Victor Mota, o autor de “D’Águas”, a quarta peça da segunda colecção da Gazeta das Caldas, despede-se esta semana da rubrica que convidou os ceramistas a criar peças sobre as termas locais. O autor, que se encontra a celebrar 31 anos de trabalho, acha que a cerâmica vive um bom momento, não só a nível industrial como no que se refere aos ateliers de autores. No entanto, sobre a Molda, a iniciativa que visa valorizar a cerâmica local e nacional promovida pela Câmara e ESAD, manifesta algum pessimismo e diz que, pelo menos no seu caso, “os benefícios têm sido nulos”.
Nome: Victor Mota
Idade: 50 anos
Naturalidade: Peniche
GAZETA CALDAS: Quando começou a dedicar-se à cerâmica?
VICTOR MOTA: Em 1987 participei no Cencal, no curso de modelação decorativa e figura humana. Desde essa data, a cerâmica tem sido a minha vida.
GC: Quais os materiais cerâmicos com que prefere trabalhar?
VM: Como matéria-prima de eleição prefiro trabalhar com grés, porém também utilizo o barro vermelho com chamote e o barro branco.
GC: Que opinião tem da Molda? Que benefícios traz aos ceramistas?
VM: Ainda não consegui perceber os objectivos nem os destinatários. No meu caso, os benefícios têm sido nulos.
GC: Acha que actualmente há uma retoma da cerâmica na região?
VM: Sim, a nível industrial temos duas ou três fábricas a trabalharem bem, existindo também diversos ateliers no concelho que executam trabalhos de muita qualidade conseguindo levar as suas peças a todo o país e também para o estrangeiro.
GC: O futuro da cerâmica passa pela indústria, pelo trabalho artístico, ou pela conjugação de ambos?
VM: Penso que devem sempre existir as duas vertentes, assim como acho que se podem juntar em algumas situações.
GC: Com que parceiros é que os ceramistas da região podem contar?
VM: A Gazeta das Caldas tem sido um parceiro importante na divulgação do trabalho dos ceramistas e, na minha opinião, as unidades turísticas, as fábricas de cerâmica e as autarquias podem também exercer essa importante tarefa.
GC: Acredita que as Caldas tem condições para ser reconhecida como Cidade Criativa (Arts & Crafts) em 2020?
VM: Penso que sim, mas ainda há muito trabalho a ser desenvolvido, vamos ver… Para mim Caldas é (ainda) uma cidade de Cerâmica.
GC: Quais são os ceramistas que mais admira?
VM: De todos aqueles que tive o prazer de conhecer ao longo destes 31 anos de cerâmica destaco os mestres Herculano Elias, Ferreira da Silva, Armando Correia, João Reis e Armindo Reis. Pela diversidade dos trabalhos e diferentes personalidades são todos dignos da minha admiração.
GC: Se não fosse a cerâmica, a que outra arte poderia dedicar-se?
VM: Talvez me pudesse dedicar à escultura em pedra ou madeira.
GC: Que livro está a ler?
VM: Os últimos livros que tenho lido remetem para o desenvolver de um projecto no qual exploro o carácter de alguns ícones a nível mundial. Assim sendo, tenho lido algumas biografias de John Lennon, Che Guevara, Fernando Pessoa e José Saramago, entre outros.