Velas acesas em vigília pelo futuro do mais antigo hospital termal do mundo

1
29081

É urgente encontrar soluções que evitem as constantes suspensões do funcionamento do Hospital Termal. É urgente encontrar soluções que viabilizem aquele que é o mais antigo Hospital Termal do mundo. É urgente encontrar soluções que garantam que este serve realmente a população, respeitando os princípios que estiveram na sua fundação.
Foi este o apelo feito pelas cerca de 300 pessoas que enfrentaram o frio de Janeiro na noite do passado sábado, dia 5, marcando presença na vigília em defesa daquele equipamento de saúde promovida pela Comissão “Juntos pelo Nosso Hospital”. Uma acção de luta ocorrida apenas três dias após a reabertura da actividade termal, suspensa há cerca de seis meses devido à presença de uma bactéria nas águas.
António Curado, porta-voz da comissão de utentes, diz que “as coisas não podem continuar assim, tem que se mudar alguma coisa, tem que se procurar soluções, mas fazê-lo de uma forma activa e não esperar que elas aconteçam”. E foi precisamente para mobilizar a população e sensibilizá-la para a sua importância numa luta “que deve ser de todos” que a comissão decidiu realizar a vigília, mesmo após a reabertura do Hospital Termal. Além disso, aproxima-se a passo largo o mês de Março, o limite para que a administração do novo Centro Hospitalar decida que valências se mantêm em cada unidade hospitalar.
Até lá, o futuro do Hospital Termal mantém-se incerto. E ainda que aceite integrar o grupo de trabalho que vai estudar o que fazer com a unidade, há coisas de que a Comissão de Utentes não abre mão. “O que defendemos para o Hospital Termal é que se mantenha aberto com condições, com um funcionamento programado e estruturado e não pontual e sem soluções de futuro”, explica António Curado, acrescentando que as soluções devem contemplar “a existência de internamento clássico, a revitalização do termalismo e a adaptação aos tempos modernos com novas ofertas na área do turismo de bem-estar”.

Câmara disposta a contribuir com 150 mil euros por ano

A urgência de soluções foi também salientada pelo presidente da Câmara das Caldas da Rainha, Fernando Costa, que também participou nesta iniciativa cívica, à semelhança, aliás, de grande parte dos políticos locais de todos os quadrantes.
O autarca disse à Gazeta das Caldas que “compete ao Ministério da Saúde dizer qual é o caminho”. Um caminho que se quer “seguro e melhor e que já devia ter começado há 20 anos”. Mas é preciso “que o governo olhe para o Hospital Termal com outros olhos” e que se afaste de uma vez por toda a possibilidade de a unidade encerrar. “Tenho as minhas dúvidas, para não dizer certezas, que subjacente a esta paragem estava a intenção de fechar”, diz o autarca.
Não obstante o Hospital Termal ser da competência do Ministério da Saúde, Fernando Costa dá conta da disponibilidade de a Câmara ajudar na sua viabilização. “O ministério diz que isto tem 650 mil ou 700 mil euros de custos e 350 mil de receita. Não faz sentido que por causa de um eventual prejuízo de 300 mil euros fechar o hospital, pelo que a Câmara está disponível para contribuir com metade dos prejuízos”, diz o autarca, lembrando que a Câmara já contribui com 25 mil euros por ano para as análises às águas.
Ainda assim, Fernando Costa acredita que os prejuízos podiam ser evitados se o funcionamento do hospital não estivesse constantemente a ser interrompido e passasse a funcionar durante todo o ano. “Por causa desta história do fecha e abre, vai perdendo clientes”, afirmou. Recordando que a unidade já registou um total de 8.000 aquistas por ano, altura em que “até dava lucro para sustentar o outro hospital”, o autarca diz que “se o ministro da Saúde souber fazer contas facilmente chega à conclusão que vale a pena ter o hospital a funcionar”.
Quanto à verba que é necessário investir para que o Hospital Termal funcione em pleno, que Fernando Costa situa nos dois milhões de euros, mantém-se a disponibilidade da autarquia para ajudar, mas cabe ao governo encontrar meios financeiros em fundos comunitários que permitam realizar as obras. Fernando Costa também não abre mão da permanência da unidade no Serviço Nacional de Saúde. Mas acredita que a criação de parcerias pode ser positiva. E mais uma vez, a Câmara está disponível. “Se eu pudesse tomava conta disto, eu e outras entidades ligadas à saúde, e já estava de outra forma de certeza”, afiança o autarca.

Experiências e reclamações em exposição

Não só da vigília se fez o dia de luta pelo Hospital Termal. A Comissão de Utentes montou uma estrutura que vai ficar em frente à unidade até ao final de Janeiro e que representa uma versão tridimensional do seu logótipo no qual pode ler-se “queremos soluções”. A escultura, se assim se pode chamar, representa um “H” de Hospital, mas que pode também ser visto como duas pessoas que dão as mãos. É também uma referência à expressão “pôr os pontos nos ‘i’s’”, uma das missões da comissão, podendo ainda ser interpretada como dois pontos de exclamação ao contrário.
Jaime Neto, que concebeu o logotipo, explica que a montagem da estrutura em frente ao Hospital Termal “traz para um espaço real da cidade as preocupações e anseios que são já partilhadas num espaço virtual”, que é o grupo criado no facebook. Mais do que isso, esta pretende ser uma estrutura que “interpela o cidadão na rua e ao mesmo tempo o convida a partilhar as suas experiências do Hospital Termal”. Para isso foram colocadas duas cordas onde qualquer um pode deixar a sua mensagem.
A jornada de luta acabou com o cantar das Janeiras pelo Grupo Musical e Coral do Centro Hospitalar das Caldas da Rainha. E no início de mais um ano que se prevê de luta por uma melhor saúde nas Caldas e na região, António Curado deixa o desejo para 2013: “que haja bom senso e que não se optem por soluções que sejam completamente lesivas dos cuidados de saúde da região Oeste”.

Joana Fialho

jfialho@gazetadascaldas.pt

Congresso sobre a saúde vai ser a próxima iniciativa

A próxima iniciativa da Comissão “Juntos pelo Nosso Hospital” já tem data marcada. A 18 e 19 de Janeiro, sexta-feira e sábado, o Centro Cultural e de Congressos das Caldas da Rainha acolhe o congresso “Saúde na Região Oeste”, numa organização que conta com a parceria do Conselho da Cidade.
O congresso tem início às 21h30 de sexta-feira com o debate “Perspectiva político-partidária da reorganização dos cuidados de Saúde no Oeste”. Maria Conceição Pereira (PSD), João Paulo Pedrosa (PS), João Neves (PCP), João Semedo (BE), Manuel Isaac (CDS-PP) e José Luís Ferreira (Os Verdes) são os deputados que participam na discussão.
No dia seguinte, o congresso prossegue com os painéis “Que cuidados hospitalares para a Região Oeste?”, “Equidade no acesso ao Serviço Nacional de Saúde”, “Cuidados Hospitalares em inter-relação com os Cuidados Primários”, “Saúde e Termalismo na perspectiva clínica” e “Saúde e Termalismo – o desígnio duma cidade”. Ao longo de todo o dia vários profissionais e dirigentes ligados à área da saúde, “que conhecem bem estes temas, vão debater e falar sobre as soluções possíveis”, garante António Curado. O porta-voz da comissão de utentes afiança ainda que este “não é para especialista da área mas para toda a população”.
O congresso é de participação gratuita, mas por questões logísticas a organização apela à inscrição de todos os interessados. A inscrição pode ser feita no evento criado no facebook ou através de e-mail comiszsaoutenteschon @gmail.com ou conselho cidade@gmai l.com.

J.F.

1 COMENTÁRIO

  1. Tenho bastante pena encontrar-me nesta altura em Inglaterra e nao poder dar o meu contributo com a minha presenca nessa vigilia mas quero demonstrar publicamente que estou com todos quantos queiram o melhor para o Hospital Termal e que saibam que dentro dos possiveis poderao sempre contar com o meu contributo a bem dos caldenses e dos portugueses.