Associados do Montepio preocupados com situação financeira da instituição

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Francisco Rita apresentou prioridades da administração eleita no passado mês de maio para reestruturar a entidade

Ex-presidente Joaquim Sanches de Sousa revela preocupação com serviço da dívida da associação mutualista. Sócios aprovam contas de 2020, com prejuízo de meio milhão de euros

O Conselho de Administração do Montepio – Rainha D. Leonor recebeu autorização dos associados para utilizar o empréstimo de 1,25 milhões de euros contraído pela anterior administração, no âmbito da Linha Covid-19. A proposta foi aprovada, na passada sexta-feira, numa assembleia geral bastante concorrida e apenas com duas abstenções, mas os sócios manifestaram preocupação com a situação financeira da instituição.
Joaquim Sanches de Sousa foi uma das vozes mais interventivas na reunião magna, não escondendo alguma desilusão com o estado das contas da associação mutualista, que tem empréstimos a rondar os 3,7 milhões de euros.
“Entrei aqui preocupado e saio ainda mais preocupado, porque a administração não sabe o valor do serviço da dívida. Estou preocupado como se vai pagar isto tudo”, sublinhou o ex-presidente do Montepio, que ouviu Francisco Rita, que sucedeu a João Marques Pereira à frente da instituição no passado mês de maio, assegurar que este empréstimo, com “condições muito boas”, será utilizada para “reduzir substancialmente os custos financeiros” da entidade.

“O Montepio tem suportado custos integrais do Condomínio”

Francisco Rita

“Entrei aqui preocupado e saio ainda mais preocupado”

Joaquim Sanches de Sousa

“Esta verba vai permitir-nos liquidar empréstimos com piores condições e amortizar uma série de aquisições que têm um custo financeiro elevado”, salientou o dirigente, frisando que o aumento da produtividade e da eficiência é a prioridade da administração, por forma a aumentar receitas e equilibrar as contas.
Nesse sentido, a instituição pretende convocar “no mais curto espaço de tempo” uma assembleia de condóminos, por forma a começar a cobrar a quota de condomínio aos proprietários de apartamentos do Condomínio Residencial. “Até hoje, o Montepio tem suportado os custos integrais no Condomínio”, lamentou Francisco Rita, frisando que aquela valência “tem de apresentar resultados positivos sem vender apartamentos”.
Outros investimentos em curso passam pela aquisição de equipamentos que permitirão o funcionamento do parque de estacionamento durante as 24 horas do dia e a reativação do Serviço de Atendimento Permanente na Casa de Saúde. Por outro lado, os serviços administrativos da instituição serão transferidos para a vivenda adquirida no Avenal, junto ao antigo edifício da EDP, o que permitirá libertar espaço para novos serviços na Casa de Saúde. Sobre o futuro hospital, decorrem negociações, devendo o assunto ser levado a assembleia geral no mês de outubro.

Contas no vermelho
Em 2020, e com forte impacto da pandemia, o Montepio – Rainha D. Leonor apresentou um resultado negativo de meio milhão de euros. As contas foram aprovadas, tal como o orçamento e plano de ação para 2021, com abstenções de alguns sócios presentes. ■