Todos mobilizados para ajudar a Ucrânia

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Alguns dos voluntários, a maioria jovens oriundos da Ucrânia e a residir em Portugal, que participaram na ação de solidariedade
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Uma verdadeira onda solidária está a crescer na ajuda ao povo vítima da guerra

A guerra na Ucrânia começou na madrugada de 24 de fevereiro com o avanço das tropas russas e o relato das primeiras explosões nos arredores de Kiev. Desde então, o conflito tem-se acentuado, com centenas de mortos, a destruição massiva de algumas das principais cidades mas também reações a nível mundial. Milhares têm abandonado as suas casas e procurado refúgio nos países vizinhos, mas também muitos permanecem na Ucrânia, a resistir e alguns deles mesmo dispostos a ajudar os militares a combater as tropas russas.

Os Bombeiros de Óbidos juntaram-se à missão humanitária

A ajuda humanitária não se fez esperar e a região não foi exceção, com diversas entidades a recolher bens com o intuito de fazer chegar a quem está na linha da frente.
O quartel dos Bombeiros de Óbidos foi, no domingo passado, um dos pontos de recolha de bens essenciais e, ao início da noite, os donativos entregues tinham superado todas as expetativas. O armazém cedido pela associação estava cheio e Maksym Bohun, representante da associação SOS Exército, uma organização ucraniana de ajuda humanitária e de ajuda ao exército de voluntários ucranianos, chegava com mais uma carrinha carregada de bens doados. “Isto não chega a 25% do total que recolhemos hoje a nível nacional”, contou o empresário ucraniano, a residir no concelho de Óbidos, acrescentando que conseguiram criar uma rede, a nível nacional, de ajuda ao seu povo. O próximo passo seria tratar da logística para fazer chegar os donativos até à fronteira com a Ucrânia, o que foi conseguido de imediato, com várias transportadoras a disponibilizarem veículos, que entretanto já foram carregados e começaram a partir com a ajuda humanitária. Não entram na Ucrânia, mas deixam os bens em centros de logística já articulados com elementos da associação ucraniana, e até do governo, que depois os distribuem pela população.
Nesta primeira fase foi dada prioridade aos medicamentos, kits de primeiros socorros, alimentação, sobretudo em conserva e algumas roupas, sobretudo para crianças. A associação continua a receber donativos e espera conseguir enviar, nos próximos tempos, pelo menos um camião cheio por semana. “Eu quero dar “oxigénio” às pessoas que lá estão, se a conseguirmos parar ali, a Rússia não avança mais para Ocidente”, salientou Maksym Bohun, natural de Lviv, que mantém familiares e muitos amigos na Ucrânia. Ele próprio, a residir em Portugal desde 2001, voltou ao país Natal em 2014, como voluntário para combater contra a anexação da Crimeia pela Rússia.
Uma das necessidades é também o socorro às vítimas. Respondendo ao repto da associação, o comandante dos Bombeiros de Óbidos, Marco Martins, contactou algumas corporações e já foram facultadas três ambulâncias, que seguirão agora para o terreno. A Câmara de Óbidos também já disponibilizou um armazém para poderem colocar os bens recebidos pela associação e está a proceder a um levantamento, no concelho, dos cidadãos de origem ucraniana para saber as necessidades e também dar apoio aos refugiados que possam chegar. Este trabalho está também a ser feito por outras autarquias da região, em articulação também com o IEFP, organismos de saúde e outras entidades e a própria sociedade civil.

A recolha de bens para doar às vitimas da guerra superou todas expetativas da associação e continua nos próximos tempos
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Apelo a ajuda para bebés
Entre os voluntários que, na tarde de domingo, se juntaram para receber os donativos da missão humanitária estavam Vladyslav Drabets, um jovem de 23 anos, natural de Ivano-Frankiusk e atualmente a residir nas Gaeiras. De bandeira ucraniana atada ao pescoço, como se de uma capa se tratasse, desempenhou orgulhosamente a sua missão de ajuda, ainda que gostasse de estar nas manifestações de apoio ao povo ucraniano, que estavam a decorrer em Lisboa. “É muito importante combater o Putin e o que ele está a fazer no nosso país, mas também a propaganda que faz pois diz que estamos a provocar uma guerra mas nós somos um país pacífico e fomos atacados sem provocação”, realça. Também natural da mesma cidade, próxima da Polónia, Nazar Stashko, de 23 anos e a residir nas Caldas há 16 anos, não se poupava a esforços para ajudar nesta ação, tanto a arrumar os donativos como a comprar medicamentos nas farmácias com o dinheiro angariado por conhecidos. Na Ucrânia permanecem os avós, tios e primos. “A população está a sofrer e neste momento a motivação que tenho é tentar ajudar de alguma maneira”, referiu à Gazeta das Caldas.
Valeriya Filyuk, outra das voluntárias, apela à ajuda alimentar para bebés e crianças que permanecem no país e que estão ficar sem alimentos. Também é precisa medicação, como anti-diarreicos para ajudar quando as pessoas ficam desidratadas. Tendo em conta o retorno por parte da família, que permanece em Chernihiv, na fronteira bielorrussa, ainda têm alguns mantimentos, mas também estão conscientes que não é tão depressa que primeira vaga lá vai chegar, pelo que apelam a “que não se esqueçam, daqui por uma semana, que é preciso continuar a ajudar”. ■

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