Utentes do Bombarral reclamam por mais médicos

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Foi lançada uma petição pública pelo movimento popular para que o problema seja discutido na Assembleia da República

Quadro clínico tem apenas um médico para uma população de 12 mil pessoas que desespera pelos cuidados de saúde.

A dificuldade do acesso a cuidados de saúde primários levou perto de uma centena de utentes do Centro de Saúde do Bombarral a participar numa concentração, no passado sábado, numa altura em que este serviço público apresenta uma enorme debilidade de profissionais do Serviço Nacional de Saúde.
Convocada pela Comissão de Utentes do Centro de Saúde do Bombarral, nem a chuva ocasional que se fez sentir nessa manhã fez demover os bombarralenses que se sentem discriminados pelo Ministério da Saúde.
Neste momento apenas um médico do quadro presta serviço neste centro de saúde, porque os restantes clínicos optaram pela transferência para outros locais do país. O apoio de 30 horas semanais prestado por médicos tarefeiros é manifestamente insuficiente para as necessidades da população. Recorde-se que há três anos foi aqui inaugurada a 100ª Unidade de Saúde Familiar pelo Primeiro-Ministro António Costa, tendo na altura quase toda a população ficado com médico de família.
O agravamento do acesso a consultas médicas, serviços de enfermagem e prescrição de exames está a afetar cerca de 12 mil utentes, muitos dos quais idosos e doentes. O pedido de marcação resume-se presentemente ao serviço telefónico, com exceção de casos agudos, o que representa um problema acrescido para as pessoas. Rute Correia Azevedo, que integra a comissão de utentes, foi uma das vozes do descontentamento, alertando para “a situação que se tornou insustentável”.
Nesta concentração foi lançada a petição pública “Acesso aos cuidados de saúde no Bombarral: uma situação dramática que carece de solução urgente”. O objetivo é reunir pelo menos 2.500 assinaturas para que o assunto seja debatido na Comissão da Saúde da Assembleia da República, para que os deputados pressionem o Governo a resolver o problema.
A Câmara do Bombarral associou-se à concentração porque “as reivindicações são justas”, tendo marcado presença vários membros do executivo, entre os quais o presidente Ricardo Fernandes.
Em declarações à Gazeta, o chefe do executivo municipal frisou que o Centro de Saúde tem vindo a sofrer “uma hemorragia total de médicos” e tem procurado “sensibilizar sistematicamente” os serviços do Ministério da Saúde para a resolução urgente do problema. O autarca critica a autorização concedida pela Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo para a mobilidade dos médicos do quadro do Centro de Saúde do Bombarral, sem a sua substituição. “Chegámos ao ponto em que se bateu no fundo”, denunciou o autarca, lamentando que um dos dois médicos que ainda estavam ao serviço tenha transitado para a chefia da direção clínica do ACeS Oeste Norte, “o que veio ainda agravar mais a situação”.
A esperança está novamente no concurso público de contração de médicos de família, que será lançado em Fevereiro pelo Ministério da Saúde, que contemplará quatro vagas para o Centro de Saúde do Bombarral. “Esperemos que apareçam médicos que queiram vir aqui exercer a sua atividade”, conclui Ricardo Fernandes.