A maior obra de arte pública de Eduardo Nery fica na Estação da EPAL da Asseiceira

0
900
- publicidade -
notícias das Caldas
Eduardo Nery tem na Asseiceira, em Tomar, uma das suas maiores intervenções de arte pública no país

É com surpresa que se pode apreciar a obra de Eduardo Nery na Estação de Tratamento de Águas da EPAL na Asseiceira, em Tomar, unidade de tratamento que fornece água a Lisboa e também à Região Oeste. Ao todo, são 3650 metros quadrados de área de intervenção azulejar, cujas peças foram produzidas na fábrica caldense Molde Faianças.
O artista esteve no local a 18 de Abril para efectuar uma visita guiada, no âmbito da comemoração do Dia Internacional dos Monumentos e Sítios que este ano teve como tema “Água: Cultura e Património”.
Uma oportunidade para nos deixarmos surpreender com a grandiosidade desta obra de arte pública e também para conhecer como funciona aquela estação de tratamento que também reforça a rede de abastecimento no Oeste.

É de facto gigantesca a intervenção do artista plástico nos vários edifícios da Estação de Tratamento de Águas da Asseiceira (ver caixa). Ao todo “é uma intervenção superior a 3500 metros quadrados”, explicou o artista plástico, de 73 anos, logo no início da visita, ainda no hall de entrada do edifício principal desta Estação de Tratamento de Águas(ver caixa).

- publicidade -

É longa a colaboração artística com esta empresa pois já em 1987 este autor realizou uma primeira intervenção no átrio do edifício principal, uma obra cujos azulejos foram produzidos na Fábrica Aleluia, de Aveiro.
Este painel teve como tema o ciclo de água e é bastante inovador já que o artista criou novas formas de expressão, quer nos revestimentos cerâmicos, quer nalgumas soluções especiais para a época, como o facto de ter deixado um pouco de reboco à vista para salientar a presença da água.
Mas de facto a intervenção que Eduardo Nery efectuou entre 2009 e 2010 e que reveste vários e diferenciados edifícios, alguns interligados, impressiona pela dimensão – mais de 3650 m2 – e pelos efeitos visuais e luminosos que conseguiu obter.
Ao longo da visita guiada o artista explicou que a maior dificuldade “foi estruturar cromaticamente vários edifícios distintos, dando respostas diferentes às diversas situações espaciais”. E isto porque, se nalguns casos o autor revestiu totalmente os edifícios, noutros apenas o fez em muros ou faixas horizontais.
O autor usou azulejos planos em várias áreas com dois tipos de organização cromática: uma em sequências contínuas, baseadas no claro-escuro “o que me permitiu criar, entre outros efeitos, a ilusão de meios cilindros em volume”, revelando o uso dos tons azuis, verdes e cores quentes nas quais, “as faixas mais claras parecem convexas, enquanto que as mais escuras resultam côncavas e reentrantes”.
Outra em que as tonalidades chocam e dão lugar a contrastes e a sequências contínuas ou descontinuas, obtendo resultados visuais diferentes.
O destaque vai para o painel monocromático onde Eduardo Nery usou peças em relevo, em forma de cunha e escolheu um tom muito escuro de azul que reflecte a luz incidente. O painel “funciona como um espelho e reflecte a luz de forma diferente em função do ângulo em que as peças se encontram colocadas”. É um trabalho notável que mostra uma interessante evolução de um anterior trabalho, o painel dourado que hoje dá vida à fachada exterior do Museu de Olaria, em Barcelos, Mais uma vez nessa época este artista trabalhou com uma unidade industrial caldense para a produção das peças, também em relevo e em cunha, tendo na altura escolhido a Secla para a produção dessas peças.
Este artista, pintor e fotógrafo, há vários anos que trabalha em interligação com a arquitectura mas esta intervenção na Estação da Asseiceira “é a maior e mais complexa que já realizei e duvido que volte a ter a oportunidade de fazer algo tão grande”, disse Eduardo Nery que frisa sempre que este trabalho foi feito em parceria com a Fábrica caldense Molde, um trabalho gigantesco que envolveu a produção de milhares de azulejo e um trabalho apurado prévio na afinação de duas dezenas de cores.
O artista ainda salientou a preocupação que teve com a escala visual, ou seja, da proporção das superfícies de cor em relação à dimensão dos edifícios. “A visão de perto é uma e torna-se noutra quando os revestimentos cerâmicos são vistos de longe”, disse Nery.
De facto quem vê de perto a intervenção não tem a mesma sensação de quem observa a obra, mesmos que rapidamente a partir da auto-estrada que passa nas proximidades daquela unidade. Há pois “uma dupla leitura” nesta grande intervenção plástica e que dá uma nova imagem ao conjunto de construções industriais.

“Gostaria de fazer uma obra nas Caldas que marcasse o território”

Este artista tem uma forte ligação às Caldas da Rainha quer às unidades industriais – antes com a Secla e agora a Molde – quer aos centros de formação, mais especificamente ao Cencal.
“A última vez que estive nas Caldas participei na muito justa homenagem a Ferreira da Silva”, disse o autor.
Lembrou ainda que este não foi o primeiro trabalho feito com aquela unidade industrial. Quando a Molde criou uma série de azulejos em formatos menos vulgares eu associei-me porque busco sempre novas experiências e desafios. Na altura fizemos em conjunto um painel que “foi oferecido ao Museu de Cerâmica, após ter marcado presença numa Tektónica (Feira Internacional de Construção e Obras Públicas) em Lisboa”.
A ligação à cidade termal prosseguiu após ter sido convidado pelos arquitectos João e Fernanda Mestre, para colaborar num projecto para o Centro Cultural e de Congressos, que não viria a ser escolhido.
Esta proposta continha trabalhos em vitral e até o próprio pavimento no exterior era desenhado por este artista.
Eduardo Nery diz que gostaria de deixar uma marca nas Caldas, cidade com que se identifica pois considera que é sobretudo nestas localidades que deve deixar obras, mais do que outras “onde já trabalhei e, até então, não tinha qualquer ligação”.
A grande intervenção na Asseiceira foi alvo de destaque na revista norte-americana “Ceramics-Monthly” e o autor aguarda a publicação de um artigo sobre as suas obras na alemã Neue Keramik. Eduardo Nery está também representado em museus portugueses, norte-americanos e canadianos.
Para este autor, a arte pública “não tem o reconhecimento devido em Portugal”. Houve em tempos uma moda que “trouxe sobretudo esculturas às rotundas”, mas para este autor estas obras “são mais desejáveis colocar num jardim ou numa fachada”. O artista sublinhou que há excepções como os casos do Metropolitano de Lisboa, e das estações da CP e da Refer que chamaram artista para intervir em várias espaços, mas que foi uma atitude “pontual e sem continuidade no panorama nacional”, rematou.

“Se Nery é o pai, a Molde é a mãe”

Joaquim Beato, responsável pela fábrica Molde Faianças, considera que este foi um exigente trabalho a “que nos deu muito prazer ficarmos associados”.
Houve um longo trabalho prévio com o artista, pois Eduardo Nery “trouxe-nos mais de 400 desenhos técnicos que nós depois reproduzimos nas paredes e até fizemos a montagem na própria obra em termos de execução. Creio que é a maior obra de Eduardo Nery em Portugal”, disse o empresário que ainda hoje toma atenção ao comportamento de algumas das peças produzidas pela sua empresa para aquela grande intervenção.
As peças foram todas desenvolvidas na unidade industrial caldense. “O artista imaginou as paletas de cores e nós desenvolvemos cada uma” disse, contando que foi tudo numerado e organizado e é muito bom para nós ficar associado a uma intervenção daquelas.
A unidade industrial de Joaquim Beato trabalha com outros artistas como Ferreira da Silva e diz que gosta de desenvolver projectos com ambos apesar de terem “formas completamente diferentes de ser e de trabalhar”.
Artista e unidade fabril completaram a intervenção em ano e meio, entre 2009 e 2010 e a Molde Faianças, não só produziu os azulejos como também fez a montagem da obra. O responsável por aquela fábrica diz que foi preciosa a colaboração neste projecto dos funcionários da Molde, José Paulo Roque e Nelson Ribeiro.”E se Eduardo Nery é o pai do projecto, a Molde foi a mãe pois  fomos nós que concretizámos  toda a ideia do artista”.
A empresa caldense gostaria de desenvolver um trabalho deste género para a cidade das Caldas da Rainha pois a empresa, segundo o empresário, “tem um enorme orgulho” em estar associada “a trabalhos desta qualidade, dimensão e complexidade”.

 

É longa a colaboração artística com esta empresa pois já em 1987 este autor realizou uma primeira intervenção no átrio do edifício principal, uma obra cujos azulejos foram produzidos na Fábrica Aleluia, de Aveiro.
Este painel teve como tema o ciclo de água e é bastante inovador já que o artista criou novas formas de expressão, quer nos revestimentos cerâmicos, quer nalgumas soluções especiais para a época, como o facto de ter deixado um pouco de reboco à vista para salientar a presença da água.
Mas de facto a intervenção que Eduardo Nery efectuou entre 2009 e 2010 e que reveste vários e diferenciados edifícios, alguns interligados, impressiona pela dimensão – mais de 3650 m2 – e pelos efeitos visuais e luminosos que conseguiu obter.
Ao longo da visita guiada o artista explicou que a maior dificuldade “foi estruturar cromaticamente vários edifícios distintos, dando respostas diferentes às diversas situações espaciais”. E isto porque, se nalguns casos o autor revestiu totalmente os edifícios, noutros apenas o fez em muros ou faixas horizontais.
O autor usou azulejos planos em várias áreas com dois tipos de organização cromática: uma em sequências contínuas, baseadas no claro-escuro “o que me permitiu criar, entre outros efeitos, a ilusão de meios cilindros em volume”, revelando o uso dos tons azuis, verdes e cores quentes nas quais, “as faixas mais claras parecem convexas, enquanto que as mais escuras resultam côncavas e reentrantes”.
Outra em que as tonalidades chocam e dão lugar a contrastes e a sequências contínuas ou descontinuas, obtendo resultados visuais diferentes.
O destaque vai para o painel monocromático onde Eduardo Nery usou peças em relevo, em forma de cunha e escolheu um tom muito escuro de azul que reflecte a luz incidente. O painel “funciona como um espelho e reflecte a luz de forma diferente em função do ângulo em que as peças se encontram colocadas”. É um trabalho notável que mostra uma interessante evolução de um anterior trabalho, o painel dourado que hoje dá vida à fachada exterior do Museu de Olaria, em Barcelos, Mais uma vez nessa época este artista trabalhou com uma unidade industrial caldense para a produção das peças, também em relevo e em cunha, tendo na altura escolhido a Secla para a produção dessas peças.
Este artista, pintor e fotógrafo, há vários anos que trabalha em interligação com a arquitectura mas esta intervenção na Estação da Asseiceira “é a maior e mais complexa que já realizei e duvido que volte a ter a oportunidade de fazer algo tão grande”, disse Eduardo Nery que frisa sempre que este trabalho foi feito em parceria com a Fábrica caldense Molde, um trabalho gigantesco que envolveu a produção de milhares de azulejo e um trabalho apurado prévio na afinação de duas dezenas de cores.
O artista ainda salientou a preocupação que teve com a escala visual, ou seja, da proporção das superfícies de cor em relação à dimensão dos edifícios. “A visão de perto é uma e torna-se noutra quando os revestimentos cerâmicos são vistos de longe”, disse Nery.
De facto quem vê de perto a intervenção não tem a mesma sensação de quem observa a obra, mesmos que rapidamente a partir da auto-estrada que passa nas proximidades daquela unidade. Há pois “uma dupla leitura” nesta grande intervenção plástica e que dá uma nova imagem ao conjunto de construções industriais.

“Gostaria de fazer uma obra nas Caldas que marcasse o território”

Este artista tem uma forte ligação às Caldas da Rainha quer às unidades industriais – antes com a Secla e agora a Molde – quer aos centros de formação, mais especificamente ao Cencal.
“A última vez que estive nas Caldas participei na muito justa homenagem a Ferreira da Silva”, disse o autor.
Lembrou ainda que este não foi o primeiro trabalho feito com aquela unidade industrial. Quando a Molde criou uma série de azulejos em formatos menos vulgares eu associei-me porque busco sempre novas experiências e desafios. Na altura fizemos em conjunto um painel que “foi oferecido ao Museu de Cerâmica, após ter marcado presença numa Tektónica (Feira Internacional de Construção e Obras Públicas) em Lisboa”.
A ligação à cidade termal prosseguiu após ter sido convidado pelos arquitectos João e Fernanda Mestre, para colaborar num projecto para o Centro Cultural e de Congressos, que não viria a ser escolhido.
Esta proposta continha trabalhos em vitral e até o próprio pavimento no exterior era desenhado por este artista.
Eduardo Nery diz que gostaria de deixar uma marca nas Caldas, cidade com que se identifica pois considera que é sobretudo nestas localidades que deve deixar obras, mais do que outras “onde já trabalhei e, até então, não tinha qualquer ligação”.
A grande intervenção na Asseiceira foi alvo de destaque na revista norte-americana “Ceramics-Monthly” e o autor aguarda a publicação de um artigo sobre as suas obras na alemã Neue Keramik. Eduardo Nery está também representado em museus portugueses, norte-americanos e canadianos.
Para este autor, a arte pública “não tem o reconhecimento devido em Portugal”. Houve em tempos uma moda que “trouxe sobretudo esculturas às rotundas”, mas para este autor estas obras “são mais desejáveis colocar num jardim ou numa fachada”. O artista sublinhou que há excepções como os casos do Metropolitano de Lisboa, e das estações da CP e da Refer que chamaram artista para intervir em várias espaços, mas que foi uma atitude “pontual e sem continuidade no panorama nacional”, rematou.

“Se Nery é o pai, a Molde é a mãe”

Joaquim Beato, responsável pela fábrica Molde Faianças, considera que este foi um exigente trabalho a “que nos deu muito prazer ficarmos associados”.
Houve um longo trabalho prévio com o artista, pois Eduardo Nery “trouxe-nos mais de 400 desenhos técnicos que nós depois reproduzimos nas paredes e até fizemos a montagem na própria obra em termos de execução. Creio que é a maior obra de Eduardo Nery em Portugal”, disse o empresário que ainda hoje toma atenção ao comportamento de algumas das peças produzidas pela sua empresa para aquela grande intervenção.
As peças foram todas desenvolvidas na unidade industrial caldense. “O artista imaginou as paletas de cores e nós desenvolvemos cada uma” disse, contando que foi tudo numerado e organizado e é muito bom para nós ficar associado a uma intervenção daquelas.
A unidade industrial de Joaquim Beato trabalha com outros artistas como Ferreira da Silva e diz que gosta de desenvolver projectos com ambos apesar de terem “formas completamente diferentes de ser e de trabalhar”.
Artista e unidade fabril completaram a intervenção em ano e meio, entre 2009 e 2010 e a Molde Faianças, não só produziu os azulejos como também fez a montagem da obra. O responsável por aquela fábrica diz que foi preciosa a colaboração neste projecto dos funcionários da Molde, José Paulo Roque e Nelson Ribeiro.”E se Eduardo Nery é o pai do projecto, a Molde foi a mãe pois  fomos nós que concretizámos  toda a ideia do artista”.
A empresa caldense gostaria de desenvolver um trabalho deste género para a cidade das Caldas da Rainha pois a empresa, segundo o empresário, “tem um enorme orgulho” em estar associada “a trabalhos desta qualidade, dimensão e complexidade”.

 

- publicidade -