“Se não fosse a paixão pelo que faço, não viveria aqui”

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1240178Ruben Silva
Campo, Caldas da Rainha
27 anos
Zhuhai, China
Engenheiro de Desporto Automóvel (Race Engineer)
Percurso escolar: Escola Primaria do Bairro da Ponte, Escola D. Joao II, Escola Secundária Raul Proença,  Instituto Politécnico de Leiria, Oxford Brookes University

O que mais gosta do país onde vive?
A China é bastante grande. Vivo na região de Guangdong. Estou situado no centro da Ásia, tenho Macau a 30 minutos de casa e cinco aeroportos internacionais a menos de uma hora e meia. Isso facilita no meu trabalho e permite-me conhecer esta zona do mundo com muita facilidade. Num entanto se não fosse a paixão pelo que faço não vivia aqui.

O que menos aprecia?
A censura. E também o mercado de bens falsificados, que é muito grande e perigoso no que toca a alimentação. Mas principalmente a falta de civismo de grande parte do povo.

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De que é que tem mais saudades de Portugal?
Do tempo bem passado entre família amigos e da boa comida.

A sua vida vai continuar por aí ou espera regressar?
Quero regressar, sem dúvida. Mas planeio ficar aqui mais uns tempos.

“Na China reinam os cheiros intensos e A limpeza e O perfeccionismo não são palavras de ordem”

Foi a paixão pelo desporto automóvel que me trouxe até aqui. Trabalho como engenheiro de corridas em todas as grandes competições a decorrer na Ásia. O desafio é grande e a busca por resultados também. No meu dia-a-dia sou o elo de ligação entre o piloto e os mecânicos, analiso o feedback do piloto e toda a informação proveniente de sensores existentes no carro, apôs cada sessão, e cabe-me a mim melhorar tanto a performance do piloto como do carro.
Trabalho com um leque bastante variado de pilotos, desde simples curiosos a ex F1. Entre muitos, trabalho com dois grandes pilotos de origem portuguesa que vivem em Macau: Rodolfo Ávila e André Couto. Em conjunto com o Rodolfo conquistamos o terceiro lugar na Porsche Carrera Cup Asia, e o André está bem lançado para a conquista da Audi R8 LMS Cup este ano, onde venceu as duas últimas corridas em que trabalhamos juntos fazendo soar a Portuguesa, tanto em Fuji (Japão) como em Sepang (Malásia). Acabar uma semana de trabalho exaustivo ao som do Hino Nacional a mais de 10 mil quilómetros de casa não tem preço.
O aspecto negativo deste trabalho é sem duvida a pressão e o desgaste constantes. Exige muitas viagens, os fins de semana são o expoente da semana em termos de trabalho, muitas semanas passam sem folgas e sem regressar a casa. “Moro” em quartos de hotel e passo horas em aeroportos, voos e táxis. Numa semana estou no Leste Asiático, na outra quase no Médio Oriente.
Há uma diferença grande de culturas que varia consoante o clima. O Japão é um sítio com umas das mais bonitas paisagens em que trabalhei, onde tudo é super limpo, organizado e mecanizado. Mas na China já muda completamente, tudo é difícil de se obter, reinam os cheiros intensos, e limpeza e perfeccionismo não são palavras de ordem. A Coreia do Sul é um misto: traços chineses a norte e japoneses mais a sul. Quando se viaja para o sudoeste asiático reina o calor e o turismo é muito mais evidente. Tailândia e Malásia são dos meus destinos favoritos por aqui, povos acolhedores e animados, mentes mais abertas, tudo fica mais barato e bem mais picante.
Um modo de vida literalmente “a fundo” em que a melhor das paragens é quando o voo aterra na Portela, e o destino é a minha terra.

Ruben Filipe Dinis da Silva

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