
Sobre a localização do novo hospital para a região Oeste foi sublinhado pelos autarcas que Caldas detém todas as condições para acolher esta infraestrutura, desde logo pela centralidade e pelas condições que a cidade tem para receber e fixar os profissionais de saúde que venham a ser contratados. A opção pelas Caldas estenderia, ainda, a área de abrangência a praticamente toda a região Oeste e até a outros concelhos, como Rio Maior. Se, em alternativa, a localização for a Sul das Caldas, a abrangência territorial far-se-á sobretudo numa região com maior oferta, dada a proximidade do hospital de Loures, “deixando a região a Norte, nomeadamente Caldas da Rainha, numa situação comparativamente desfavorável”.
Na reunião, foi ainda manifestado à ministra que a situação do Centro Hospitalar do Oeste (CHO), com três hospitais e três serviços de urgência na região, resulta num efeito desagregador, que compromete a qualidade do serviço prestado, e que a melhor solução seria a conjugação de um único hospital (nas Caldas), complementado com clínicas de ambulatório noutros locais, como Nazaré, Peniche e Torres Vedras.
A proposta, apresentada pelo líder do movimento independente Vamos Mudar na Assembleia Municipal, António Curado, provocou alguma surpresa “e desconforto” no vereador Luís Patacho, que a desconhecia. “Tem sido tradição, nas Caldas, falar a uma só voz em matérias importantes como a saúde e pensei que o que valia seria o consenso do último mandato sobre esta matéria do hospital”, manifestou o socialista na sessão de Câmara da passada segunda-feira.
Luís Patacho saiu otimista da reunião, tendo depreendido das palavras da ministra da Saúde que será feito um novo hospital no Oeste e que, enquanto este não for construído, haverá investimento nas atuais unidades. “Acho que é um momento em que a ministra assume, de forma expressa, a necessidade de haver um novo hospital”, registou o vereador do PS.
Já o vereador do PSD, Tinta Ferreira, manifestou a sua “satisfação e surpresa” pelo facto de a ministra da Saúde ter sido tão célere na resposta ao pedido de audiência, lembrando que no mandato anterior, por dois momentos, foram pedidas audiências e não obtiveram resposta. Lembrou, ainda, que a governante “está a prazo” e que a sua posição deve ser vista num contexto de momento pré-eleitoral. “É importante que haja uma sensibilidade nacional para a importância do novo hospital nas Caldas, subscrevo a ideia da confluência das Caldas e Óbidos para a localização do hospital e utilização da linha férrea”, sintetizou o social-democrata.

CHO reorganiza Urgência
Mais de duas dezenas de enfermeiros do serviço de Urgência do Hospital das Caldas recusaram, na manhã da passada quinta-feira, aceitar a passagem de turno e concentraram-se em protesto exigindo a contratação de mais profissionais para aquele serviço, que está sobrelotado. Esta foi a forma que encontraram para divulgar as suas reivindicações e denunciar os problemas que, “há vários meses, e de forma reiterada, têm sido transmitidos à administração”, explicou à Gazeta das Caldas o delegado sindical do Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP), Ivo Gomes.
Os enfermeiros reuniram com a administração ao início da tarde e a “solução que ficou em cima da mesa é a aplicação do plano de contingência”, explicou o dirigente sindical, especificando que se trata de uma reorganização hospitalar, que prevê que vários serviços reduzam a sua assistência, de modo a escoar os doentes da Urgência. Trata-se de “um avanço, mas que não resolve o problema”, considera Ivo Gomes, acrescentando que irão aguardar para ver os resultados e depois, se for caso disso, iniciarão outras formas de luta.
A solução passa pela contratação de mais profissionais e que terá que ser viabilizada pelo governo. O dirigente explica que o CHO pode tentar contratar, mas que não há cabimentação orçamental por parte do ministério das Finanças. Por outro lado, denuncia que os enfermeiros do serviço de Urgência nas Caldas fazem mais de 500 horas extra por mês, o que acarreta riscos de erro profissional e leva a que a prestação de cuidados não seja a ideal e com a celeridade que devia de acontecer.
Mais tarde, a administração do CHO explicou à Gazeta das Caldas que não foi necessário implementar o plano de contingência porque os doentes no serviço de Urgência das Caldas foram reavaliados, tendo alguns sido encaminhados para o internamento e outros tiveram alta médica. O centro hospitalar esclareceu ainda que foi autorizada a contratação de enfermeiros para reforço do serviço de Urgência e que prevê que até ao final do ano esteja concluída a obra das novas Urgências, orçada em 1,7 milhões de euros. ■