Termalismo em destaque no congresso sobre a saúde na região

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O futuro do termalismo e o Hospital Termal das Caldas vão estar em destaque no congresso “Os cuidados de saúde na Região Oeste” que vai ter lugar no CCC a 18 e 19 de Janeiro.
Dois dos cinco painéis previstos para o segundo dia (para além do debate que se realiza no dia 18 com deputados da Assembleia da República) abordam a Saúde e Termalismo, numa perspectiva clínica e como desígnio da cidade.
A perspectiva clínica irá ser abordada num painel moderado por Susana Caetano, do Serviço de Medicina Física e Reabilitação do Centro Hospitalar, e irá contar com a participação de Pedro Cantista, presidente da Sociedade Portuguesa de Hidrologia Médica e Climatologia, Margarida Oliveira, da direcção da Sociedade Portuguesa de Reumatologia, e Ana Paula Branco, otorrinolaringologista do Hospital das Caldas.
Susana Caetano, especialista em Reabilitação, considera que as termas são o meio ideal para tratar as artroses, desde que não estejam numa fase aguda. “É um meio onde podemos tratar a dor, a atrofia muscular e a limitação articular sem que o doente se sinta mal. O doente sente alívio das suas queixas e bem-estar simultâneo”, defende.
O Hospital Termal tem como uma das indicações principais as doenças do foro osteoarticular, incluindo a artrose. Na opinião de Susana Caetano, é importante agora apostar mais na parte do lazer, que mantenha ocupados os utentes na zona envolvente do Hospital Termal. Na sua opinião, “Caldas já teve no passado mais apoio para os termalistas na área do lazer do que tem hoje”. É que, no contexto da Reumatologia, há muito que o termalismo surge associado ao tratamento e reabilitação dos doentes.
O presidente da Sociedade Portuguesa de Hidrologia Médica irá abordar o tema “O termalismo ainda tem espaço no tempo da Medicina Baseada na Evidência?”, numa intervenção provocatória em que o médico lembra que há uma experiência de séculos que prova a importância da água e das termas.
O médico salienta que da promoção da saúde faz parte a prevenção, o tratamento e a reabilitação. “Cinquenta por cento da nossa saúde reside ainda nos nossos comportamentos e as termas são, desde os tempos de Hipócrates, uma promoção dos comportamentos de saúde”, entende.
Pedro Cantista tem sido um dos principais defensores da importância do Hospital Termal das Caldas. Em 2010, durante um encontro de Hidrologia promovido por aquela instituição, o especialista sublinhou que, enquanto primeiro hospital termal do mundo, este é único e deve utilizar essa característica como marca de referência.
Na sua opinião, devia-se olhar para estas termas “com muito mais respeito e interesse, sabendo valorizar o que temos”, sendo que o mais importante é que haja vontade em reabilitar as termas das Caldas, aproveitando o seu património histórico e de saúde. “É um valor não só português, mas também universal”, considera.
Este especialista entende que há a possibilidade de criar uma marca forte e tirar proveito disso. “Hoje a marca vale mais que o produto e aqui temos o primeiro hospital termal do mundo”, afirmou.
Termalismo pode criar milhares de posto de trabalho

No segundo painel, moderado pela médica Paula Teresa Carvalho, vai ser abordado o papel do termalismo nas Caldas, com intervenções de Luís Cardoso de Oliveira (coordenador da Comissão de Competência de Hidrologia Médica e Climatologia da Ordem dos Médicos), João Almeida Dias (ex-administrador termal) e Henrique Lopes (director do CEIA – Centro de Estudos e Investigação Avançada).
Recentemente, na apresentação do livro “O que é uma cidade termal” de Jorge Mangorrinha, João Almeida Dias, especialista nesta área, criticou a forma como a temática do termalismo “tem sido mal tratada”. Na sua opinião, “Caldas tem tudo o que é preciso para ser um caso de sucesso”, devido sobretudo às suas águas “que são um recurso natural com enormes potencialidades e que pertence ao país”.
Em relação aos tratamentos que se podem realizar no Hospital Termal, salientou que estas águas têm bons resultados no tratamento das doenças do foro músculo-esquelético e respiratório.
“É preciso que seja reencontrada a especialidade para estas termas. As Caldas devem assumir-se como o pólo de referência, por exemplo, da Reumatologia”, concluiu, adiantando que esta especialização poderia atrair até utentes do estrangeiro.
Da mesma opinião é Henrique Lopes que irá apresentar um “business case” (estudo preliminar) sobre a forma como o termalismo pode criar um Portugal, num prazo de cinco a sete anos, mais de seis mil postos de trabalho.
O professor do Instituto Superior de Educação e Ciências salienta que Portugal tem “um imenso potencial no termalismo que não está a explorar, ao contrário do que acontece noutros países”.
O especialista não entende como é que, face à crescente procura internacional do termalismo, Portugal se mantém “ostensivamente à margem do mercado internacional”.
Henrique Lopes salienta que é possível aproveitar recursos financeiros no âmbito do QREN para apoiar estes projectos. “O investimento público nacional será relativamente pequeno, face às potencialidades deste sector”, disse à Gazeta das Caldas.
Tendo em conta o conceito de “wellness” (filosofia de bem-estar) é possível atrair milhares de turistas. “O ‘wellness representa um valor anual de dezenas de biliões de dólares no mercado mundial” do qual Portugal aproveita apenas uma pequena fracção.
Henrique Lopes disse à Gazeta das Caldas que poderá trazer ao congresso nas Caldas algumas novidades sobre esta matéria, embora isso esteja dependente de outras entidades públicas, não podendo por isso adiantar pormenores.

Pedro Antunes

pantunes@gazetadascaldas.pt

PROGRAMA

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Sexta-feira, 18 de Janeiro
Debate – 21h30 no CCC, Pequeno Auditório:
“Perspectiva político-partidária da reorganização dos cuidados de Saúde no Oeste – o ponto de vista dos deputados”
Moderadora: Ana Sá Lopes
PSD – Conceição Pereira
PS – João Paulo Pedrosa
PCP – João Neves
BE – João Semedo
CDS – Manuel Isaac
Os Verdes – José Luís Ferreira

Sábado, 19 de Janeiro
09h00 – Abertura do Congresso: António Curado

PAINEL 1 – Que cuidados Hospitalares para a Região Oeste?
Moderador: António Curado
09h05 – Quais as necessidades básicas em cuidados hospitalares para uma população de 350.000 habitantes – António Martins Baptista
09h30 – Reorganizar com racionalidade – Nuno Santa Clara
09h50 – A prazo, qual a solução mais eficiente para os cuidados hospitalares: ampliar, remodelar, fundir ou construir um novo Hospital? – Luís Campos
10h10 – Visão crítica da reorganização dos cuidados hospitalares – Álvaro Beleza
10h30 – Ponto de vista das Comissões de Utentes sobre a reorganização dos cuidados de saúde hospitalares no Oeste? – Jorge Horta Ferreira, Jaime Neto, Rogério Cação
11h00 – Debate

PAINEL 2 – Equidade no acesso ao SNS
Moderador: Rui Correia
12h00 – Saúde e participação das comunidades – José Ornelas
12h20 – Como reorganizar os cuidados de Saúde com senso? – José Manuel Silva
12h40 – Debate
13h00 – Intervalo para almoço

PAINEL 3 – Cuidados Hospitalares em inter-relação com os Cuidados Primários
Moderador: João Frade
14h30 – Cuidados de Saúde primários como base do sistema: acessibilidade como garantia de qualidade – Luís Pisco
14h50 – Que ganhos trouxeram os ACES e que relação com a estrutura hospitalar – António Romão
15h10 – Cuidados primários, cuidados hospitalares e sustentabilidade financeira – Carvalho das Neves
15h40 – Debate

PAINEL 4 – Saúde e Termalismo na perspectiva clínica
Moderador: Susana Caetano
16h30 – O termalismo ainda tem espaço no tempo da Medicina Baseada na Evidência? – Pedro Cantista
16h50 – Doenças reumáticas: Vale a pena ir a Termas? – Margarida Oliveira
17h05 – O Termalismo e a rino-sinusite crónica – Ana Paula Branco
17h20 – Debate

PAINEL 5 – Saúde e Termalismo – o desígnio duma cidade
Moderador: Paula Teresa Carvalho
17h30 – As termas e a Saúde em contexto económico de crise – Luís Cardoso de Oliveira
17h50 – Um Hospital Termal no Sistema de Saúde e sustentabilidade financeira – João Almeida Dias
18h10 – Termalismo: um potencial de geração de riqueza para o país – Henrique Lopes
18h30 – Debate

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