O primeiro menu de Março do projecto Raízes, que põe os finalistas do curso técnico de Cozinha e Pastelaria da Escola de Turismo (EHTO) a fazer combinações improváveis de ingredientes, foi dedicado às carnes de caça, que estiveram presentes em todos os pratos, até mesmo na sobremesa.
O grande desafio com que os alunos se depararam foi na criação de um menu equilibrado com carnes que, por norma, têm sabores muito intensos e que são muito diferentes umas das outras. O desafio foi superado.
A refeição começou com uma leve entrada de feijoada de lebre. Uma forma diferente de servir a feijoada numa pequena dose, que juntava feijão em puré e uma espuma de abóbora que aligeirava o prato. Seguiu-se uma canja de faisão, com um caldo translúcido mas muito rico, servido com a carne e um toque de crocante conferido pela pele.
Os pratos principais apresentados foram dois. O primeiro consistiu em javali com castanhas, um prato muito bem equilibrado através da variedade de legumes servidos com a carne. Depois foi servido veado com mel. Uma carne delicada que não pode ser muito cozinhada, por ser extremamente magra, que casou muito bem com o toque de mel no molho e o acompanhamento de batata doce, em forma de puré e de chip.
Só faltava a sobremesa e, pelo menu, o maior arrojo parecia ser a utilização do tomilho – erva aromática muito utilizada na confecção de carnes – num gelado que combinava com um rico pudim de ovo. No entanto, a surpresa foi a utilização de carne de coelho desidratada e triturada para formar um elemento crocante em forma de areia.
Um restaurante gourmet em “modo” alojamento local é o projecto de Margarida Cruz
Margarida Cruz é finalista do curso de técnico de Cozinha e Pastelaria na EHTO mas tem um projecto para o seu futuro, que até já está em marcha. Abriu na sua própria casa, em modo experimental, um restaurante gourmet que servirá apenas seis pessoas por refeição. Está agora à procura de investidores que se juntem ao projecto, que incluiu também a transformação da casa, na Benedita, para alojamento local.
O projecto denomina-se Flavors Gastronomy by Margarida Cruz e consiste numa experiência de degustação muito intimista, na qual os convivas podem até participar na confecção dos alimentos.
Disponíveis estão quatro menus, compostos por quatro entradas, quatro pratos e três sobremesas. O menu Contradição serve versões modernas da cozinha tradicional portuguesa. O menu Aqui há Tudo é composto por propostas típicos de várias regiões portuguesas. As propostas de Sabores do Oriente retratam a epopeia portuguesa até às Índias. E o quarto menu, Veggie Veggie, assume-se com pratos de cozinha alternativa.
O projecto está em fase experimental, funciona às sextas-feiras ao jantar e ao sábado todo o dia, por marcação através do Facebook e do Instagram, nas páginas com o nome do projecto.
Margarida Cruz disse à Gazeta das Caldas que o gosto pela cozinha “nasceu comigo”. Já esteve dois anos a trabalhar no Algarve, onde as condições financeiras são mais vantajosas, sublinhou, mas as saudades de casa falaram mais alto e decidiu voltar.
“Por isso quis criar um negócio próprio, diferenciador”, disse, aproveitando a casa onde mora com a mãe. “É uma casa enorme, tem muitos quartos, ginásio e piscina que estão desaproveitados”, acrescentou.
Para passar da fase experimental para um negócio consolidado, a jovem está agora à procura de investidores para poder recuperar todas as valências da casa para o projecto, que também disponibilizará quartos para os clientes pernoitarem.
Também se candidatou a quatro programas de empreendedorismo, como o Empreende Oeste, o Concurso de Negócios da Airo, o Tourism Creative Factory, do Turismo de Portugal, e o Portuguese Table.
Margarida Cruz pretende que o seu projecto possa ser no futuro um ponto turístico da região e, também por isso, aposta muito nos produtos regionais. Além disso, pretende aproveitar os recursos humanos formados na EHTO. Alguns colegas e amigos integram a equipa do Flavors e Ricardo Silva, mestre chocolateiro que se formou na EHTO, desenvolveu bombons exclusivos para o projecto.
