Victor Mota inspira-se no património termal para criar “D’Águas”

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Gazeta das Caldas
Victor Mota a trabalhar na peça “D’Águas” que propôs para a segunda coleccção da Gazeta | Natacha Narciso
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“D’Águas” é como se designa a nova peça da segunda colecção da Gazeta das Caldas, subordinada ao tema das termas locais.
Esta quarta proposta, da autoria de Victor Mota, inspira-se numa gárgula que existe na Igreja de N. Sra. do Pópulo e tem uma função utilitária: é um corta-gotas feito em faiança, aplicável em garrafas.

A relação do ceramista com o Museu do Hospital e das Caldas já vem de longe, dado que já realizou várias exposições de cerâmica na Capela de S. Sebastião. Foi, aliás, com a ajuda de Dora Mendes, responsável por aquele espaço museológico, que o autor desenvolveu a pesquisa necessária para chegar à peça D’ Águas. “Inspirei-me numa gárgula que está colocada no cimo da entrada da igreja”, contou o ceramista, que fez uma investigação sobre aquela peça do património termal.

Há uma forte ligação entre a igreja e o hospital dado que os doentes que aqui se tratavam começavam pela cura espiritual, confessando os seus pecados. Só depois se alimentava o corpo, preparando-o para os tratamentos.
Havia muitos funcionários do Hospital que cumpriam funções religiosas. Eram em número muito superior a qualquer outro grupo profissional e tinham diversas funções: assistiam à missa diária, visitavam os doentes nos seus leitos e junto deles faziam as confissões e as preces. Objectos religiosos encontravam-se espalhados pelos espaços hospitalares. Havia crucifixos, pequenos altares, imagens de santos.
Aberta ao culto em 1496, a Igreja do Pópulo foi capela privada do hospital e só em 1511, ano em que as Caldas passou a ser vila, aquele templo se tornou igreja matriz, com culto aberto à população.
A peça D’ Águas inspira-se na gárgula que encima a entrada exterior do templo e o autor quis que a peça tivesse uma função. Feita em faiança, a figura feminina, um pouco grotesca, foi transformada num corta-gotas que se pode colocar numa garrafa de vinho.
As gárgulas tinham como função desaguar os telhados dos edifícios e artisticamente também podem dar origem a outras peças como esta que o ceramista decidiu fazer para a coleccção da Gazeta das Caldas.
Victor Mota nasceu em 1967, é natural de Peniche e formou-se no Cencal, onde fez o Curso de Modelação Decorativa com os mestres Herculano Elias e Euclides Rebelo. Ainda ligado àquele centro de formação, teve a oportunidade de frequentar workshops com ceramistas nacionais e estrangeiros e de participar em feiras e exposições em Portugal e Espanha.
Durante algum tempo o ceramista trabalhou no atelier de Bolota na Travessa da Água Quente, mas há quatro anos abriu o seu próprio atelier, Linhas da Terra, na entrada da Caldas (em frente à Auto Júlio). Assegura quatro postos de trabalho e, neste momento, dá resposta a encomendas que lhe chegam de lojas de todo o país.
O atelier que dirige trabalha vários tipos de peças decorativas: jarras, taças, potes e uma linha decorativa de animais. Fazem touros, gatos, galos e mochos. A religião também marca presença no trabalho do Linhas da Terra.
D’ Águas é a quarta proposta da segunda colecção de cerâmica, lançada pela Gazeta das Caldas, sob a temática das Termas das Caldas. Custa 30 euros para os assinantes do jornal e 35 euros para o público em geral.

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