Kaeru, assim se designa a exposição de João Carvalho, inaugurada a 2 de Fevereiro, na Galeria do Posto de Turismo. Com curadoria de Célia Bragança, docente da ESAD, esta é a primeira exposição individual de um autor que se divide entre Portugal e o Japão. Nesta mostra retrata, em gravura e desenho, os animais dos dois países, num interessante intercâmbio onde também não esquece as raízes artísticas caldenses.
João Carvalho é engenheiro químico, mas dedica-se há décadas ao desenho que, nas suas obras, alia a várias técnicas de gravura portuguesa e japonesa. Desde os anos 90 que viaja regularmente para o Japão a fim de retratar paisagens, rostos orientais, assim como a fauna e flora nipónicas.
A mostra, inaugurada nas Caldas, no Posto de Turismo, designa-se Kaeru e tem dois significados em japonês: “regressar” e “rã”.
João Carvalho apresenta os seus desenhos de animais dos dois países em telas às quais adicionou chitas de Alcobaça, bordados das Caldas e tecidos tradicionais japoneses.
Há uma secção de gravuras que o artista dedica a provérbios portugueses onde podem ser apreciadas representações de “uma pulga atrás da orelha”, “a galinha da vizinha é melhor do que a minha” ou de “um cão que não conhece o dono”.
Outra área é dedicada apenas aos peixes e, por isso, surgem, por exemplo, o sargo e o peixe-espada entre o peixe-balão e o peixe-voador.
“No Japão sou um estrangeiro e cá vêem o meu trabalho como o de um português ajaponado”, disse o autor à Gazeta das Caldas, explicando que este ano irá visitar duas vezes o país do Sol nascente onde se dedica ao seu trabalho artístico e realizando exposições.
O que mais gosta é de viajar pelas aldeias do Japão e ficar frequentemente em casa de pescadores, onde fica a conhecer em pormenor os peixes que retrata.
E a língua não é uma barreira? “Não, eu sei algumas palavras em japonês… o resto é por gestos e a verdade é que nos entendemos!”, revelou o autor, que sente que a sua ligação à Ásia passou de turista para artista.
João Carvalho trabalha com várias entidades, entre elas o Centro Cultural da Embaixada de Portugal em Tóquio. Foi um dos artistas que participou nas celebrações dos 150 anos do tratado de paz e amizade entre Portugal e o Japão, tendo participado com a exposição de pintura “Espaço Vazio” na B-Gallery, situada na capital japonesa.
Nos últimos dez anos passou a expor regularmente no Japão. Realizou mostras individuais em Tokyo, Atami, Usuki, Minamishimabara, Tokushima, Omura, Nishinoomote e Hirado. Esteve presente em exposições colectivas realizadas em Tokyo, Kyoto, Osaka e Omuta.
Para o artista, as Caldas da Rainha “é a cidade da minha família”. Isto porque os seus pais moram nesta localidade e é onde a sua família passa as ocasiões festivas.
Após a inauguração da exposição, os visitantes tomaram chá japonês, acompanhado por beijinhos caldenses, provando que até na pausa para café é possível estabelecer-se um intercâmbio cultural.
A não perder, Kaeru, de João Carvalho, pode ser apreciada até 24 de Fevereiro.