Apesar de ter ido de avião, a banheira termal que a Câmara das Caldas ofereceu à sua congénere brasileira de Santo Amaro de Imperatriz, com quem está geminada, deverá demorar um ano a chegar ao destino.
A banheira em mármore, com cerca de 700 quilos, saiu de Lisboa na tarde de 1 de Março e deveria ter chegado a Florianópolis pouco tempo depois. No entanto, desde 10 de Março que está no aeroporto de Guarulhos, em São Paulo, bloqueada pelo Ministério de Agricultura porque a embalagem em que seguiu é de madeira não fumigada.
O município de Santo Amaro de Imperiatriz tem feito várias diligências para resolver a situação e o vereador Juliano Souza da Silva (que participou no processo de geminação com a cidade caldense) acredita que a banheira poderá chegar, finalmente, em Março.
Em entrevista, por e.mail, à Gazeta das Caldas, o autarca brasileiro explica que a banheira de pedra que pertenceu ao Hospital Termal fará parte de um monumento comemorativo a ser construído no balneário de Caldas da Imperatriz, tornando-se um símbolo do termalismo mundial e um novo ponto de interesse turístico no estado de Santa Catarina.

GAZETA DAS CALDAS – Que diligências o vereador Juliano Souza da Silva tem feito para o desenrolar do processo?
JULIANO SOUZA DA SILVA – Desde que soubemos a razão da banheira estar retida iniciamos o contato com a operadora Latan e com o Ministério da Agricultura no Aeroporto de Guarulhos (São Paulo). Inicialmente não tivemos sucesso na liberação e em Setembro contratámos um despachante aduaneiro em Guarulhos para nos ajudar na liberação. Propomos a queima da madeira e a troca do material, no entanto também não tivemos sucesso.
Partimos então para a busca de apoio de autoridades em Brasília, uma vez que a banheira está apreendida pelo Ministério da Agricultura. Infelizmente não conseguimos a liberação a tempo da mudança de governo no Brasil, o que prejudicou as negociações, pois a maior parte das autoridades que estavam nos ajudando em Brasília foram exoneradas no início do ano. Tratámos inclusive com o ministro do Turismo no último governo.
Agora novamente estamos tratando com os novos ministros, principalmente com o Ministério da Agricultura através de deputados federais do estado de Santa Catarina. Queremos demostrar a importância deste presente para a história de nosso município e até para a história do termalismo no Brasil, e politicamente liberar a banheira. Não estamos medindo os esforços para fazer com que a banheira seja liberada e finalmente chegue ao município de Santo Amaro da Imperatriz.
G.C. – Para quando está previsto que a banheira saia da alfândega?
J.S.S. – A banheira está vindo pela Latan Cargas, a quem cabe a sua entrega em Florianópolis após a liberação em Guarulhos.
A banheira foi enviada de avião e deveria ter chegado em Florianópolis no início de Março. Acontece que a carga encontra-se parada no aeroporto de Guarulhos, Estado de São Paulo, pois a embalagem em que veio é de madeira não fumigada e não certificada, sofrendo a apreensão pelo Ministério da Agricultura. A informação é que teríamos que retornar a banheira para a origem, mas estamos trabalhando de todas as formas para que isso não aconteça.
Esperamos que com a mudança de governo no Brasil, nossas tratativas para liberação ande logo e a banheira esteja em Santo Amaro da Imperatriz até Março.
G.C. – Considera normal todo este tempo em que a banheira está retida em S. Paulo?
J.S.S. – Infelizmente no Brasil a burocracia em importações é gigante, ainda mais se tratando de uma banheira de pedra doada para um ente público, o que torna a importação algo específico.
Temos uma cidade próxima da nossa que recebeu um caminhão de bombeiros de doação da Alemanha e levou alguns anos para liberar. Esse é um caso emblemático que serve de exemplo.
O que fez com que a banheira ficasse retida no aeroporto em São Paulo foi sua embalagem de madeira, que infelizmente não pode entrar no Brasil por não ser uma madeira certificada. A empresa transportadora deveria saber que neste país não entra madeira sem certificado, mas não foi o que aconteceu. Talvez, se não tivesse sido a madeira, a banheira já estaria em seu monumento. Não acredito que seja normal a demora, mas não me surpreendo por ser no Brasil.
“Um símbolo para o termalismo brasileiro”
G.C. – Como será o monumento onde será colocada a banheira?
J.S.S. – O monumento ficará em frente ao antigo Hospital Termal de Caldas da Imperatriz. Será assentada em um pedestal com cobertura e se tornará um símbolo dessas duas históricas estâncias termais. Contará com placas em metal que informarão a história de Caldas da Rainha e Caldas da Imperatriz. O monumento deverá se tornar ainda mais um ponto turístico do Balneário Termal de Caldas da Imperatriz, que recebe visitantes de todas as partes da américa latina.
G.C. – Qual a sua importância para a prefeitura de Santo Amaro da Imperatriz?
J.S.S. – A banheira tem grande importância para a municipalidade e para o povo de Santo Amaro da Imperatriz que tem orgulho da sua história e da sua ligação com Caldas da Rainha. Nos últimos anos estamos tentando valorizar a história e a cultura de nosso município, assim como Caldas da Rainha faz tão bem. O presente caldense chegará num grande momento de fortalecimento da nossa identidade local, tornando-se um grande símbolo para nosso município. Termalistas de todo o Brasil se manifestaram dizendo que a banheira “se tornará um símbolo para o termalismo brasileiro”.