Academia Molde recebe artistas para criar e trabalhar na fábrica

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Jina Nebe, ladeada por funcionárias do laboratório da Molde, mostrando os azulejos que foram feitos na fábrica caldense. Têm identidade ligada a locais em Portugal

Unidade fabril recebe autores de várias áreas para desenvolver projetos artísticos e que, no futuro, poderão ser produzidos pela Molde

A artista plástica checa Jina Nebe vive entre Bruxelas e Tavira. É arquiteta, mas passou a dedicar-se “sobretudo às artes plásticas”, contou à Gazeta das Caldas a autora, que esteve recentemente nas Caldas da Rainha para realizar uma residência artística na Fábrica Molde.
“Queria desenvolver o trabalho sobre a cerâmica”, revelou a artista, que nos últimos anos tem feito trabalhos nos mais variados meios desde as artes plásticas, a pintura, a gravura e a fotografia.
“Foi através de um artigo da Gazeta que soube que existia uma Academia aqui na Molde”, disse a checa, que foi recebida de braços abertos pela unidade caldense, onde teve a oportunidade de trabalhar e criar peças nas quais alia o trabalho artístico às técnicas que se utilizam numa unidade de cerâmica industrial.
“Está tudo a correr muito bem, está a ser um experiência muito gratificante”, contou a arquiteta, que também faz parte de outros projetos artísticos que se realizam em Portugal, nomeadamente o Loulé Design Lab.
Nesta iniciativa, vários designers estão a desenvolver obras em tecido, em bordado e em madeira, recuperando e renovando as artes artesanais daquela zona do país. “Estou em fase de pesquisa mas, no futuro, poderei desenhar pequenas séries para a fábrica com desenhos da minha autoria”, contou Jina Nebe, que assina peças em cerâmica inspiradas em imagens aéreas de locais específicos de várias zonas do território português como os Açores ou a Serra do Caldeirão (Tavira).
A arquiteta, muito agradada por viver esta experiência de trabalhar numa fábrica, tem estado com vários funcionários da fábrica de várias áreas, desde o laboratório, passando pelos moldes e pela modelação e assim criar as peças a que se propôs. E foi com a ajuda de Orlando Vitorino, que é da área dos moldes, que esta autora criou uma jarra, cujas decorações são suas e foram feitas recorrendo a técnicas de linogravura.
A ideia de ter novos autores a criar novas peças para a fábrica é algo que agrada aos responsáveis da Molde.
Segundo Luís Ribeiro, a Academia da fábrica tem as portas abertas não só a artistas nacionais e estrangeiros, como Jina Nebe, mas também a jovens designers da ESAD que podem apresentar projetos e desenvolver as suas ideias nesta unidade industrial.
“Os autores poderão assistir às várias fases da execução da peça, desde a modelação até ao resultado final”, acrescentou o sócio-gerente da empresa.
No caso de o projeto chegar a ser produzido, a Molde pagará royalties aos autores que trabalharem a partir da Academia e que, desse modo, “façam projetos para a fábrica”, rematou Luís Ribeiro, um dos responsáveis por esta fábrica caldense, que foi fundada há 33 anos. ■

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