Evento em Madrid, que decorre até maio, revela apostas de marcas de referência na construção e decoração. E aponta caminhos para o que aí vem
Para quem trabalha nas áreas de decoração, lifestyle e design de interiores os pormenores são, quase sempre… pormaiores. E é preciso estar atento ao que está a germinar nas mentes mais brilhantes. O caldense Ricardo Marques regressou, há dias, de Madrid, onde assistiu à 57ª edição da Casa Decor, um evento de arte, design e arquitetura, destinado a profissionais do setor que permite às principais marcas de construção e decoração a nível internacional apresentar tendências e propostas arrojadas. O conceito é simples: um edifício devoluto é recuperado pelas marcas, que têm, assim, um palco privilegiado para divulgar os materiais e propostas, desenhados à medida por arquitetos e designers, que pretendem lançar nos mercados de referência.
O CEO da DL Ambientes, empresa fundada em 1978 nas Caldas da Rainha, gostou do que viu na capital espanhola, no que apelida de “evento fora da caixa” e que lhe permitiu tomar contacto com algumas das peças e materiais que farão parte das casas do futuro. E tirou várias notas do edifício alvo de transformação, que fica situado na Calle Goya e continua disponível ao público até ao próximo dia 22 de maio.
MAIS TECNOLOGIA
Algo que está a mudar desde há alguns anos é a presença da tecnologia nas habitações, com controlo pela voz ou com uma aplicação, tal como já sucede com os automóveis. Os primeiros tempos da domótica, que obrigavam a grandes investimentos dos proprietários, começam, assim, a fazer parte de um passado, ainda que relativamente recente.
“A tendência é tornar os sistemas operativos das casas cada vez mais fáceis de utilizar, através do comando pela voz ou pelo telemóvel, o que permite controlar a casa à distância”, refere o empresário, dando um exemplo: “Imagine-se um proprietário inglês que tenha uma casa na Foz do Arelho e pode abrir ou fechar os cortinados com um app a milhares de quilómetros de distância”.
Na Casa Decor, Ricardo Marques tomou contacto com produtos inovadores, como umas “portas de correr de roupeiro que abram e fecham só com movimento da mão”… Mas também observou uma maior ligação à terra, numa opção que é destinada, sobretudo, a quem vive em meios urbanos. “Nota-se uma tendências de as cozinhas serem cada vez mais dedicadas a ter espaços verdes, com um canteiro ou jardim dos aromáticos integrados no mobiliário”, frisa o empreendedor, que tirou ainda notas sobre novos revestimentos para as paredes, “muito à base de pastas em microcimento”, que permite fazer transições suaves das paredes para o chão”. No fundo, tratam-se de materiais que conseguem revestir uma divisão num único material, deixando de haver rodapés ou perfis. Mas também se está a intensificar o recurso à utilização de “pedras, mármores e materiais cada vez mais orgânicos e naturais”, até porque se nota a utilização de materiais cada vez mais resistentes nos exteriores e “mais próximos das peças do exterior”.
“O que se pretende é ter espaços exteriores com o mesmo ambiente dos espaços interiores, com um alinhamento das linhas e mais virado para o design dos interiores”, salienta o caldense, que gere uma empresa familiar fundada pela mãe, Idalina Marques, que, além das duas lojas de que dispõe na cidade das Caldas da Rainha, abriu já no decorrer este ano um novo espaço na Foz do Arelho.
No que diz respeito à iluminação, apresentam-se “muitas coisas a tocar na conexão e na autonomia”, com, claro está, “desenvolvimentos associados às novas tecnologias, cada vez mais inteligentes, de forma a facilitar o quotidiano dos proprietários”.
De Madrid, Ricardo Marques trouxe várias ideias, tendo bem presente que as tendências ditam opções com um “design mais minimalista e clean”, mas também se apercebeu da importância… das Caldas da Rainha, pois deparou-se com vários Gatos da Bordalo Pinheiro em diversas propostas apresentadas por designers internacionais.
e na região?
Ricardo Marques acredita que, em breve, será “de certo modo, natural” que o tipo de soluções que observou na Casa Decor sejam utilizadas em moradias e casas de luxo na região, uma vez que este é um mercado que está em crescendo e em que os clientes “são muito exigentes” e, além disso, têm “uma disponibilidade financeira” que lhes permite “apostar nestas novas tecnologias”.
Segundo aquele profissional, no Oeste “começam a surgir projetos de clientes estrangeiros de alguma dimensão, que fazem moradias de 1,5 a 2 milhões de euros”, sobretudo na encosta da Lagoa de Óbidos, pelo que este é um mercado que pode ser potenciado pelas empresas da região.
“Ainda não é muito habitual ver alguns destes mecanismos na região, mas gradualmente, se continuar a haver procura e investimento na nossa região, a procura vai aumentar e cabe-nos a nós, profissionais, dar resposta a essas solicitações”.