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A acção foi dinamizada no âmbito do programa “Portugal Rural” da associação Just a Change, existente desde 2010 e que tem apenas um objectivo: reabilitar o lar de pessoas carenciadas e, dessa forma, mudar a vida de quem nele habita.
O trabalho segue agora em Lisboa, durante um ano, mas há o desejo de voltarem a Óbidos para continuar este projecto de empreendedorismo social.
Sebastião Abecassis, de 24 anos, dava os últimos retoques na pintura da sala da casa no Sobral da Lagoa. O trabalho, que tinha começado há pouco mais de uma semana e que envolveu a remoção de entulhos, colocação de argamassa e pinturas, estava prestes a acabar. “É muito compensador saber que estamos a ajudar quem precisa e saber as suas histórias de vida”, contou à Gazeta das Caldas este jovem que ali viveu a sua primeira experiência de voluntariado no âmbito da associação Just a Change. Finalista de Engenharia Civil, no Instituto Superior Técnico, teve em Óbidos um contacto mais directo com a realidade que, garante, lhe foi muito útil.
A alguns quilómetros dali, no Vau, também a recém-licenciada em Arquitectura, Rita Luís, pintava as paredes de uma casa “a todo o gás”. É que o projecto terminaria no dia seguinte (25 de Agosto) e ainda tinham que terminar as pinturas, betumar o chão e arrumar toda a casa.
Natural de Alcobaça, a jovem de 23 anos também participou este ano pela primeira vez no projecto, mas quer continuar. “Não conhecia ninguém e está a ser super giro, apesar de também ser muito trabalhoso”, salienta a voluntária que, juntamente com a sua equipa, criou uma casa de banho de raiz e fez um telheiro na casa de um idoso. Isto implicou partir o chão que já existia e substituí-lo por um novo, “armar” ferro para fazer pilares e vigas, fazer o telhado e as paredes, rebocar e colocar os azulejos. Foi também colocada a respectiva instalação eléctrica e feitas as ligações dos esgotos à rede, com a colaboração de funcionários da Câmara. Com ela, trabalharam colegas das áreas de Medicina, Medicina Dentária, Gestão, Economia e Engenharia Civil.
A coordenar a equipa dos jovens esteve João Cativo, estudante de Engenharia Civil, no Técnico e voluntário da associação há quatro anos. O jovem destaca que nesta acção todos ganham, não só os beneficiários das casas, mas também os participantes. “Foram 10 dias de convívio e de sacrifício em termos das obras, que nos fez crescer muito, pois permite-nos perceber da sorte imensa que temos em viver com umas condições incríveis”, disse o jovem, que já se dedicava ao voluntariado social e que, naturalmente, transitou para esta associação criada por amigos.
Mais três equipas distribuíam-se por habitações na Usseira, A-dos-Negros e A-da-Gorda. Esta última foi, aliás, a primeira a ficar terminada. Os voluntários colocaram um telhado novo e fizeram um quarto para o filho do casal, que até então tinha que dormir com os pais. Visivelmente satisfeita, Maria Helena Costa, destacou o bom trabalho dos jovens. “Eles foram óptimos e era isto mesmo que eu queria porque chovia cá dentro”, disse a beneficiada que também colaborou na realização das obras.
Obras de 100 mil euros por 10 mil
O cenário que os voluntários encontraram no concelho de Óbidos não é muito diferente do que têm encontrado em Lisboa. “Encontramos sempre pessoas e casas muito desanimadas e quando olhamos para elas ganhamos um entusiasmo grande sobre o que pode ser ali feito”, conta o director da associação, António Bello, destacando o impacto que a intervenção tem nos beneficiados. E estes também ajudam. Uns, mais novos, colaboram nos trabalhos que vão sendo feitos, como carregar telhas ou limpezas, enquanto que outros, com mais idade, como é o caso do residente no Vau, “contribuiu com os almoços e faz questão de ter o frigorífico cheio de minis para a malta refrescar”, conta António Bello, realçando que o objectivo é as pessoas sentirem-se parte da solução.
Para realizar estas cinco intervenções, a associação contou com um apoio da Câmara de Óbidos de 10 mil euros, que lhes permitiu a aquisição do material. O presidente, Humberto Marques, revela que aquelas obras, numa situação normal ascenderiam a cerca de 100 mil euros.
Vários parceiros, desde IPSS, associações e juntas de freguesias, garantem o alojamento e alimentação dos voluntários.
O autarca destaca o conceito de comunidade e solidariedade que está subjacente ao projecto, destacando o trabalho dos jovens. Os serviços sociais da Câmara irão continuar a acompanhar estas famílias carenciadas, fazendo um levantamento das necessidades e estando atentos para que estes mantenham os bons hábitos entretanto criados.
Câmara e associação Just a Change estão também empenhadas em dar continuidade ao projecto em Óbidos. “Os casos que temos não se esgotam num ano nem em dois”, disse ao autarca, realçando a componente de integração que o projeto acarreta, tanto ao nível dos beneficiados, como dos jovens que querem participar. “É um sinal de que esta nova geração está a tender mais para as questões sociais”, disse, acrescentando que houve jovens do concelho interessados em participar e que isso irá acontecer nas edições futuras.
Por ano, a associação conta com cerca de 300 voluntários, número que deverá aumentar para o ano porque estão a surgir cada vez mais projectos. Depois de saírem de Óbidos, os jovens voltaram para Lisboa, onde uma equipa de 200 voluntários irá trabalhar durante um ano inteiro.
Para assegurar o seu funcionamento, a associação Just a Change conta com vários parceiros, entre eles a Fundação Calouste Gulbenkian. Já foi distinguida com uma menção honrosa no Prémio Manuel António da Mota pelo seu trabalho de inovação social.