Rotários homenagearam Vítor do Pena por uma vida dedicada ao comércio

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Vítor Santos ladeado pela esposa, Lucília Gustavo e o presidente do rotary, Jos Schulze

Filho de comerciante, Vítor Santos, por todos conhecido por “Vítor do Pena”, começou a trabalhar aos 11 anos e durante mais de 60 continuou ao balcão da Mercearia Pena. Foi homenageado pelo Rotary Club das Caldas no passado dia 15 de Outubro, como o Profissional do Ano.
A cerimónia, que teve lugar no restaurante “A Lareira”, foi das mais participadas de sempre, contando com a presença de mais de 70 familiares e amigos que não quiseram deixar de dar o seu testemunho sobre o caldense cuja vida está intimamente ligada à própria história do comércio na cidade.
Com 87 anos, Vítor Santos diz que sempre gostou muito da sua profissão. Começou como marçano a trabalhar com José Pena Júnior, um patrão que considerava também como amigo. E o sentimento era recíproco, já que ainda não tinha feito os 18 anos e já José Pena Júnior lhe tinha dado a chave da loja. Dez anos depois, em 1956, oferece-lhe sociedade na mercearia.
A mercearia centenária sempre foi muito frequentada não apenas por caldenses, mas também por clientes de toda a região. Vítor Santos partilhou, uma vez mais, a história já bem conhecida de que esta procura por parte de pessoas, principalmente do concelho de Óbidos, está relacionada com uma ida do seu sócio, José Pena, à feira de Santa Maria Madalena, em A-dos-Negros, onde encontrou uma carteira com dinheiro, que entregou ao negociante de gado que a perdera. “As pessoas reconheceram esta atitude e a partir de então passaram a frequentar a mercearia”, recordou o homenageado.

Mais de 70 familiares e amigos encheram a sala para homenagear o caldense Vítor Santos

Entre os produtos mais especiais desta mercearia, estão o café e o bacalhau, queijos, vinhos e os bolos tradicionais. Mas é o café que Vítor Santos destaca pois esta casa foi a primeira das Caldas a ter um moinho de café a moer em cima do balcão, à frente dos clientes, em inícios da década de 40. Para garantir que o café estava sempre presente nas manhãs na mercearia, o comerciante levantava-se mais cedo, ía ao armazém torrar o café e depois, voltava a casa arranjar-se, de modo a estar na loja às 9h00 para abrir a porta aos clientes.
Entre as histórias da sua vida está a curiosidade de ter gozado férias pela primeira vez em 1974, tendo fechado o estabelecimento durante 15 dias em Setembro.
A implantação das grandes superfícies na cidade, na década de 90, e problemas de saúde levaram à venda da mercearia Pena a um “amigo e companheiro de aventura comercial de muitos anos”, Alberto da Bernarda. O antigo comerciante vê com “muito agrado” a modernização imposta ao espaço pelo novo proprietário, destacando que “em boa hora” Alberto da Bernarda pegou na loja, que agora gere com o seu filho, Rui da Bernarda.
O octagenário reconhece que o comércio atravessa maus momentos e destaca que o café continua a ser o “negócio número um” da casa, registando, satisfeito, que o Lote Pena, que ele próprio criou, continua a ser o mais procurado.

Vítor Santos integrou também várias direcções do Montepio Rainha D. Leonor, foi o primeiro presidente da Coopercaldas – Cooperativa de Retalhistas de Mercearias das Caldas da Rainha, vice-presidente da ACCCRO e dirigente do Caldas Sport Clube.
O seu filho, Pedro Mil-Homens, agradeceu a homenagem feita ao seu pai e disse ter encontrado nos valores dos rotários – companheirismo, ética profissional e dar de si antes de pensar em si – os mesmos que recebeu do seu pai.
A deputada e vereadora Maria da Conceição Pereira deu testemunho da qualidade do café do Pena, que conheceu quando veio para as Caldas na sua juventude, e que inclusivamente levava para a sua mãe que morava em Lisboa.
“O senhor era a alma e a vida da sua mercearia”, disse a autarca, dando nota da amabilidade com que Vítor Santos tratava os seus clientes.

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Fátima Ferreira
fferreira@gazetadascaldas.pt

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