Telmo Faria quer plataforma governamental para coordenar economia da criatividade

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notícias das CaldasMais de uma centena de pessoas reuniram-se em Óbidos para debater a criatividade em locais de baixa densidade e tomar contacto com algumas boas práticas já existentes no país e no estrangeiro.
A conferência de encerramento do Urbact, que se realizou no passado dia 9 de Junho, pôs termo a três anos de trabalho de uma rede coordenada por Óbidos, e que envolve cidades do Reino Unido, Espanha, Itália, Roménia, Finlândia e Hungria.

O presidente da Câmara de Óbidos, Telmo Faria, deixou a proposta para que seja criada uma plataforma governamental nacional  que coordene a economia da criatividade.

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“Mais que a dimensão dos territórios, o que nos interessa fazer em Óbidos é aumentar a activação de neurónios”. A afirmação é do presidente da Câmara, Telmo Faria, que defende que os territórios não devem ser medidos pelo tamanho mas pela capacidade de criar riqueza.
E Óbidos é, assegura, um desses casos. Apesar de pequeno em dimensão, o município coordenou a rede internacional Urbact, que envolveu localidades de sete países europeus.
Mas a estratégia assente na criatividade começou há uma década e “só não vê essa mudança quem não quer”, realça o autarca, dando nota dos resultados dos indicadores de desenvolvimento social e económico. “Nos últimos anos duplicámos o número de alunos a estudar no concelho, há mais empresas e mais investimento privado”, assegura o autarca, ao mesmo tempo que faz notar que tudo isso foi feito resistindo à pressão urbanística e garantindo a qualidade de vida da sua população.
Foi entre 2002 e 2004 que ocorreu um “enorme choque criativo” em Óbidos, com a criação de grandes eventos, que captaram a atenção das pessoas para o local, e o início de um forte investimento no sector do turismo. O objectivo actual da autarquia passa por aprofundar o que têm andado a fazer.
A nível governamental Telmo Faria defende que é preciso pensar um novo modelo, uma vez que o existente “está esgotado”. A crise económica que o país atravessa leva a que o Estado construa uma relação diferente com a sociedade, que deverá ser assente na criatividade e no potencial renovador e refundador das ideias.
Propõe que as competências criativas das pessoas sejam avaliadas e tidas em conta na respectiva certificação. Também o rendimento social de inserção pode ser convertido em rendimento criativo de inserção, permitindo que as pessoas usem o seu saber, e talento, para criar objectos.
Em Óbidos essa solução já começou a ser adoptada com o projecto Odesign, que junta designers e utentes dos centros de dia do concelho. A iniciativa está a ser alargada a outras pessoas, nomeadamente a associações de voluntariado que têm como missão ajudar carenciados e excluídos do ponto de vista social.
“A criatividade não é apenas uma coisa para meia dúzia de artistas. É fundamental fazer com que as pessoas, desde pequenas, usem as suas capacidades e centrem-se na criatividade como forma de ter uma vida melhor”, defendeu.
Na sessão de abertura da conferência, Telmo Faria avançou com uma proposta para que seja criada uma plataforma governamental que coordene a economia da criatividade, articulando políticas da educação, cultura, economia e algumas áreas da politica externa. Considera que, mais do que papéis, é necessário “agitar a sociedade civil, dar-lhe coordenadas e articular  também alguns instrumentos de crítica, como apoios financeiros e legislativos”.
O autarca propôs ainda que algumas das embaixadas e consulados fossem transformados em showrooms do talento português.
Miguel Rivas, perito do Urbact, chamou a atenção para a necessidade dos territórios construírem os seus próprios clusters e não copiarem modelos existentes. O responsável referiu ainda que é necessário estabelecer ligações entre as entidades locais e todos os parceiros da rede.
“Não estamos a tratar de economia nem de cultura, mas de criatividade. Está a meio termo entre a politica cultural e o desenvolvimento económico”, fez notar.

 

Conferência amiga do ambiente
A conferência de encerramento da rede Urbact, que decorreu numa antiga adega situada à entrada da vila de Óbidos não produziu dióxido de carbono (CO2) para a atmosfera. Apesar de utilizar energia da rede pública, durante o seu decorrer foram feitas medições em tempo real do consumo eléctrico para, no final, se determinar a quantidade de energia consumida e passar um certificado que garante que igual quantidade de energia foi produzida através de sistema solar.
A certificação é passada pela empresa Vista Pura, sediada no ABC – Apoio de Base à Criatividade, no Convento de S. Miguel, desde Agosto de 2010.
Os dois responsáveis da empresa, João Faísca e José Gonçalves, garantem que foi pouca a energia consumida durante o evento, dado que utilizaram iluminação LED. “O consumo final não ultrapassa os 25 quilowatts hora”, especifica José Gonçalves.
A Vista Pura é uma empresa especializada na produção de energia eléctrica a partir de fontes renováveis livres de emissão de CO2. Depois, através de um sistema de certificados associam-na a projectos de tecnologia de informação, nomeadamente websites, servidores e outros tipos de sistemas.
João Faísca destaca que o número de sites e de utilizadores de internet aumenta brutalmente por ano, estimando-se que em 2020 toda a indústria das Tecnologias da Informação (TI) vai emitir mais CO2 que a indústria da aeronáutica. “Esta é uma maneira das TI terem uma solução não poluidora e perspectivas de sustentabilidade”, explica.

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