O Centro Hospitalar Oeste Norte é uma das 23 entidades hospitalares do país a quem a Roche Farmacêutica suspendeu, na segunda-feira, 28 de Fevereiro, o pagamento a crédito no fornecimento, mas a administração do hospital garante que existem stocks suficientes de produtos daquele laboratório para satisfazer as necessidades até Abril.
Rosa Amorim, directora clínica do Centro Hospitalar, explicou à Gazeta das Caldas que se espera que até Abril o Ministério da Saúde desbloqueie verbas para o pagamento da dívida e por isso os doentes não irão ser afectados por esta medida. “Não prevemos ruptura de stocks”, adianta.
Em comunicado divulgado pela agência Lusa, o laboratório suíço explicou a decisão referindo que os hospitais do Serviço Nacional de Saúde acumulam dívidas “superiores a 135 milhões de euros”, a que se somam juros de mora de seis milhões, com um atraso médio no pagamento superior a 420 dias. Em relação ao CHON, não foi possível apurar até à hora de fecho desta edição o valor em dívida à Roche.
A empresa divulgou ainda que o corte do crédito foi decidido para os hospitais com dívidas há mais de 500 dias e em alguns casos “a superar os mil dias”.
Segundo a Lusa, o Infarmed – Autoridade Nacional do Medicamento considerou esta segunda-feira “eticamente reprovável e ilegal” o corte no fornecimento de fármacos pela fabricante Roche.
“O não cumprimento destas obrigações é punível” por lei, adianta a nota, criticando a Roche Farmacêutica por ter interrompido o fornecimento, entre outros, de “quatro medicamentos que não têm alternativa terapêutica e são indicados para o tratamento de situações clínicas de risco para a vida dos doentes – doenças oncológicas e virais da maior gravidade”.
É na área da Oncologia que o Hospital das Caldas poderá vir a ser mais afectado, caso a situação se perpetue, mas também ao nível dos anti-retrovirais (para tratamento das infecções com o HIV) e na imunologia. Todos estes medicamentos são dos mais caros no mercado.
Pedro Antunes
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