Treze pessoas à mesa às 13 horas de uma sexta-feira 13

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Gazeta das Caldas
O grupo de 13 pessoas que participou no almoço que decorreu no Parque Tecnológico de Óbidos |Fátima Ferreira
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Todos os meses têm um dia 13, mas quando este calha a uma sexta-feira, há pessoas que o passam de maneira diferente. Enquanto uns têm especial cuidado para não serem vÍtimas do azar, outros acreditam que se trata de um dia de sorte e aproveitam para tomar resoluções.
A Rádio 91FM organizou um almoço, onde reuniu à mesa 13 crentes e não crentes na superstição associada às sextas-feiras 13.

Treze de Outubro, 13 horas, 13 pessoas à mesa. Para quem é supersticioso este seria um almoço altamente improvável, mas para os convidados de João Carlos Costa tratou-se de um evento normal, com conversa animada e partilha de experiências, muitas ligadas ao esoterismo e às crenças ligadas a estes dias.
À volta do número 13 existem mistérios, azares e desconfianças enraizadas em diversas culturas. Eram 13 os discípulos presentes na Última Ceia (que incluía o traidor Judas), a Cabala dá conta de 13 espíritos malignos e nas crenças nórdicas Loki, o deus do fogo e da travessura, aparece nas escrituras como sendo o 13º convidado. Foi ainda a uma sexta-feira 13 (de Outubro de 1307) que o rei Filipe IV de França deu início a uma perseguição contra a Ordem dos Cavaleiros Templários.
Um dos participantes no almoço foi o cabeleireiro Rodrigo Menezes, que disse ser um apaixonado pelas ciências esotéricas. Não se assume particularmente supersticioso, mas considera que a sexta-feira 13 é “sempre um dia muito especial”. No seu estabelecimento as crenças estão mais ligadas com as fases da Lua, em que alguns clientes acreditam que o cabelo cresce mais ou cresce menos se for cortado, respectivamente, no Quarto Crescente ou no Quarto Minguante.

Já Dina Henriques, da Serra d’el Rei, assume-se supersticiosa, embora não tenha nenhuma história relacionada com o dia 13 em específico. Diz que foram as “circunstâncias da vida” que a levaram a acreditar no oculto.
Por outro lado, o empresário Carlos Martinho é “zero supersticioso”. Considera que cada um faz as coisas acontecer e que nada é fruto do acaso. Defende que é preciso pensar sempre positivo e até marcou a tomada de posse da nova direcção da Óbidos.com (a que preside) para este dia como uma forma de desmistificar a data.
Também Cristina Valério, proprietária da loja de produtos esotéricos Encanto das Crenças, assumiu que não é supersticiosa. “A minha filha faz anos hoje [13 de Outubro] por isso é um dia muito feliz”, rematou.
Fernanda Francisco, que está a iniciar um mestrado em Ciência das Religiões, defende que é necessário tentar passar uma mensagem de esclarecimento relativamente às crenças injustificadas. “Habitualmente não conseguimos pensar por nós e limitamo-nos a ser os pensamentos dos outros e acreditar no que eles acreditam”, disse, acrescentando que algumas das crenças vêm de geração em geração e tiveram origem em culturas muito diferentes.
Também o radialista João Carlos Costa, que organizou o encontro, não se assume supersticioso, mas considera que é importante esbater tabus e falar sobre estes assuntos. A ideia começou há cerca de quatro anos, altura em que juntou, pela primeira vez, um grupo de pessoas às 13 horas e 13 minutos para falar de superstições e ciências ocultas. Na passada sexta-feira de manhã, o radialista andou à conversa com as pessoas nas ruas das Caldas e quando estava junto ao gato (preto) assanhado da Rota Bordaliana, “houve uma que se recusou a dar a entrevista junto à peça porque desde pequena que sempre ouviu que os gatos pretos trazem más energias”, contou durante o almoço.
João Carlos Costa referiu ainda que esta é uma temática que interessa ao seu auditório, exemplificando com os vários comentários que recebeu de ouvintes de vários pontos do país, e estrangeiro, e que foi partilhando. 

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